Clara Narrando Eu tava tranquila, andando pelo morro, segurando minha bolsa no ombro, respirando fundo, tentando organizar minha cabeça depois das últimas horas. O sol já começava a esquentar e a rua ainda tava meio vazia, só uns gatos pingados indo pro trabalho ou voltando da noitada. Foi aí que um carro parou do meu lado. Na hora, meu coração disparou e eu já fiquei alerta. Olhei pro lado e vi a janela abaixando devagar. Meu estômago embrulhou quando eu reconheci o motorista. Caio. Ele me olhou sério, com a mão no volante, e falou sem rodeios: — Entra. Pisquei algumas vezes, sem entender. — Não, não precisa. Eu vou pegar o ônibus ali embaixo. — Entra. — Pra quê? Ele suspirou, impaciente. — Eu vou te levar. — Não precisa, de verdade. — Eu vou lá no Salgueiro resolver umas

