O próprio demônio.

2037 Words
Capítulo- VIII. O próprio demônio " O que fazer quando você percebe que o coração não esqueceu aquela pessoa?" Acélia Noto que ele me olha pelo canto do olho enquanto estou de braços cruzados e com um bico enorme. Se eu soubesse dirigir, consequentemente abriria a porta do motorista e daria um chute nesse infeliz, ou jogaria-o no meio da pista para ser esmagado e virar panqueca por outros carros, e seguiria feliz da vida até o ateliê. Bem que dizem que, quando o d***o não vem, ele manda o secretário — mas dessa vez o próprio resolveu dar as caras, porque esse Rovani é um d***o encarnado. O próprio demônio! No entanto, não sei por que espicho os olhos de esguelha para suas mãos, que estão segurando firmes o volante procurando por alguma bendita aliança. " Ai, Acélia, você é muito i****a mesmo — por que está procurando aliança nas mãos desse cara, nesses dedos grossos que têm cara de poderosos, que podem fazer algumas brincadeiras e... Pai amado, para onde estão indo os meus pensamentos? Senhor, domina-os, retire a tentação. E coloca tentação nisso, ele tem cara que sabe saber muitos pecados e eu estou aqui faiscando para pecar com ele!" Evito olhar para Rovani; viro o rosto para a janela ao meu lado, fixo o olhar para fora tentando me distrair e orando para que cheguemos logo no ateliê. — Como estão os seus estudos? — volto a cabeça em sua direção rapidamente e estreito meu olhar. Qual é o interesse dele agora em saber dos meus estudos? Quem ele pensa que é? O homem olha a mim de relance rapidamente. — Você não é meu pai pra eu ter que responder essa pergunta — falo, dando para ele um sorriso sem dente; logo volto minha atenção para o caminho. "Toma essa patada, tiozão." Por dentro, dou cambalhotas de alegria, pulo, sorrio e até gargalho por causa da minha audácia em ser grosseira: bem feito, quem mandou ser um i****a. — Estou vendo que a educação não é o seu forte, rapariga ( menina) — diz ele. — Mas também, o que esperar de uma criança? Rosno, baixinho, detesto que me chamem de criança, passei dessa fase há muito tempo. Olhe para o infeliz, dou um sorriso sem dentes, parecendo uma dessas psicopatas da vida. — Em primeiro lugar, senhor, eu não sou mais nenhuma criança; inclusive já tenho as minhas experiências.- Por que falei isso? Abri a boca sem pensar querendo impressionar o tiozão. De repente algo acontece . O pé do homem pesa no freio; nossos corpos movimentam-se para a frente por causa da inércia. — Experiências? Que tipo de experiências? Só pode estar brincando, menina. — O olhar que lança para mim possui um toque de repreensão visível. Mas eu 'tô' lascando, f*da-se mesmo, porque ele não é meu pai, não é meu irmão, não é nada meu, não tem nada a ver com a minha vida. — Seu pai tem conhecimento dessas suas experiências? Se não tiver ficará sabendo, porque posso contar ao Ricardo. Você sabe disso, não? — Não, eu não sei e tenho raiva de quem sabe. — É a resposta que dou e vejo quando ele trinca o maxilar. — Ah, então a menina que nem quebrou a casca do ovo está se achando uma mulher experiente. Então vá, me fale de suas experiências. Eu, com essa minha mania de falar demais: que experiências eu tenho? enhuma, exceto uns beijinhos que eu troquei ali, que troquei aqui. Mesmo assim, quando o garoto tentou passar a mão na minha b*nda, dei um tapão no atrevido; ele saiu catando cavaco, ficou muito bravo comigo. No entanto eu não quero parecer infantil diante de Rovani; afinal, hoje em dia a vida s****l começa tão cedo na maioria dos jovens que ele não iria estranhar se eu abrisse minha boca e falasse mais algumas besteira. Rio de nervoso, dou uma gargalhada, e o homem coloca o carro em movimento. As buzinadas atrás do veículo em que estamos são audíveis, por mais