Capítulo 2

1143 Palavras
Manuelly Novais Entrei na cozinha e sorri ao sentir o cheiro de café fresquinho. A visão do Hugo vestindo apenas calça moletom enquanto preparava um misto quente me fez sorrir ainda mais. — Bom dia, meu amor! — O abracei por trás beijando suas costas, infelizmente ele era bem mais alto que eu. — Bom dia, amor! — Hugo virou se abaixando um pouco para me beijar rapidamente antes de voltar ao que fazia. Enquanto ele fazia nosso café da manhã eu resolvi secar a louça que foi lavada no dia anterior. Nós íamos sair e eu sempre gostei de deixar as coisas em ordem no apartamento. — Prontinho — Hugo disse e eu lavei as mãos indo me sentar na banqueta do balcão junto com ele. — Muito bom. — Sorri mastigando e ele passou a língua nos lábios. — O misto é bom, mas não chega nem perto de ser saboroso como você. — Meu noivo piscou e eu dei risada bebendo um gole do meu suco de uva. — Desculpa amor, mas suas cantadas não são boas — eu disse e ele riu concordando. Terminamos o café da manhã e Hugo me ajudou a organizar algumas coisas que estavam fora do lugar. — Pelo amor de Deus, amor! Eu já te ensinei inúmeras vezes a dobrar um edredom de forma decente, mas você é uma negação nisso. — Revirei os olhos e ele deu de ombros se jogando na cama recém arrumada. — Sai daí agora, Hugo, eu acabei de esticar o lençol — murmurei e ele me puxou pela cintura fazendo com que eu caísse em cima dele na cama. — Para! — Tentei me soltar e ele gargalhou segurando meus braços. — Você não quer que eu pare, meu amor — sussurrou com seu rosto bem próximo ao meu. — Quero sim. — Beijei os lábios dele rapidamente e me levantei o puxando em comigo. Assim que terminamos a pequena organização no apartamento fomos nos arrumar para sair. ... — Amor, não esquece de ativar o alarme. — Eu o lembrei pegando minha bolsa no sofá. Saímos do apartamento e Hugo digitou a senha no painel de segurança ativando o alarme do apartamento. — Você não precisa vir comigo — eu disse apertando o botão do elevador. — Eu sei, mas eu queria passar a manhã com você. Depois do almoço vou para o escritório. — Hugo beijou meu rosto e eu dei um sorriso para ele. Fomos até uma escola privada. Um dos meus professores mais queridos havia me indicado para a diretora e ela me ligou uma semana após a formatura para fazer uma entrevista. O emprego era pra ser professora de reforço, mas ainda assim não deixava de ser um bom trabalho. Eu já havia feito estágio em algumas escolas antes, mas havia sido dispensada após o término. Agora estava procurando um trabalho fixo. — Tenho certeza de que você vai gostar da escola, nós trabalhamos com materiais e formas de ensino diferenciadas aqui, nosso foco é fazer com que os alunos aprendam de verdade — disse a diretora enquanto me mostrava a escola. Hugo estava me esperando no carro e já fazia mais de uma hora que eu estava conversando com a diretora do colégio, parece que eles precisavam de uma professora de reforço urgentemente, mas nenhum professor queria se arriscar pois a escola não estava com uma boa estabilidade financeira. A diretora me explicou toda a situação e mesmo assim eu decidi arriscar e aceitar a proposta. Não sabia dizer se a diretora estava me fazendo a proposta apenas porque precisava muito de um professor ou porque realmente acreditava em meu talento e experiência. Se fosse a primeira opção, eu estava disposta a provar o meu valor profissional. — Essa é a minha sala? — perguntei e ela assentiu abrindo os armários da ampla sala de paredes brancas e azuis. — Aqui estão alguns dos nossos livros de ensino. Eu analisava tudo com cuidado e já planejava várias aulas com métodos simples que poderiam animar os alunos a quererem estudar de verdade. Desde criança eu sonhava em ser professora, sempre gostei de brincar de escolinha e outras coisas relacionadas a isso, era um sonho sendo realizado. — Você pode começar na segunda? Já temos quatro turmas para você, de primeira a quarta série, cada turma tem aula de reforço em um dia da semana, você folga na sexta e não trabalha nos finais de semana — disse me entregando um contrato de seis meses e eu li atentamente antes de assinar. — Obrigada pela oportunidade. — Sorri apertando a mão da diretora. — Obrigada você por confiar em nós. — Ela me acompanhou até a saída e eu atravessei a rua sorrindo. — Pela sua carinha de felicidade deu tudo certo, não é? — Hugo deu partida no carro e eu coloquei o cinto. — Sim, deu tudo certo. — Suspirei me sentindo satisfeita. — Tem certeza de que você quer trabalhar nessa escola? — Ele me olhou rapidamente e eu o encarei sem entender. — A administração está falindo, amor, a qualquer momento eles podem fechar de vez. Você pode trabalhar em qualquer escola que quiser, é só me dizer qual. — Eu sei que pelas suas influências eu poderia ser professora na melhor escola do Rio de Janeiro, mas eu quero conquistar meu emprego sozinha, me entende? Você já me ajudou muito pagando minha faculdade, me apoiando... Mas agora eu preciso conquistar meu espaço por mim mesma. — Suspirei relaxando no banco do carro. — Você é muito orgulhosa, Manuelly. — Hugo revirou os olhos e eu respirei fundo. Ele é insistente e irritante às vezes. — Amor... — murmurei tentando encerrar o assunto e ele me olhou erguendo as sobrancelhas. — Você pode trabalhar na melhor escola do Rio de Janeiro, você pode ser a diretora se quiser... — disse e eu o ignorei. — Quer que eu construa uma escola para você? Do jeitinho que você quiser, eu posso fazer isso. Você sabe que posso. — Revirei os olhos, irritada. — Porque você insiste em investir seu tempo em algo que claramente não vai ser lucrativo para você? Eu ficava chateada quando ele insistia muito em fazer coisas que eu não queria, era sempre esse mesmo assunto. Hugo queria que eu desse um pulo na vida. não queria que eu começasse minha carreira do zero, ele queria me colocar no alto de uma vez, mas eu não... Eu vou conquistar meu espaço aos poucos, sem que ninguém me sirva de escada. — Hugo, me entende, por favor. Nós já falamos tantas vezes sobre isso — eu disse suavizando a voz e ele deu partida no carro sem me responder. Hugo é extremamente irritante e chato quando quer, principalmente quando eu não aceito tudo o que ele pode me proporcionar.
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