52 - Valentina

950 Words

Eu nunca tinha tido tanto medo de andar de carro. Não era o morro, nem o trânsito, nem o calor abafado da cidade. Era o bebê. O nosso bebê. No bebê conforto, encolhidinho, parecendo pequeno demais pra existir no mundo lá fora. João ajustou a alça com a mão firme, mas ainda assim cuidadosa, e olhava pro retrovisor como se a qualquer segundo fosse ter que dar ré no tempo e voltar pro hospital só pra garantir que ele tava mesmo bem. — Ele tá respirando? — perguntei, encostando o rosto no tecido do assento. — Tá, amor… tá sim. Tá até roncando baixinho, ó. Igual a mãe. — ele sorriu. Fiz uma careta, mas não retruquei. Tava com a garganta apertada demais pra isso. Chegar em casa foi surreal. A porta abriu e o cheiro familiar da nossa bagunça me atingiu. As roupinhas já lavadas no varal, o q

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