Capítulo 12. Primeiro dia de Eleonora

570 Palavras
O dia seguinte começou caótico para Eleonora. O despertador tocou três vezes, ela ignorou. O uniforme simples e sem glamour demorou mais do que deveria para ser vestido. Ela ainda tentou passar rímel, mas a luz fria do banheiro a irritou. Resultado: estava atrasada para a primeira aula. Com o coração acelerado, correu pelos corredores, salto baixo batendo no piso, o cheiro leve de perfume francês preenchendo cada passo. Os alunos se viravam para olhar alguns admirados, outros divertidos. Quando virou a esquina com pressa, colidiu diretamente com alguém que estava saindo de uma porta de vidro marcada como “LABORATÓRIO T-04”. O impacto quase fez os livros dela caírem. — Olha por onde anda! — ela soltou instintivamente, ajeitando o cabelo. Mas quando levantou o olhar… Parou. Adrian. Ainda mais alto do que ela lembrava. Camiseta preta do laboratório, crachá pendurado, cheiro de metal, fios e café. E aquele olhar sério, sempre analisando tudo. Por um segundo, Eleonora ficou sem reação. — Eleonora. — ele disse, surpreendentemente calmo. Ela pigarreou, tentando recuperar a compostura. — Adrian… — respondeu, educada, até simpática. — Perdão. Estou atrasada para a primeira aula e— Ele ergueu a sobrancelha. — Eu imagino. Você está correndo como se fosse uma emergência. Ela deu um sorrisinho tenso. — Sim, acontece. Primeiros dias. Adrian cruzou os braços. — Primeiros dias não são desculpa para atraso. Aqui você precisa se ajustar, Eleonora. O sorriso dela se desfez imediatamente. Aquela frase. Aquele tom. Arrogante. O mesmo Adrian de sempre só que mais confiante, mais mandão, mais… irritante, e mais bonito também. — Desculpa? — ela estreitou os olhos. — Você virou monitor da pontualidade agora? Ele respirou fundo, como quem fala com uma criança mimada, que é exatamente o que ela era. — Não. Mas aqui não é Paris. Ninguém vai esperar você se maquiar por duas horas antes das aulas. Eleonora arregalou os olhos, ofendida. — Primeiro: eu não me maquio por duas horas. Segundo: você não sabe nada da minha rotina, então por favor não finja que sabe. Adrian arqueou um canto da boca. — Eu sei que você está atrasada. E sei que vai tomar advertência se continuar assim. — E eu sei que você continua metido e mandão como sempre foi. — ela rebateu, dando um passo à frente. Os dois ficaram próximos demais. Eleonora parecia uma chama prestes a incendiar. Adrian, um bloco de gelo provocante. — Você deveria levar isso aqui a sério, Eleonora. — ele disse mais baixo. — Se não fizer isso por você, faça pelos seus pais. Eles te mandaram pra cá por um motivo. Ela soltou um riso debochado. — Ah, por favor. Não venha bancar o conselheiro. Você não sabe nada sobre mim, não mais. — Sei o suficiente. — Adrian respondeu. — Mesmo? — ela cruzou os braços. — Então me diga: o que você acha que sabe? Ele deu um meio sorriso, irritante. — Que você vai ter problemas se continuar achando que o mundo gira ao seu redor. Ela abriu a boca, indignada. — Você é ridículo! — E você é previsível. — ele completou. Eleonora estreitou os olhos, virou nos calcanhares e saiu pisando forte, sem olhar para trás. Mas Adrian observou ela ir embora, com um meio sorriso no canto dos lábios. — Bem-vinda ao internato, Eleonora.— Murmurou para si mesmo. Mal sabia ele: isso era só o começo
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