Capítulo 16: Preciso tirar ele da cabeça

1058 Words
Os três dias que passei no apartamento do Jace foram... diferentes de tudo o que eu esperava. Ele me encheu de atenção, cuidou de mim como se eu fosse algo precioso. Não era o tipo de atitude que eu imaginava vinda dele. Quando começamos a conversar, pensei que ele fosse daqueles caras que não paravam quietos, que se enjoariam rápido, que logo sairiam para as festas, rodeado de mulheres. Mas não. Ele estava ali. Por mim. Inteiro. Isso mexia comigo mais do que eu queria admitir. Será que ele estava mesmo afim de mim? Essa pergunta não saía da minha cabeça. Naquela manhã, eu precisava voltar ao médico. Era o dia de tirar as faixas do rosto e receber as orientações pós-cirúrgicas. Eu não estava nervosa. Não me importava muito com minha aparência. Se ficasse alguma cicatriz, tanto faz. Minha autoestima já havia sido destruída há muito tempo. Ryan fez questão de esmagá-la durante todo o tempo em que estivemos juntos. Ele sempre dizia que eu era feia, que nenhum homem se interessaria por mim, que eu devia agradecer por ele estar comigo. E eu acreditei. Talvez porque eu nunca tenha tido alguém que dissesse o contrário. Mas agora... agora havia Jace. E pela primeira vez em muito tempo, eu me pegava desejando ser vista de verdade. Aqui está a cena reescrita em primeira pessoa, narrada pela Isabela, com mais detalhes e emoção: --- Quando o médico tirou as faixas do meu rosto, ele e Jace bateram palmas, sorrindo satisfeitos. — Tá linda, gata. — Jace disse, pegando um espelho sobre a mesa do doutor e virando para que eu pudesse me olhar. Meu rosto ainda estava arroxeado, mas não havia cicatrizes. Estava igual ao que sempre foi. Me peguei rindo para o espelho, sem nem perceber. — Finalmente vou poder lavar meu cabelo, né, doutor? Todos riram. Mas eu falava sério. Eu não aguentava mais aquelas faixas, e o alívio foi instantâneo quando chegamos no apartamento do Jace e eu finalmente pude entrar no banho. A água morna caindo sobre minha cabeça me deu uma sensação de refrescância, de alívio, de liberdade. Depois do banho, me enrolei na toalha e fui para o quarto. Me sentei na penteadeira e comecei a secar o cabelo quando ouvi uma batida na porta. — Pode entrar. — falei, sem tirar os olhos do espelho. Jace entrou com um sorriso convencido. — Já deu um trato no belo, aí sim, gata. — Ele se aproximou, pegou o secador da minha mão e disse: — Deixa que eu seco pra você. Antes que eu protestasse, ele já jogava o ar quente nos meus fios úmidos, passando os dedos por eles com uma delicadeza que me arrepiou inteira. Ele era mesmo especial. — Hoje eu volto pra minha agenda. Tenho um show em outro estado. — Ele disse, com um tom mais sério. — Mas não se preocupa, vou deixar dois seguranças com você. Tem o motorista, a Carminha e a Cléo da limpeza. Ele realmente pensava em tudo. — Você volta quando? — perguntei, sem disfarçar minha curiosidade. — Amanhã. Tenho um show num bloco de carnaval aqui no Rio. Se quiser, pode ir comigo. Meu coração deu um salto. Ele estava me convidando pra fazer parte das coisas dele. Mas... espera aí. — Como assim carnaval? Já? — Já, ué. — Ele riu. — Tempo voa. Suspirei, lembrando do caos que seria no trabalho. — Meu chefe deve estar perdido sem mim. Temos tantos eventos de carnaval pra entregar. Eu vou trabalhar, Jace. Ele desligou o secador e girou minha cadeira, me fazendo encará-lo. — Vai nada. — Ele disse, sério. — Você não pode. — Jace... — Olha, Bela, não quero que você tenha medo de seguir sua rotina, longe de mim. Mas esse cara é um perigo. Eu não vou deixar você sair pra trabalhar, ainda mais nessa época de carnaval. Todo mundo bêbado, drogado... Você tem um atestado de 15 dias. Até lá, os detetives que eu contratei já vão ter pego o filho da p**a que te bateu. Aí você volta à rotina, ok? Meu coração se aqueceu. Ele realmente cuidava de mim. Mesmo não concordando totalmente, olhei para aqueles olhos castanhos e suspirei, assentindo. Jace abriu um sorriso satisfeito e seus olhos desceram até minha boca, ficando ali por longos segundos. Me senti presa naquela troca silenciosa, e pela primeira vez... desejei que ele me beijasse. Aqui está a continuação do capítulo com a narração de Isabela em primeira pessoa: --- Mas ele não me beijou. Apenas passou a língua pelos lábios e religou o secador, como se nada tivesse acontecido. Só que algo tinha acontecido. Eu vi. Meu olhar baixou sem querer, e foi impossível não notar o volume na calça de moletom. Meu coração disparou. Ele me desejava. Tanto quanto eu estava começando a desejá-lo. Engoli em seco, tentando desviar os olhos, mas... como? A calça não ajudava em nada. Marcava nitidamente a cabeça grande e grossa do que ele tinha entre as pernas. Um arrepio percorreu minha espinha. Que merda, Isabela. Para de olhar! Mas era difícil. Ele era um t***o de homem, eu tinha que admitir. Esses dias perto dele foram essenciais para eu entender quem era Jace Wisley de verdade. Ele era um cachorro, sim. Mas era um cachorro que tinha tudo o que queria, a hora que queria. E, convenhamos, que homem não gosta de t*****r? Ele gostava. Muito. De um jeito pervertido? Sim. Mas era solteiro. Que m*l tinha? Aqui está a continuação com a narração de Isabela em primeira pessoa: --- O clima foi quebrado por Cléo, que apareceu na porta entreaberta. — Senhor Jace, o Paco lhe espera na sala. Ele assentiu e ela se retirou. Jace desligou o secador e se abaixou na minha frente, os olhos intensos nos meus. — Eu já tenho que ir, Bela. Por favor, evite sair. Se precisar de alguma amiga, pode chamar pra vir aqui. Se cuida. Ele depositou um beijo na minha bochecha. O calor do toque dele ficou ali, queimando minha pele. — Boa viagem, faça um bom show. Tentei soar casual, mas minha voz saiu mais suave do que eu queria. Ele deu aquele sorriso torto e saiu do quarto. Assim que fiquei sozinha, soltei um longo suspiro. Eu precisava urgentemente tirar aquele homem da minha cabeça.
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