Doces Filmes Infantis e Almofadas Macias

2290 Palavras
Encontrou Minhuk no sofá na manhã seguinte, o pequeno olhava para a janela de vidro com uma expressão triste. Ainda era muito cedo, o mais cedo que YoonGi já havia acordado em uma manhã de sábado.  — Por que já está acordado? — o Min estranhou ver o menino ali, esperava que o mesmo estivesse dormindo profundamente como qualquer criança estaria em uma manhã fria de sábado.  Minhyuk o encarou, e YoonGi pode notar que ele estava chorando. Coberto por um sentimento de compaixão, o Min se apressou em ir até o menino e o abraçar com força. Minhyuk apenas se agarrou no rapaz e chorou alto. Era um choro carregado de pavor, o pequeno Lee estava assustado, perdido e com saudades dos pais. Era horrível pensar que talvez ele nunca mais os visse. YoonGi não podia deixar ele sofrer assim, precisava alegrá-lo o mais rápido possível.  — Não chore, pequeno, vai ficar tudo bem. — o Min acariciou os cabelos negros do menino na busca de deixá-lo mais calmo, mas o menino parecia ainda mais mole e triste — E se nós tomarmos café da manhã em um lugar bem legal?  Foi a única coisa que YoonGi conseguiu pensar. Mas pareceu funcionar, Minhyuk se soltou dos braços do mais velho e o encarou com seus olhinhos triste, enquanto balançava a cabeça positivamente.  — Hoseok-hyung pode ir com a gente?   [...]   Chegava a ser impressionante a forma com que o pequeno Lee parecia mais alegre quando Hoseok aparecia. Mas como não estaria? Jung Hoseok era o tipo de pessoa que fazia qualquer um sorrir com seu sorriso contagiante. Como ele conseguia ser assim? O Min não entendia a felicidade espontânea do mesmo.  Algum defeito ele tinha que ter! — E então, que tal sairmos para procurar o pais do Minhyuk por alguns parques da cidade? — YoonGi sugeriu tentando chamar um pouco de atenção para si, já que Minhyuk e Hoseok estavam brincando de fazer rostos na comida e m*l olhavam para ele.  Talvez o Min estivesse se sentindo um pouco excluído.  — Ah, seria ótimo, os pais dele devem estar fazendo a mesma coisa agora, com sorte damos de cara com eles. — claro que Hoseok estaria animado, ele sempre estava animado.  Depois de pagar a conta, os três entraram no carro do Jung para visitarem alguns parques mais próximos. Não tinha como Minhyuk ter vindo de tão longe, tinha que ser um dos parques daquela redondeza.  Mas infelizmente não era.  Foram a mais de 12 parques naquela manhã e nenhum deles era familiar para o pequeno Lee, em nenhum dos bairros que foram, nenhuma das ruas que passaram, não estavam nem perto de encontrarem a casa onde o menino morava.  Mas tinha algo errado ali, era para o menino se lembrar de alguma coisa, nem que fosse um detalhe sequer. Então por que ele não se lembrava? Por que o menino não sabia informar nem a cor da casa em que morou? Algo de muito errado estava acontecendo, e isso o Min tinha certeza.  A manhã passou rápida, e logo a fome batia indicando que já era a hora do almoço. Os três pararam em um outro restaurante perto do último parque que haviam visitado, onde m*l sabiam em que bairro ficava. E depois de fazerem os pedidos, comerem e voltarem para casa, YoonGi viu que era hora de ter uma conversa com Hoseok sobre o que estava acontecendo com Minhyuk.  O menino estava distraído com a TV, ou seja, era a oportunidade certa. Hoseok estava na cozinha arrumando algumas coisas que YoonGi havia comprado para o jantar.  — Não precisa organizar o meu armário, posso fazer isso mais tarde. — só era preciso olhar para YoonGi para perceber que ele só havia dito aquilo para chamar a atenção do ruivo, que parecia muito distraído com as compras.  — Ah, desculpe, tenho o costume de sempre arrumar tudo ao chegar, não deveria ter me dado a liberdade de mexer na sua cozinha. — foi o primeiro sorriso amarelo que YoonGi viu Hoseok dar, e aquilo era engraçado.  O Min se acomodou em uma das cadeiras da mesa, indicando a cadeira da frente para que o Jung se sentasse, pelo olhar do menor, o ruivo sabia que ele precisava falar algo de importância.  — Acho que Minhyuk está mentindo. — foi direto ao ponto — Ele sabe onde mora, sabe o que aconteceu com os pais, mas evita nos contar como se estivesse com medo de que isso... — Fizesse você não querer ficar mais com ele. — Hoseok terminou a frase antes do Min — Também notei algo errado com Minhyuk, e também a forma como mudou de ontem pra hoje, ele está triste, mas ao mesmo tempo tenta passar a impressão de que está bem, como se quisesse ter a nossa afeição, para não ser abandonado.  — Você acha que ele fugiu de algum orfanato ou coisa assim?  — Não, acho que os pais dele estão mortos, e ele não quer ser levado para algum abrigo.  Fazia todo sentido. Hoseok tinha razão, a forma como o Lee se comportava não era normal, mudava o tempo todo e se perdia ao falar dos pais, tinha uma mágoa escondida em seus olhos, e uma grande falta de fé. Minhyuk não estava animado para encontrar os pais porque sabia que não os encontraria de qualquer forma.  Então era isso, ele queria ganhar afeto para ter onde ficar, não queria ser abandonado, não queria ser jogado fora. Minhyuk estava com medo de que ninguém o quisesse, ninguém o amasse. Mas ele deveria ter avós, tios ou qualquer parente mais próximo, não deveria ter ido atrás dessas pessoas?  — Você acha que ele tem algum parente na cidade? — o Min perguntou depois de notar que havia passado muito tempo pensando. — Um tio, talvez, há grandes chances.— Hoseok olhou por cima do balcão, onde podia ver a cabeça de Minhyuk se mexer no sofá — Mas por que ele não procurou algum desses parentes?  — Talvez não soubesse como.  — Ou a família não gostasse dele. — foi a primeira vez que YoonGi viu Hoseok sério, não havia nenhum sinal de sorriso no rosto do Jung, e por alguns segundos o Min poderia jurar que os olhos do ruivo estavam carregados de mágoa. Hoseok desviou seus olhos para a mesa e depois de volta para YoonGi, demorou alguns instantes para voltar a falar — Existem pessoas ruins nesse mundo, muitas pessoas ruins.  — Hoseok... — YoonGi queria lhe perguntar algo, mas acabou desistindo, o que estava prestes a perguntar poderia ser algo desconfortável demais para o Jung, deveria esperar até que fossem mais íntimos para perguntar qualquer coisa do tipo — O que acha de tornar esse fim de semana divertido para o Minhyuk?  Não era bom isso o que ele iria falar, mas era uma boa ideia.  — Seria bom, pelo menos, esqueceria a dor.  E o Min não conseguiu decifrar se Hoseok estava falando de Minhyuk ou de si mesmo.  Dispostos a melhorar o fim de semana do menino, os dois optaram por uma maratona de filmes, os mais bobos e infantis que conseguiram encontrar na Netflix. Era meio estranho um garoto querer assistir Mulan, Cinderela e a Branca de Neve, mas nenhum dos mais velhos quis discutir sobre isso.  Afinal, Hoseok também gostava da Branca de Neve, e YoonGi estava animado com a ideia de assistir Mulan.  O Jung saiu para comprar sorvete, salgadinhos e refrigerante, enquanto YoonGi e Minhyuk afastavam os móveis e colocavam um colchão na sala. Não demorou muito para Hoseok voltar e encontrar os dois ainda colocando várias almofadas e cobertores no colchão. E estavam prontos para passar a tarde inteirinha ali no meio daquele amontoado de panos fofos.  YoonGi deu play no filme na grande TV de plasma, enquanto os três se ajeitavam no colchão. Minhyuk deitou entre os mais velhos e recostou suas costas nas grandes almofadas, e Hoseok o cobriu com um grosso edredom, realmente estava muito frio.  Mas Minhyuk não passou mais do que cinco minutos quieto, logo já estava descoberto e cheio de salgadinho no peito, e com a boca toda lambuzada. E não demorou muito para os mais velhos começarem a comer e se sujarem da mesma maneira.  O pequeno Lee parecia estar feliz, estava bastante animado e ria com algumas cenas dos filmes, bem, a ideia estava dando resoltado, e o garoto parecia estar bem. Mas depois de um tempo, YoonGi acabou se desligando do filme, ele havia começado a pensar no que fazer a seguir.  Por quanto tempo poderia manter a felicidade de Minhyuk? Logo a segunda-feira chegaria e ele teria que levar o menino para a assistência social. E o mais  preocupante disso tudo, por que se importava tanto? Havia passado apenas poucas horas com o menino, não fazia sentido ter se apegado tão rápido, YoonGi não era assim, não tinha o costume de se afeiçoar tão rapidamente. O que tinha de tão especial no pequeno Lee? Viu quando o menino levantou para ir ao banheiro, e só foi nesse momento que notou o quanto Hoseok o encarava.  — Hyung, o que está pensando? — o ruivo lhe perguntou, e por alguns segundos o Min se sentiu constrangido com a resposta.  