3. Perda de Luiza

1917 Palavras
Ao me deslocar até o hospital recebi uma mensagem da Lívia minha namorada, na mensagem ela diz que está passando m*l, era só o que me faltava, já não basta a saúde da Luiza em declínio, como estou próximo à casa dela decidi passar por lá e levá-la comigo ao hospital, assim tenho notícias da Luíza e a Lívia recebe atendimento. Ao chegar ela me atendeu, tinha o rosto todo vermelho e parecia com febre. — Está tendo febre. — perguntei lhe dando um selinho, entrei para sua casa e ela veio atrás. — Acho que sim, não me sinto nada bem. — Ontem você estava tão bem, comeu algo que te fez m*l? - me sentei no sofá. — Não que eu me lembre, tô me sentindo solitária. - se sentou ao meu lado colocando a cabeça em meu colo. — Vai se vestir, te levarei ao hospital. — Não precisa disso, só sua presença já me faz melhorar. - ela fechou os olhos enquanto eu acariciava sua cabeça. — Lívia, vamos, vou aproveitar que já tenho que ir para ter notícias da Luiza. - Ela abriu os olhos e repentinamente se levantou. — Luiza, Luiza, agora o mundo gira em torno dela? - Eu havia me esquecido do ciúme que a Lívia nutre pela minha amizade com a Luiza, ela diz que não é certo eu ser mais amigo da Luiza do que do Rick que conheço a mais tempo, mas ela não sabe o que sei da vida deles. Mas agora não estou com paciência para a ciumeira dela. — Não começa Lívia, a situação dela é delicada e você sabe muito bem disso, para com seus ataques. — Para você de sempre querer ajudar ela, tudo que coloca o nome dela você está pronto para topar, nunca faz isso por mim, mais para Luiza faz de tudo e muito mais. Vai saber se são só amigos mesmo. — Lívia ficou descontente como sempre, ela se sentou de braços cruzados, ela me deixa irritado com suas insinuações. — Já chega, você tá passando dos limites, se quiser ir ao hospital, chame um táxi, tome aí o dinheiro. — Eu não preciso disso, tá bom, e você sabe que se sair dessa porta afora não precisa mais voltar, estou cansada de ficar de escanteio pela Luísa, quer saber, seria melhor se ela se fosse logo. — fechei os olhos e me segurei para não fazer nada que eu me arrependesse depois, tentei sair mais ela se pôs em minha frente. – Desculpa, você sabe que sou ciumenta. — Sempre isso, ela dá seus ataques e depois se desculpa. — Me deixa Lívia, você já está bem madura para saber que não se fala essas coisas, ser ciumenta é uma coisa, desejar o m*l para uma pessoa, que está entubada, é nojento. — Eu não faço mais. — Nem parece que está doente ou com dor. — Eu já falei, estou sentindo sua falta, a quanto tempo não ficamos juntos em. — ela falou alisando o meu rosto descendo suas mãos ao meu abdômen, até eu segurar suas mãos. — Não tenho tempo para isso hoje. Minha cabeça está acumulada. — Você nunca tem tempo para mim. — Lívia, vai começar de novo? — Não, amor, não vou. Você vai trabalhar hoje? — Não sei, acho que não. — Então vou para sua casa, ou você vem aqui? — Lívia, você não ouviu? Não tô com clima para namorar não. — Desde quando precisa de clima para isso? — Não vou discutir, pode até dormir lá em casa, mas saiba que minha atenção está toda naquele hospital. — ela fechou a cara e se sentou. — To indo, tchau. — Me dá beijo. — me aproximei e lhe dei um beijo, sai dali sem pensar muito, eu e a Lívia temos 3 anos juntos entre idas e voltas, diria que temos mais tempo separados do que juntos, não é uma relação fácil, ela é muito ciumenta e quer tudo no seu tempo, eu também não sou uma pessoa fácil de lidar e sempre deixei claro que não quero me casar, muitas das vezes coloco as pessoas e o trabalho em primeiro plano na minha vida e acabo me lascando por conta disso. Uma das coisas que me fazem repensar nesse relacionamento é as atitudes da Lívia contra a Luiza, não vou negar, já fui apaixonado pela Luiza, ela tem um jeito doce de lidar com a vida, é amável, e tem um coração gigante, tanto que criou a Jéssy como filha desde pequena, eu percebi que tudo que eu sentia por ela era admiração, eu a admiro muito por isso gosto tanto dela, ao longo do tempo percebi ser amizade, mas se ela me desse uma chance não pensaria duas vezes, gosto tanto dela que a prometi que cuidaria da Jéssy na sua falta, mas espero que ela resista, será triste a vida sem minha amiga e não sei o que farei se tiver que tratar de Jéssy. Logo cheguei no hospital, procurei os médicos para ter notícias, eles disseram que ela passará por algumas avaliações e só depois eles poderiam dizer algo mais concreto, fui até o restaurante que havia ali dentro e vi de longe a Jéssy, ela se servia de um prato, estava tão pensativa que não notou a minha presença quando me sentei a sua frente, ela estava com a cabeça baixa. — Jéssy, está tudo bem? — digo buscando seus olhos. — Oi Mike, não havia te visto. — disse não me olhando nos olhos, ela tem essa mania de não me encarar, esse é um dos detalhes que já notei nela. — Está tudo bem, precisa de algo? — Está tudo indo e com você. — sorriu tímida, a tristeza estava estampada em seu semblante. — É na mesma, não tem