Aquela manhã parecia mais silenciosa do que o normal. Talvez fosse o peso da culpa, da dúvida, ou das escolhas que eu ainda não tinha coragem de desfazer. Quando o José Vicente estacionou a moto em frente à escola, o primeiro rosto que vimos foi o do Herus. Ele estava todo exibido, apoiado na Hilux que meu pai tinha dado pra ele. Aquela mesma Hilux que eu via o meu pai dirigindo com orgulho... agora era do Herus. E além do carro, ele também tinha ganhado a posição de sub do meu pai. Era estranho. Engraçado como uma notícia que parecia tão grande pra todos — quase como uma consagração — pra mim só dava um frio na barriga. Nunca me orgulhei de ser filha do dono do morro. Nunca achei isso bonito. E agora, saber que o Herus tava entrando nesse mesmo caminho me deixava assustada. Tentei não o