que o rádio esteja ligado e os vidros completamente fechados. — O senhor acha mesmo que eu sou i****a para falar da minha vida particular contigo? — falo nervosa, atropelando as palavras. — Eu não te conheço, não tenho a menor i********e contigo e nem quero ter. " Mentira! Mentira! Quero muito conhecer a língua gostosa dele e os lábios convidativos, talvez eu devesse também dar uma conferida no material, a olho nu, para saber se é de boa qualidade, apenas por isso." Ele abre um sorriso de canto de boca e balança a cabeça em negação. — Aprende a mentir, menina. Diz isso e eu fico morrendo de ódio. — Por que acha que estou mentindo? — respondo. — Só não quero falar das minhas privacidades com o senhor. Afinal, o senhor vai falar pra mim: quantas mulheres o senhor c*me? Rapidamente viro a cabeça para a minha janela; meus olhos ficam enormes. Coloco meus dedos na frente dos meus lábios, bem discretamente. "Acélia! do céu... você está doida em perguntar isso para o homem?! " Sinto a tensão dominar o interior do veículo; o ar parece rarefeito, meu coração bate contra as minhas costelas. "Tenho que controlar minha impulsividade, mas não consigo — é mais forte do que eu." — Seis. Volto minha atenção para o homem, que continua dirigindo como se nada tivesse acontecido, como se eu não tivesse feito uma pergunta escabrosa de cunho íntimo. — Fez o quê? — pergunto. — Você me perguntou com quantas mulheres eu tenho vida s****l? Estou lhe respondendo: seis. Mas esse número pode variar bastante, porque eu gosto de diversificar. — Hã?! E ainda sobrou alguma coisa dentro das suas calças?! - meus olhos são como duas flechas disparadas para o meio das pernas no homem. Ele segue o meu olhar, mesmo com os óculos é visível os movimentos que faz com a cabeça. Meu rosto esquenta, meu corpo esquenta, meu suor se esquenta. Eu estou pegando fogo, misericórdia. Aperto todos os botões que vejo no painel e na porta, tentando baixar o vidro, e percebo que estou um pouco trêmula — acredito ser pela razão da vergonha, por ouvir algo tão íntimo do capetão, mas também tem um sentimento dentro de mim que está me consumindo, como se eu fosse o rastilho de pólvora e ele a chama de fogo. — O que você quer, menina? — pergunta calmamente, como se não tivesse acabado de me falar algo perturbadoramente ou escutado a asneira que saiu pela minha. " P*rra ! Seis mulheres! Seis mulheres? Como é que pode um homem que só tem um p*u pegar seis mulheres? E agora estou aqui com a minha língua coçando para perguntar se são seis por dia, por semana, por mês?" Por muito pouco as palavras sai da minha boca. Rapidamente olho na sua direção com os olhos esbugalhados. — Estou pegando fogo... Não, não — digo — eu quero dizer calor, calor, muito calor. A pressão... janela — onde é que abre essa janela? Preciso baixar esse vidro! – digo gesticulando, abanando o rosto com a mão; estou desesperada, preciso de vento, muito vento. — O que aconteceu? Você está vermelha, parece um tomate — ele pergunta com uma impassibilidade que me irrita, enquanto eu estou aqui desesperada, com os nervos à flor da pele e o rosto queimando tanto que parece que a pele vai derreter igual cera de vela, ele continua calmo, totalmente alinhado e dirigindo; nem parece que falou algo que está cozinhando o meu cérebro. Rovani, com gesto polido, aperta alguns botões presentes no painel do carro; o vidro começa a descer vagarosamente. O ar frio invade o interior do carro e, ao mesmo tempo em que estremeço por causa do choque térmico na pele, agradeço por poder respirar — a sensação de sufocamento se elimina. — Sabe que vou falar disso para o meu pai, não é? O senhor está falando para mim com quantas mulheres têm relações? – Lhe deixo a par da minha intenção. — Por mim, você pode falar — ele responde. — Não tenho razões para esconder. Diga também que tudo o que ouviu foi fruto da sua curiosidade de menina; foi você quem iniciou a indagação, afinal, se não tivesse me perguntado eu não teria respondido. " Desgraçado!" — E essas mulheres com quem o senhor sai, são bonitas? — pergunto, a chama verde por dentro de mim faz meu estômago ficar cada vez mais ácido. — Sim, elas são lindas — responde com sorrisinho no rosto, como se tivesse a imagem de alguma delas passeando por sua mente. Isso me dá uma raiva... não é qualquer raiva; é aquela raiva de você orar a Deus e pede: “Senhor, se não for para ser meu, leve-o para perto de ti que eu permito.” — São nada, são feias, gordas, horrorosas — cruzo os braços e olho para fora com bico enorme; minha vontade é voar em cima dele e o estapear. Mas por que eu faria isso? Ele não é nada meu. Ai, Senhor, estou sucumbindo de novo com esse homem, extraindo o pior de mim. Rovani solta uma gargalhada, olha em minha direção e balança a cabeça em negação. O silêncio impera; eu fico remoendo o elogio que ele fez para alguma “pitiranhas” com quem costuma sair. Passam-se mais alguns minutos e finalmente chegamos em frente ao ateliê. Faço menção de sair do carro; no entanto, a porta ainda está travada. Olho na direção de Rovani, com una ruga enorme no meio da minha testa. — Pode, por favor, destravar a porta do carro? O senhor pode me esperar aqui? Ele retira os óculos escuros olha bem dentro dos meus olhos. Nesse momento sinto que morro, que sou sugada para alguma outra parte da face da terra; meu coração se agita, minha alma se perturba e minha respiração fica descompassada. Ele continua lindo, mais do que antes — que p***a é essa do tempo que deixa umas pessoas feias e outras bonitas? Era para ele estar feio, com cabelo branco cheio de ruga, mas não — continua sendo o pecado proibido para garotas como eu. — Em primeiro lugar, menina, eu não sou funcionário do seu pai para acatar suas ordens; e, em segundo lugar, eu não confio em você. Você pode muito bem entrar nesse ateliê e fugir. Em terceiro lugar, você está sob minha responsabilidade — o adulto aqui sou eu; estou fazendo um favor ao seu pai e, se algo acontecer contigo, a responsabilidade é minha. Detesto que falem comigo como se eu tivesse cinco anos de idade. Dou um sorriso amarelo e estreito meu olhar. — Por acaso o senhor tem filhos? — pergunto; por dentro, minha cabeça está gritando: responde que não, pelo amor de Deus! Por qual razão? Não sei; na realidade sei, mas não quero assumir para mim mesma: eu ainda continuo gostando desse infeliz. Foi só ele surgir no meu caminho que tudo dentro de mim despertou outra vez; eu achando que tinha superado essa fase de Rovani, mas não é uma fase — é um anário; mais do que o anário, é uma década, século, milênio, eternidade. Minha vontade é ser ousada, me jogar em cima dele e dizer: “E aí, bonitão, quando você vai me levar para tomar um sorvete?” Bater meus cílios sensualmente; no entanto, é bem capaz dele parar em alguma farmácia e comprar fraldas, pomadas e uma enorme mamadeira para mim. Descarto essa ideia. — Entre, talvez se encante por algum vestido. Talvez tenha o seu número. — Dou uma alfinetada. — Para mim não, mas para Sueany, sim. Sinto um gelo se formar na minha barriga. — Suen... o quê? — Não lhe diz respeito, menina. VAMOS, que tenho compromisso. Levo um baita fora. "Ah, sim. Claro que ele tem, como não! Imagino até o compromisso que tenha!" Desço do carro virada no" satãgos". Esse i****a me paga. Aviso :Segue a minha página no iņșta: procure por Dezalima.romance. Para ficar por dentro de novas obras, receber Avatar dos personagens. Espero por você ! Venha fazer parte da nossa família.
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