Cobra Narrando O baseado já tava quase no final, a fumaça subindo devagar na noite quente da favela. Eu e o Berrete ali, na laje, trocando ideia e deixando a mente voar. Eu puxei mais uma tragada e soltei devagar, sentindo o efeito bater gostoso, aliviando o peso que eu tava carregando no peito desde aquela merda toda com a Clara. O Berrete fez o mesmo, olhando pro nada, pensando nas próprias coisas. Foi aí que ouvimos um barulho lá embaixo. Automaticamente, olhei pra ele. Ele olhou pra mim. — É a Sabrina. — Ele murmurou. E não deu outra. Ela subiu as escadas já farejando o cheiro da fumaça no ar. — Pô, tá fumando, né? — Ela ia continuar falando, mas parou no meio quando me viu ali. O clima pesou na hora. Ela respirou fundo e soltou, meio seca: — Vou ficar lá embaixo. — Já é.

