Capítulo VIII
Darren Brascher
Desde que reneguei minha ordem e arranquei minhas asas, abandonei minha família e todos os costumes élficos. Dei as costas a meu irmão, meus sobrinhos e meus pais, assim como tudo o que eles representavam, agora seguia minha própria vida como um comum.
Os comuns em nada eram melhores que os elfos. Não estava abandonando minha cultura pela deles, só estava me afastando de tudo e seguindo minha própria vida.
Nessa minha curta jornada de quinze verões sobre as águas, vivendo entre os comuns, havia me adaptado a quase tudo, a comida r**m, ao caráter medíocre das pessoas e a pobreza miserável a que eram submetidos, no entanto as mulheres ainda era algo pelo qual nutria certa repulsa.
As mulheres comuns eram um tanto oferecidas, não podiam ver sangue Elfo e se jogavam como abutres sobre a carniça, sendo capazes de qualquer coisa para terem seus afetos. Desprovidas de orgulho, usavam seus machos como forma de sustento, como se não dispusessem de braços e pernas. Um atraso para a própria civilização que vivia em um regime arcaico, movido por escravos e vagabundos.
Observei a escrava encolhida diante de mim, foi a primeira vez que uma comum despertou meu desejo e não minha repulsa e isso muito me agradou. Cobri a boca dela com a minha, mas ela cerrou os lábios com força se recusando a ser beijada. Deslizei meu nariz por seu pescoço, ela exalava sua feminilidade em um aroma suave e desejoso.
- Não saia do quarto sem minha permissão – Ordenei em um sussurro, me afastando logo em seguida.
- Não manda em mim e não é o meu dono! – Ela anunciou com uma rebeldia admirável.
- Você é minha escrava, mas não sou seu dono? – tentei entender enquanto me livrava das calças. Ela voltou a me dar as costas como se repudiasse minha atitude. Ela só estava conseguindo me atiçar um pouco mais.
- Não sou escrava de ninguém, aquele bandido me sequestrou. Eu sou uma freira e vivo em um monastério, se tocar em mim pecará contra os céus.
- Não sigo suas crenças criança! – Entrei no lavatório e me banhei, com a ajuda da caneca que quase amputou meu nariz.
Saio do banho secando os cabelos enquanto ela permanece sentada no canto da cama evitando me olhar.
- A que monastério pertencia? – pergunto enquanto visto minhas roupas.
- ao monastério de Khoar – ela responde sem me olhar.
- As montanhas de Khoar
- Isso!
Pergunto como foi parar ali e ela me conta sua história, que não pareceu muito absurda. As terras de Folkland eram separadas das terras comuns pela floresta de Faunes, uma floresta repleta de encantamentos de p******o, feito pelos fadas. Como ela havia parado nas mãos de Mestiço foi a parte que mais me despertou interesse, pois se ela estava nas mãos dos fadas, isso significava que de alguma forma Mestiço mantinha negócios direto com nossos parceiros avarentos.
- Veja bem menina, estou indo para Lapur nos próximos três dias, lá teria facilidade de encontrar um de seus templos – Falei e ela me olhou cheia de entusiasmo, mas logo se arrependeu, corando ao me ver nu.
- Muito obrigada pela compreensão – Ela agradeceu em um tom cordial.
- Não me agradeça, não me agrada a ideia de ter escravos, mas não sei se vou querer me desfazer de você.
- O que? – ela me fita surpresa. Para seu alívio, eu já estava vestido nas calças limpas.
- Você me agradou! – Explico. Ela parecia ainda não ter entendido.
- E qual a relevância disso? Já lhe falei que não sou escrava! – ela fala como se eu fosse s***o.
- Você me foi dada no lugar de uma dívida bem alta. Se eu decidisse vende-la, não conseguiria nem um terço do valor que paguei, então sim, você é minha escrava – esclareço as coisas enquanto termino de me vestir.
- Eu fui sequestrada, o senhor foi enganado.
- Então quer que eu a devolva a seu antigo dono e reivindique meus direitos?
- Eu não tenho dono! – os pequenos punhos dela estão cerrados em tom de ameaça – o senhor não tem nenhum caráter!
- Tenho caráter e digo que você me pertence – garanto a puxando pelo braço, quero vê-la irritada pois estou curioso com o que ela pretende fazer.
A garota é mais esperta do que pensei, sabe que pode até tentar me enfrentar, mas não vai conseguir passar pelos homens espalhados pelo navio. Seus olhos destilam fúria e indignação. Ela não diz nada, mas sei pela forma como me olha que quer me m***r. A puxo pela cintura, colando seu corpo ao meu, ela me empurra tentando se soltar e investe com o joelho contra minhas partes, a viro de costas, lhe prendendo as duas mãos.
- Me solta! – Ela exige furiosa. Eu não respondo, apenas permaneço com meu rosto colado ao dela esperando que pare de espernear e entenda que não pode me enfrentar.
Insatisfeita ela se debate mais um pouco, depois fica quieta, com os s***s agitando a bata em lufadas ofegantes. Estou tão fascinado que esqueço da fome que sentia.
- Como se chamava – Sussurro no ouvido dela e sinto seu corpo reagir atordoado.
- Eu me chamo Irmã Loren! – Ela fala com firmeza.
- A partir de hoje vai se chamar Anna, pois eu te recebo como um presente – Ela permaneceu imóvel como se digerisse a informação – Não lute mais contra mim pois vou tomá-la por companheira.