como estar bem. — respirei fundo e comemos em silêncio, eu preciso me adaptar ao jeito dela, já que não estou vendo outra saída. – Você dormiu bem? O Rick não te importunou? — ela me olhou surpresa. — Não, por que ele faria? Ele falou algo que eu fiz? — perguntou assustada, ou ela é mesmo ingênua, ou não quer perceber o jeito que o Rick a olha. — Não, só estava preocupado dele ter bebido demais e ter enchido a sua paciência. — digo dando de ombros tentando justificar, bebi minha bebida com sede, falei algo que acontecia muito, a própria Luísa comentou comigo sobre as atitudes do Rick, ele bebe demais e muitas das vezes pelo desejo que sente diz que mandará a Jéssy para o Brasil. Eu, que nunca abri minha boca para falar com ela o que já ouvi dele, nunca tive coragem de expor isso para Luísa. — Me assustou. — disse se limpando com o guardanapo. — Já vou indo. — Até mais, vou terminar de almoçar e vou tentar falar com o médico, você já vai embora? — Não, não saio daqui enquanto não me falarem a verdade, eu sei que os médicos estão me escondendo algo. — engoli com dificuldade, afinal eu mesmo pedi para os médicos que não fosse repassada nenhuma informação drástica a ela, a garota não suportaria ouvir algo drástico como a situação que a Luiza se encontra. — Deixa isso comigo, Jéssy, não fique pensando demais nisso só te levará a exaustão. — Ela tá m*l não está? Eu tenho certeza disso, eles não falam nada, já era para ter alguma resposta. — Se acalme, vai ficar tudo bem. — Jéssy abaixou o olhar. — Ok, eu já entendi. — Saiu cabisbaixa, me corta o coração ver essa menina solta no mundo sem a pessoa que sempre cuidou dela, mas não posso falar nada, será só mais sofrimento. Quando terminei o almoço fui até o médico que está cuidando do caso da Luiza, e infelizmente as notícias são piores do que eu imaginava. — O que está me dizendo doutor? — questionei já que o médico rodopiava com as palavras não deixando nada claro. — Infelizmente não temos mais nada a fazer no caso da paciente, ela se encontra em coma e não há sinais vitais. — ele diz me deixando perplexo. — Você está me dizendo que ela só está viva devido às máquinas? — perguntei incrédulo. — Sim, sem as máquinas ela não tem sinais vitais. — meu mundo estava desmoronando ali com as palavras do homem à minha frente, sentei na cadeira sentindo o choque de saber que a Luiza está praticamente morta, isso não pode estar acontecendo. — Senhor Mike, precisamos saber se vocês a manterão nas máquinas. — Eu o olhei e engoli com dificuldade, nunca precisei fazer esse tipo de coisa, quem sou eu para mandar desligar as máquinas sabendo que no outro dia teremos que enterrá-la. — Não, não desligue, preciso falar com a sobrinha e o marido dela. — Ok, saiba que fizemos tudo que estava ao nosso alcance, infelizmente o caso dela já era irreversível. — Eu sei, mas não esperava que isso fosse acontecer assim tão rápido, sem ter a chance dela ao menos acordar para se despedir. — A maioria das vezes são assim rapaz, infelizmente. — Posso vê-la? — Pergunto ainda incrédulo, eu não queria acreditar. — Sim pode. — O médico me encaminhou para a UTI, foi aí que senti meu coração doer em vê-la tão pálida, seus olhos azuis já não se abriam, sua pele está pálida e seus lábios sem cor, só de pensar em tudo que já passamos, tudo que já conversamos, ela era uma amiga leal. — Eu vou cumprir o nosso acordo, Luiza, ainda não sei como fazer mais eu vou. — abracei ela, deixando as lágrimas escorreram, ela não estava mais ali, eu não a sentia e isso me doía ainda mais. Ao sair daquele lugar, procurei passar no banheiro e lavar o rosto, não queria demonstrar o meu abatimento, quando fui procurar a Jéssy na pequena sala de espera ela não estava, sai porta afora e a vi sentada no gramado perto das flores, me lembrei de como a Luiza também adorava o cheiro das flores. Sentei ao seu lado e ela parecia perceber o meu abatimento, ela não falou nada, só me olhou e as lágrimas desceram em seu rosto, eu a abracei e queria demonstrar que ela não estava sozinha, ela soluçava de chorar. — Vai ficar tudo bem. — digo tentando tranquilizá-la. — Ela se foi, eu sei que ela se foi. — Ouvi ela e me surpreendi, não esperava que ela dissesse aquilo. Ela saiu do meu abraço e olhou em meus olhos, os seus estavam marejados de lágrimas. — Me diz que estou errada. — fechei os olhos sentindo o pesar e me neguei com a cabeça. — Ela se foi, Jéssy. — ela levantou e saiu correndo, pensei em ir atrás, mas ela precisa de um tempo sozinha, por onde ela foi sei que não tem saída. – Por que Luiza? Por quê? — falei em voz alta desabafando, respirei fundo e me deitei na grama sentindo o baque, queria sumir, queria acordar desse pesadelo, mas não posso fraquejar, me sinto num buraco sem fundo, me vejo sem chão, tudo que eu quero é cumprir seus pedidos a mim, e eu não posso desapontá-la, agora preciso tirar a Jéssy de perto do Rick antes que ele faça uma besteira, só espero que isso não seja tão doloroso como tenho imaginado.
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