JACE
Ficar ali com a Isabela tava bom demais, parceiro. Que mulher, na moral. O jeito que ela se entregava, o cheiro, o toque, tudo nela me deixava viciado.
A gente tinha transado gostoso, sem pressa, explorando cada pedacinho um do outro. Mas agora era hora de ir trampar, mais um show me esperando.
Levantei da cama meio contrariado, passando a mão no rosto pra espantar a preguiça. Olhei pra Bela, toda largada no lençol, os cabelos espalhados pelo travesseiro, o corpo nu coberto só de alguns lençóis bagunçados.
Que cena do c*****o.
— Vou ter que ir, gata… — falei, a voz meio rouca.
Ela abriu os olhos devagar, aquele olhar sonolento que me fazia querer esquecer do mundo e ficar ali com ela a noite toda.
— Hum… Já? — a voz dela saiu manhosa, me fazendo rir.
— Vida de artista, né? Mas não demoro, daqui a pouco tô de volta pra gente continuar o que começamos… — pisquei pra ela, e ela riu baixinho, escondendo o rosto no travesseiro.
Fui pro banheiro tomar um banho rápido, a água fria ajudando a colocar a cabeça no lugar. Me vesti rápido, joguei uma corrente no pescoço e finalizei com meu perfume.
Assim que saí do quarto, Bela tava sentada na beira da cama, só de calcinha e minha camisa aberta, olhando o celular.
— Vai querer ir comigo? — perguntei, parando na porta.
Ela mordeu o lábio, pensativa, depois deu um sorriso de lado.
— Acho que vou ficar e descansar um pouco… Mas te vejo quando voltar, né?
— Óbvio, não vou perder essa chance…
Ela riu, e eu fui até ela, segurando seu queixo e roubando um selinho antes de sair. Parceiro, como eu tava ficando na mão dessa mulher.
Mas quer saber?
Eu nem ligava.
Desci no elevador, o segurança já me esperando no carro. Partiu mais um show.
Assim que entrei no carro, Paco já tava no telefone resolvendo uns esquemas do show. Ele desligou e virou pra mim com aquele sorrisinho de quem já tinha fofoca.
— Tá amarradão na mina, né, cria?
Revirei os olhos, mas não deu pra segurar o sorriso.
— Para de caô, Paco.
— Qual foi, Jace? Nunca te vi assim, mano. Tu tá diferente, até deixando a mina dormir na tua cama… E olha que a Isabela nem é daquelas que força barra.
Dei um riso nasalado e apoiei a cabeça no banco, olhando pela janela enquanto a cidade passava. Eu sabia que tava diferente, sabia que Isabela tinha mexido comigo de um jeito que nenhuma outra tinha.
Mas falar em voz alta era outra história.
— Ela é f**a, irmão — soltei, quase num sussurro.
Paco riu e deu dois tapinhas no meu ombro.
— Já era, parceiro. Tá na merda.
A gente chegou na área do show e o bagulho já tava lotado. Palco montado, luz piscando, aquela energia de carnaval insana. Assim que botei o pé pra fora do carro, uma galera começou a gritar meu nome. Meu coração acelerou na hora. Não importava quantos shows eu fizesse, aquela adrenalina sempre batia diferente.
— Bora, Jace, já tamo no horário! — Paco me puxou pro camarim, e lá dentro já tinha gente me esperando, equipe, DJ, produtor, geral no corre.
Peguei um energético e virei de uma vez, sentindo a cafeína subir. Troquei de roupa rápido, botei uma regata preta colada e uma bermuda larga, corrente no pescoço brilhando. Olhei no espelho e dei aquele sorrisinho.
Estava pronto.
Assim que subi no palco e segurei o microfone, o povo veio abaixo. O grito da galera me fez arrepiar.
— E AÍ, MINHA TROPA?! — berrei, e a resposta foi ensurdecedora.
A batida entrou, o DJ mandou aquele grave monstro, e eu comecei a cantar. Porrada atrás de porrada, a pista fervendo, n**o suando, pulando, as mina descendo até o chão.
Isso aqui era minha vida.
Mas, no meio daquela multidão, só conseguia pensar em uma coisa: Isabela. O jeito que ela tava me esperando no meu quarto, vestindo minha camisa, me esperando voltar…
E eu, que sempre curti essa vida de curtição, pela primeira vez, só queria terminar o show e voltar pra ela.
Assim que desci do palco, Paco já tava vindo com aquele olhar de quem tinha treta pra resolver.
— Qual foi, Jace? Afterzinho no iate do Danilo, só os parça e as mina top. Bora!
Antes, isso aí era meu esquema.
Showzão insano, bebida, mulher, festa até de manhã.
Mas agora?
Mano, aquilo não fazia mais sentido.
Passei a toalha no rosto suado e peguei uma água. Dei um gole e olhei pro Paco, já sabendo que ele ia chiar.
— Hoje não, irmão. Tô cansado. Vou pra casa.
— Que isso, cara? Tá de palhaçada? — Ele arregalou os olhos. — Tu vai dispensar um after de milhões pra ficar em casa?
— Vou, ué.
Ele me olhou com aquela cara de "não acredito".
— É a Isabela, né?
Soltei um riso nasalado, nem tentei negar.
— Talvez.
Ele balançou a cabeça, rindo.
— Tá bom, apaixonado. Vai lá então. Mas ó, amanhã tu não escapa, hein!
Levantei a mão num tchau preguiçoso e fui direto pro carro. O motorista já tava no aguardo.
— Pra casa, chefia.
O trajeto foi rápido, mas minha cabeça não parava.
O que essa mina tinha feito comigo?
Antes, depois de um show desse, eu estaria cercado de mulher, bebendo e curtindo.
Mas agora?
Só queria entrar em casa e ver Isabela deitada na minha cama, com aquele olhar de quem me esperou.
Quando cheguei no prédio, subi direto, sem nem falar com ninguém. Assim que abri a porta, tudo tava silencioso. Fui direto pro quarto e lá estava ela.
Deitada, usando minha camisa, perna descoberta, cabelo espalhado no travesseiro. Linda pra c*****o.
Fechei a porta devagar e me aproximei. Ela se mexeu um pouco, abriu os olhos devagar e sorriu ao me ver.
— Oi…
— Oi, princesa.
Me joguei ao lado dela e puxei seu corpo pro meu.
— Como foi o show? — Ela perguntou, voz sonolenta.
— Foi f**a, mas queria ter acabado mais cedo.
— Por quê?
Beijei o topo da cabeça dela e sussurrei no ouvido.
— Porque queria estar aqui contigo.
Ela sorriu e se aconchegou mais em mim. E ali, abraçado com ela, senti que tava exatamente onde queria estar.