Adolescente atrevida e divertida.

1663 Words
Capítulo - Adolescente atrevida e divertida. " De tudo serei atento e de ti roubarei um beijo." Acélia 3 anos depois.... Três anos se passam, a vida segue. Lembro vagamente da última vez que vejo o amigo do meu pai adentrar o carro e partir... como é mesmo o nome dele? Raí, Ravi, Ramiro... não sei. Esqueço. Nunca mais o dito cujo pisa aqui e, de certo modo, isso é bom, porque volto ao meu mundinho: estudar, aturar pessoas chatas, ganhar responsabilidades e ser uma moça educada, como diz papai. Mas o “educada e centrada” passa na esquina dando tchau. Eu sou mesmo é afrontosa e impulsiva. E por falar em impulsos, aqui estou navegando no perfil de um menino do ensino médio, lindo, de olhos verdes e cabelo escuro. — Que lindo! — digo, doida para experimentar os lábios do garoto. De repente, a porta se abre e fecho o notebook com tudo. Vejo o olhar do meu pai cobrir meu rosto. Ele avalia a minha postura. Abro um sorriso enorme, me xingando intensamente por não ter fechado a porta com chave. — Ocupada, bebê. — meu sorriso some. Mas que droga! Por que ele tem que me chamar de bebê? Eu tenho quatorze, quase quinze anos. — Lendo um artigo sobre hormônios femininos. — invento, sem deixar de ser verdade que o garoto anda fazendo meu sangue ferver e minha cabeça criar ideias mirabolantes para me aproximar dele. Certo dia, no intervalo, ele está sentado num banco com mais dois amigos, conversando. Não meço distância, passo por perto, finjo tropeçar e “caio” sentada no colo do menino. Algumas pessoas riem, mas não estou nem aí. Consigo o que quero: ficar pertinho do popular da escola. Sim, é isso que ele é: popular. Parece que Deus o cria e joga fora a receita. Aproveito para tirar uma casquinha: aproximo meu rosto do pescoço e inspiro. É a pior coisa que faço. O infeliz está cheirando a capim-limão! Quem usa perfume de capim-limão? Faço uma nota mental de que, quando ele estiver comigo, vou trocar esse perfume por algo mais viril. Gosto quando ele segura minha cintura, acho que vai rolar um abraço. Ledo engano. O maldito me empurra para sair do colo dele, com raiva. — Está cega? Não consegue caminhar sem tropeçar nos próprios pés? — exclama, fazendo todos olharem. Morta de vergonha e de raiva, pego a garrafinha de suco que o amigo dele está tomando e jogo o líquido na cara bonita do paspalho. — Isso é para aprender que ninguém grita comigo, seu escroto! — saio com o queixo erguido, enquanto todos riem da situação do paspalho. Duas semanas depois descubro que ele está namorando a menina mais popular da escola, uma loirinha de olhos azuis do primeiro ano. É como levar um balde de água fria. A menina é linda, quase uma princesa. Sinto raiva dos meus olhos escuros e do meu cabelo preto. Chego em casa com a ideia de ficar loira, queimar os fios com água oxigenada e amônia. Margoth não deixa, e meu pai reza um terço de porquês sobre eu não poder modificar meu cabelo. O principal é porque ele é idêntico ao da minha mãe. Calo-me, não retruco. Como o popular não me olha, gosto de jogar charme para os que olham. Inclusive, troco alguns beijinhos. Eu, que antes tinha nojo de línguas se encontrando, agora adoro a sensação de outra boca colada na minha. Tudo escondido do meu pai, óbvio. Se o senhor Ricardo souber das minhas estripulias, me envia para um colégio na Suíça. Estou fora, isso não pode acontecer de forma alguma. — Conseguiu entender algo, minha filha? O artigo é bom? — pergunta. — Sim, é ótimo! — respondo, um colírio para os meus jovens olhos. — Fico feliz que esteja se interessando por ler artigos, talvez siga a carreira de ginecologista, cuidar da saúde feminina. Meu pai só pode estar brincando! Eu ver outra mulher pelada, pior, de pernas abertas, com t***s de todos os jeitos? Isso nunca! Vou ser médica de homens, gosto de homens, não quero ver ximbica de ninguém, já basta a minha! — Quem sabe, papai. — respondo, sentando na cama. — O que o senhor deseja? — pergunto, doida para ele sair e eu poder stalkear o menino. — Avisar que precisa fazer a prova do vestido da valsa. Quero lhe ver perfeita. Sua mãe estaria em êxtase. — diz com uma nota de sofrimento na voz. O tempo passa e meu pai não sai do luto, não deixa de mencionar mamãe. Acho bonito e melancólico, mas ele podia seguir com a vida, encontrar alguém. Creio que minha mãe ficaria feliz. — Que horas está marcado? — pergunto sem muita vontade de sair de casa. — Às 16 horas, Acélia. — responde, olhando para o relógio de pulso. — Estarei pronta e lhe esperando. — Ótimo. Vou resolver algumas coisas no escritório e retorno. Não irei