SEIS – PRESENTE

1681 Palavras
1 ANO DEPOIS O meu despertador toca e imediatamente eu abro os olhos e sento-me na cama. Se eu não fizer assim, provavelmente acabarei dormindo e me atrasando para o meu trabalho e não é isso que eu pretendo. Já faz um ano que eu trabalho como empregada para Gustav Pierce e o tempo passou como uma nuvem de fumaça sobre os meus olhos, devo confessar que o trabalho foi bem difícil no início e eu pensei em desistir mas me esforcei bastante e aprendi tudo com perfeição. Eu não sabia preparar nem o meu próprio café, que dirá limpar uma casa ou organizar uma mansão tão grande como essa sozinha como tenho que fazer alguns dias e agora sei fazer tudo o que é motivo de orgulho para mim mesma. Agradeço por acordar mais um dia com saúde e disposição e pulo da cama logo em seguida. Tomo um banho rápido, escovo os dentes e visto meu uniforme de empregada devidamente passado e limpo, arrumo os cabelos num coque bagunçado, calço os sapatos e saio fechando a porta do quarto na chave. Bom, nunca se sabe, viver no mundo do crime me ensinou a desconfiar de tudo e todos a todo minuto da minha vida. Vou direto para a cozinha e encontro Greta, a cozinheira, preparando o café da manhã. – De pé tão cedo? – Ela pergunta quando entro na cozinha indo direto para a bancada ao lado da dela para ajudar a aprontar o café. – Vim para te ajudar. – Você sabe que isso não faz parte do seu serviço, não tem que fazer isso. – Já perdi as contas de quantas vezes eu ouvi isso. – Tudo bem, não me importo em te ajudar e você sabe. – Você deveria é estar estudando para alguma coisa e não trabalhando aqui. Porque não faz um curso? – Greta é como uma mãe para mim e foi ela que me ensinou a maioria das coisas aqui, quando eu errava ela explicava novamente com calma e paciência até que eu aprendesse e executasse de maneira correta. Eu a considero como uma mãe para mim. – Bom, eu não tenho certeza sobre qual curso fazer e acho que não adianta de nada fazer um curso apenas para dizer que faz sem nem ao menos gostar daquela área. Além disso, estou juntando dinheiro para isso. – Sabia decisão. Enquanto a conversa rola, trabalhamos no café da manhã e logo estamos colocando a mesa para os patrões. O meu relacionamento com eles está como sempre, as vezes Gustav pergunta se estou bem ou preciso de alguma coisa mas é apenas isso, como patrão e empregado. Já com Bernard é mais aberto, mantemos uma amizade desde que ele me ajudou a fugir da Itália e ele sempre vai na cozinha atrapalhar meu trabalho ou comer algo e assim conversamos todos os dias, bom, na maioria do tempo ele fala e eu escuto. Depois de servir todo o café, eu finalmente posso ter direito ao meu próprio café da manhã junto com os outros empregados. Tudo que Gustav come nós também comemos, é uma regra dele de que tudo que for feito para a mesa principal deve ser preparado também para nós. Devo dizer que fiquei espantada quando soube disso pois lá em casa minha mãe jamais permitiu que os empregados comam o mesmo que nós. Nesse ano que estive aqui, aprendi muitas coisas sobre Gustav que os outros não sabem. Ele é um ótimo patrão, se importa com as pessoas e faz de tudo para ajudar se estiver ao alcance dele, ele não parece gostar de conflitos e está sempre trabalhando ou sozinho. Raramente o vejo com mulheres, principalmente aqui, o que é bem chocante se você olhar para ele. É um homem lindo, qualquer mulher se jogaria aos pés dele, mas ele não parece saber disso ou não se importa. Tão frio e distante. Tomo o meu café rápido lendo o jornal, como estou trabalhando aqui e raramente saio essa é a forma que eu achei de ficar informada sobre os assuntos do mundo. Quando eu recebi o meu primeiro salário, a primeira coisa que eu pensei em fazer foi comprar um smartphone mas descartei a ideia rapidamente ao perceber que assim a minha família ou até mesmo Felippe acabariam me encontrando e eu não quero nenhum problema para Gustav, ele foi a minha salvação aqui. Assim que acabo meu café, lavo a minha louça pessoal e me preparo para começar a limpar a casa. Hoje é dia de faxina no andar de cima, ou seja, o dia vai ser longo e puxado. Pego tudo que vou precisar para limpar e levo lá para cima no carrinho de limpeza, mas sou parada quando estou a caminho do quarto de Bernard. – Kelyne, bom dia. – Gustav me cumprimenta e pela sua vestimenta, vai sair para o escritório, mas especificamente para a boate dele. Eu nem sabia que ele tinha esse tipo de empreendimento e quando soube acabei perguntando, descobri que é um negócio