Capítulo V

817 Palavras
Capítulo V As criaturas de estaturas medianas, possuíam corpos galgazes e escanzelados, que exibiam colorações de pele extravagantes, como se estivessem tingidas com algum tipo de tintura extraordinária, ou nascidos com aquela pele incomum. Apesar de suas aparências frágeis e esquisitas, eles se vestiam com trajes seletos coloridos, como povos civilizados. - o que diabos são essas coisas? – Andressa perguntou controlando o tom de voz, certamente com receio de receber uma flechada. As criaturas se agitaram em um burburinho desordenado, fazendo sinais com os arcos, como se nos ordenassem a recuar. Infelizmente recuar não era uma opção. Ergui as mãos e tentei falar com eles. - Alguém fala a língua comum? – perguntei em um tom amigável. A relva se estendia atrás das inúmeras criaturas, em um tapete verde cheio e sadio, com arvores de tamanhos discordantes, que se misturavam em diversos tons de cores vivas, tendo o violeta como a cor predominante. - E agora? – Andressa perguntou recuando o cavalo a contragosto. Por mais que me esforçasse para pensar no que fazer, nenhuma ideia me vinha a mente e nossa relutância em retornar para a floresta estava sendo absolvida como uma afronta pelas criatura impacientes. Mariposas gigantes, tão grandes que cheguei a arregalar os olhos confusa, me perguntando se estava sob efeito de algum cogumelo venenoso, se aproximaram, com suas asas finas e coloridas, tão lindas que até esqueci das flechas e situação de perigo em que nos encontrávamos. Fui tomada pelo fascínio daquele lugar, que transpirava magia por toda a parte. Desejei arduamente me perder por aquelas terras e conhecer seus segredos. Talvez as arvores falassem, talvez as sereias habitassem suas águas encantadas, talvez a essência da vida se escondesse ali. As fascinantes mariposas se aproximaram com sua leveza gloriosa, nos banhando com um ** brilhante e fino, que se desprendiam de suas asas rodopiando como pólen na primavera. Vi que sobre o dorso troncudo das mariposas, havia minúsculas criaturas coloridas que me olhavam como pequenos soldadinhos protegendo seu reino. Tudo era tão lindo! Foi a última coisa que pensei antes de despencar sobre o cavalo, que também tombou no chão logo em seguida. Fui desperta com um balde de água gelada, amarrada a um tronco no meio de uma praça ou talvez uma feira. O frio imediatamente adormeceu todo o meu corpo. O que eu estava fazendo ali? Eu havia sido descoberta? Seria queimada em praça pública como bruxa? Minha situação não poderia ser pior, noentando eu estava inacreditavelmente calma, como se a vida inteira já soubesse que uma hora ou outra, esse dia chegaria. Não existia mais terras magicas ou criaturas encantadas, estava cercadas por pessoas comuns que discutiam enraivecidos. - Não quero saber, eu já paguei – Um homem grande e careca, de pele surrada pelo sol empurrou outro magricelo de cabelos castanhos escuros e sebosos. Olhei para o lado com dificuldade, em busca de Andressa e as outras garotas. Uma velha ergueu a minha cabeça com uma mão e abriu a minha boca com a outra, seus dedos eram murchos e fediam a esterco. - Ela tem todos os dentes! – a velha pareceu satisfeita. A princípio pensei que ela pretendia arrancar meus dentes antes de me queimarem, mas não, eu estava sendo vendida como uma indigente. - Tire as mãos dela, velha arengueira! – Um sujeito que fedia a peixe tirou um punhal preso as calças sujas. - Eu não disse que podia levá-la! – O magricela que discutia com o careca pulou em nossa direção, mas quase perdeu a cabeça com um facão empunhado por outro sujeito grande e m*l encarado, que vestia calças que talvez um dia houvessem sido brancas. - A garota vai como parte do pagamento! – o grandão anunciou em um tom de voz frio e inegociável. O careca colocou a mão sobre o punho da faca insatisfeito, mas acabou por desistir, proferindo xingamentos desprezíveis. - Tem três dias para terminar de quitar sua dívida ou vai perder a cabeça – o sujeito do facão fez um sinal com a cabeça e o cara que fedia a peixe cortou as cordas que me prendiam. Fui arrancada do chão com um puxão, que me obrigou a fazer com que minhas pernas funcionassem. Tropeçando desajeitada cai tentando me equilibrar, mas logo fui puxada pelas cordas que ainda prendiam minhas mãos. As pessoas em volta, circulavam como se fosse normal alguém ser arrastado pelas ruas daquela maneira. Olhei para todos os lados em busca das garotas, não havia ninguém que eu conhecesse. Provavelmente estava em uma cidade de comuns, sendo carregada como escrava de algum bandido sanguinário. Pensei nas garotas e senti um forte aperto no peito. Por mais que minha situação não fosse das melhores, eu dispunha de poderes que usados na hora certa, me ajudariam a escapar, mas e elas? Pensei na pequena Clara, na inocente Diana, em Helen e até mesmo em Andressa. 
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