entrar em casa, espero por você no carro. Não se atrase. — adverte sério. — Jamais, papai. — respondo, vendo-o deixar o quarto. Passo algum tempo navegando, umas duas horas. Depois corro para me preparar. Coloco um conjunto de saia e cropped amarelo, um sapato branco nos pés. Estou passando perfume e escolhendo alguns acessórios quando o meu celular vibra. Corro até a cama. O nome do meu pai brilha na tela. Olho para o relógio na mesinha de cabeceira. Quase que meus olhos caem no chão. Pego o aparelho, jogo dentro da bolsa ainda vibrando. Sei que, se atender, meu pai vai alugar minhas orelhas. Saio apressada, celular tocando, enquanto coloco os anéis nos dedos. Corro literalmente, desço as escadas e, nos últimos degraus, meus pés escapam. Vou parar estatelada contra um móvel. Estou ganhando da lagartixa no quesito de pernas e mãos abertas. — Deus, o que foi isso? — indago, sem entender como ainda estou inteira. O celular toca de novo, alto. Arrumo a saia, corro desesperada para a porta. — Já estou indo, pai. — falo de súbito, abrindo a porta e me lançando para fora. No entanto, meu corpo colide com outro, duro. Parece uma parede. Mãos enormes seguram minha pequena cintura. Por medo de cair, meus dedos vão parar na lapela do paletó do... “Ai, meu Deus! Meu Deus!” Meus olhos sobem vagarosamente até encontrar um belo par de olhos verdes. Meu coração salta no peito feito um corcel indomável. — Você! — falamos em uníssono, eu com o corpo trêmulo e ele abrindo um sorriso lindo, mas com pinta de cafajeste. Trato de sair do seu aperto, alinho minha postura, olho dentro dos olhos de Rovani. — Meu pai não está. — digo, arrebitando o nariz. — Eu sei. — diz, erguendo uma das sobrancelhas e dando um esgar de sorriso. Olho para o homem e quase engasgo. Ele está muito mais bonito do que antes, continua cheiroso e... — Continua sendo a mesma atrevida de sempre. — i****a! Continua sendo o mesmo i****a! — cruzo os braços e estreito o olhar. — Se meu pai não está, pode tomar chá de simancol e sumir, dar linha na pipa! — digo, abrindo a bolsa para alcançar o celular que não para de tocar. — Esse linguajar não é típico daqui. Com quem aprendeu e de onde é? — indaga, curioso. — Não te interessa, senhor. Me dê licença, estou atrasada e meu pai me espera. — É por essa razão que estou aqui. Seu pai me pediu para levá-la ao ateliê. — fala como se dissesse a cor do céu. Minha boca abre, meu queixo vai ao chão. Aquilo é demais. — Como? O senhor o quê? — pego o celular com as mãos trêmulas, atendo a ligação do meu pai. Sequer tenho tempo de falar. Ricardo sai bombardeando meus ouvidos: — Por que não atendeu antes, Acélia? Estou te ligando há tempos! Escuta, minha filha, surgiu um imprevisto de última hora, não poderei te levar à prova do vestido. Pedi para Rovani fazer essa gentileza. Ele tem o endereço. Sei que estará em boas mãos e em segurança. Confie no Rovani, minha filha. Beijos, papai te ama. Não consigo dizer que também o amo porque ele desliga. Parece nervoso, apressado, não sei identificar muito bem. Olho para o celular e depois para Rovani. — Então... é você quem vai me levar. — engulo em seco. O sujeito apenas balança a cabeça, com um sorriso sarcástico no rosto. Fico furiosa. Alguém no céu não gosta de mim, só pode ser isso. Passo por Rovani e o homem segura meu braço. Meus passos estancam. — Vai entrar no segundo carro, é onde irei. Sente-se na frente, não sou seu motorista. Dou língua para o infeliz, que rapidamente trava o músculo segurando-a entre os dedos. — Faça isso outra vez e ficará sem um pedaço dela. — ameaça. Tento chutar sua canela. Ele é rápido, puxa-me contra seu corpo, segura minhas mãos para trás. Ele não é normal, pratica golpes com facilidade absurda! — Você é bem m*l-educada, menina. Seu pai economizou nas palmadas? — Ora, seu... vai pro inferno! — Não se preocupe, sendo como tu és, seu lugar estará reservado por lá também! — responde, gargalhando. Olho com ódio para Rovani, junto o resto da minha dignidade e caminho decidida até o primeiro carro. No entanto, o infeliz assobia e aponta para o segundo carro. Ele fica parado, olhando para mim com um sorriso de escárnio no rosto. E eu, com o sangue se transformando em lava, abro a porta do carona. Antes que eu possa entrar, Rovani se aproxima e fecha. Abre a porta do passageiro da frente. — Não sou o seu motorista, menina! — diz seco. 'Ai, que raiva! Quero apertar os ovos dele até sair pintinhos!' Entro de cara emburrada. “Como pude gostar desse cara algum dia na minha vida?! Eu era muito criança mesmo! Uma boba!”
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