limpo que ele faz por que gosta e nada tem a ver com a máfia. Fui lá duas ou três vezes e é um ambiente bem agradável e seguro, e o melhor, você não encontra nenhum conhecido e isso é ótimo para quando quer se divertir e fazer o que bem entender. – Bom dia, Gustav. – Eu o trato informalmente na maioria do tempo, algumas pessoas sabem que nos conhecemos a muito tempo e não acham estranho. Quando tem pessoas desconhecidas ou seus seguranças por perto, eu o trato como senhor ou até Capo, e ele sempre me olha estranho quando faço isso. – Por favor, preciso que limpe o quarto de hóspedes e… – Ele me olha de cima abaixo e eu arqueio uma sobrancelha em questionamento ao seu olhar. – Vá ao shopping e compre tudo, absolutamente tudo que uma garota rica precisa, pode se basear no seu tamanho. Acho que vocês duas usam o mesmo tamanho de roupa e sapato. Seu pedido é inusitado e até um pouco desafiador, pois desde que estou morando aqui que não pisei meus pés num shopping. Todas as roupas que eu tenho Bernard me deu no mesmo dia que chegamos, ele simplesmente chegou com muitas sacolas e disse “espero que seja o seu número” indo embora logo em seguida. Ele tem esses surtos de personalidade, uma hora ele é o Bernard que não leva nada a sério e alguns minutos depois ele já está sendo estranho e me dando coisas. Impossível de entender para mim. – Posso perguntar qual o sentido disso? – Mais tarde você entenderá, digamos que vou ter uma hóspede por alguns meses. – Isso é bem estranho, ele nunca trouxe mulheres para cá para passar tanto tempo assim, normalmente é apenas uma noite ou até algumas horas. – Tudo bem. Tem alguma marca específica? Há algo a mais que devo comprar? – Aprendi a ser detalhista com o emprego. – Compre tudo que você achar necessário uma mulher ter, não esqueça nada. Use esse cartão, não precisa ter pena e compre algo para você se estiver precisando. Deixe tudo no closet do quarto de hóspedes entre o meu quarto e o de Bernard, você tem até a noite para deixar tudo isso pronto. – Tudo bem, provavelmente a tarde tudo já estará pronto. – Ele me entrega um cartão black ilimitado e eu arregalo os olhos, ele não está de brincadeira mesmo. Faz muito tempo que eu não pego num desses, a sensação é estranha. – O que eu faria sem você? – Bom, iria ao shopping e… – Não fale, só de pensar estou com calafrios. – Eu sorrio, são muito raros os momentos que ele faz piada ou graceja sobre algo. – Até a noite. – Até. Ele some no corredor e deixa apenas o rastro do seu perfume e essa é a única prova de que ele passou por aqui. – Bom, parece que hoje eu tenho muito trabalho a fazer. Fighting. Começo a limpeza pela biblioteca, não acho que eles venham aqui com frequência pois ela está sempre limpa facilitando todo o meu trabalho. Não importa quanto tempo passe, eu ainda vou encontrá-la exatamente como deixei. Depois passo para os quartos e dou uma atenção especial para o quarto de hóspedes, coloco novas cortinas e um jogo de cama bonito para a nova hóspede e deixo o closet pronto para as coisas que vou comprar. O último quarto, como sempre, é o de Bernard que acorda tarde. Não importa quanto tempo eu demore nos outros quartos, ele ainda vai estar dormindo e eu sempre acabo acordando ele e o expulsando da cama todas as vezes. – Bernard, acorda. – Eu entro já pedindo para que ele acorde. – Levanta. Como sempre, o seu quarto está uma completa zona e ele está deitado de uma forma que ocupa a cama inteira dormindo o sono dos justos vestido apenas em uma cueca que deixa a sua b***a muito tentadora. Felizmente, agora ele dorme vestido pelo menos em boxes devido a um episódio que aconteceu conosco no meu primeiro mês de trabalho. Eu fiquei um dia sem arrumar o quarto dele pois o encontrei dormindo e quando ele levantou pediu que eu o acordasse sempre que precisasse fazer a limpeza, pois ele é bagunceiro mas não consegue fazer nada em meio a bagunça. No outro dia, fiz como ele pediu e entrei no quarto para acordá-lo e iniciar a limpeza quando ele saísse, com muito custo consegui acordá-lo mas acho que ele não estava tão acordado assim já que se levantou da cama pelado como veio ao mundo e foi para o banheiro como se eu não estivesse presenciando aquela cena. Não consegui dizer nada e ele só percebeu depois do banho que eu vi tudo, passou uma semana inteira me pedindo desculpas por isso enquanto eu corava sempre que lembrava. No fim, apenas pedi que usasse algo para dormir a partir daquele dia e ele o faz desde então.
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