Era normal se sentir envergonhado em admitir se importar com alguém? — Eu só estou preocupado com Minhyuk... Só isso. — era tão estranho, era tão raro os momentos que admitia se importar, YoonGi nunca foi bom com sentimentos — Não quero que ele se sinta abandonado, mas eu também não posso ficar com ele.  Tinha que admitir para si mesmo, não importava o quanto tentasse fazer o menino ficar feliz, logo toda essa felicidade acabaria e seria substituída por um grande vazio. Incomodava demais, não queria que o Lee sofresse, ficar órfão era a pior coisa que poderia acontecer com alguém, ainda mais sendo tão pequeno e frágil quanto Minhyuk era.  — Ei! — Hoseok socou fraco em seu ombro — Vai ficar tudo bem, nós vamos dar um jeito nisso.  "Nós". Engraçado, fazia muito tempo que não ouvia alguém dizer "nós", o incluindo no pronome. Mas aquilo o confortou, mais do que seria normal confortar, Hoseok transmitia uma áurea de confiança que fazia YoonGi querer acreditar que tudo realmente ficaria bem.  — É, nós vamos dar um jeito. — YoonGi sussurrou mais para si mesmo do que para Hoseok, ele realmente queria acreditar naquilo.  Minhyuk voltou do banheiro e se ajeitou entre os dois. YoonGi acabou se permitindo correr seus dedos entre os fios negros do cabelo do pequeno Lee, o Min sorriu fraco, precisava proteger aquele pequeno menino, não podia deixar que nada acontecesse com ele. Agora só precisava descobrir como fazer isso.  E eles passaram a tarde inteira ali, assistindo filmes de Aladin à Pocahontas, os gostos do pequeno Lee eram bastante peculiares, o pequeno parecia ser fã das princesas da Disney, ou de qualquer filme que a sociedade intitulava como "de menina". E era até engraçado o jeito que Minhyuk ficava quando pedia para assistir outro filme de princesas.  Estranhamente, YoonGi sentia que aquele gosto peculiar fazia parte do motivo pelo qual o menino não procurou seus parentes.  Anoiteceu, mas estava tão quentinho e aconchegante ficar naquele colchão que nenhum dos três ousou sair dali, e ambos estavam com a barrigas muito cheias pela quantidade de besteiras que haviam comido. E o que era para ser apenas uma tarde de filmes, acabou se transformando em uma noitada também. Já estava tarde da noite quando YoonGi, ainda muito entretido com o filme, percebeu que Minhyuk havia dormido e Hoseok também. O Min ajeitou Minhyuk no colchão para que o pequeno ficasse mais confortável, o colocando mais para perto da beirada e o cobrindo com um edredom quente e macio. O pequeno Lee parecia um anjinho dormindo.  Depois de ajeitar o menino, o Min viu que era hora de acordar Hoseok para que ele fosse pra casa, seria muito estranho se os vizinhos o vissem saindo dali na manhã seguinte, ainda mais por terem visto os dois juntos de manhã. As pessoas daquele prédio falavam demais, e por mais que YoonGi não se importasse, Hoseok poderia se importar.  Porém sua mão parou no meio do caminho, antes que pudesse tocar no ombro do Jung para o acordar. Hoseok dormia tão calmo que YoonGi não conseguia acordá-lo. E por alguns segundos o Min admirou o rosto do rapaz, seu vizinho era mesmo um homem muito bonito, que parecia sorrir mesmo estando dormindo.  Hoseok era tão... Diferente! YoonGi não conhecia ninguém que fosse como ele, ninguém que fosse tão feliz e sorridente, que transmitisse tanta paz e segurança, por que ele era assim?  Cansado de tentar entender como funcionava a cabeça do Jung, YoonGi se deitou ao seu lado no colchão, cobriu-se e delicadamente cobriu Hoseok também, não queria que o mesmo acabasse acordando do nada e o visse ali tão perto. Seria constrangedor.  Mas mesmo assim, não se afastou, queria ficar perto dele, nem que fosse só para entender que estranho conforto era esse que emanava do Jung. E então, YoonGi adormeceu, mais rápido do que costumava adormecer. Hoseok era mesmo... Confortante.  [...]   Na manhã seguinte um barulho fez com que ambos acordassem ao mesmo tempo, ainda desnorteados e com os rostos amassados. A primeira visão que tiveram naquele dia foi a do rosto de Minhyuk os encarando de forma curiosa. YoonGi não entendeu muito bem o porque do menino os encarar daquela forma. Mas ao descer seus olhos para onde o pequeno olhava, o Min entendeu perfeitamente o motivo de Minhyuk os encarar curioso.  YoonGi havia entrelaçado seus dedos aos de Hoseok enquanto dormiam, e ambos estavam de mãos dadas. 
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