Clara Narrando O tempo parecia não passar. Cada minuto dentro daquela casa era uma eternidade. Eu andava de um lado pro outro, roendo as unhas, sentindo o peito apertado de tanta preocupação. O Cobra tinha saído correndo pra operação. Sem pensar duas vezes, sem hesitar. E eu? Eu não sabia lidar com isso. Eu não tava acostumada com essa vida. — Clara, minha filha, senta um pouco. — Dona Marta falou, com a voz calma. Eu parei, olhei pra ela sentada no sofá, mas não consegui obedecer. — Não consigo, Dona Marta. — suspirei, passando as mãos no rosto. — Eu tô nervosa, eu tô com medo. Ela me olhou com ternura, mas sem desespero. Tranquila, como se já soubesse o final dessa história. — Eu também fico morrendo de medo. — ela confessou — Mas eu entrego pra Deus. Engoli seco, cruzando o

