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CICATRIZES QUE QUEIMAM

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Blurb

Ele queimou… e o mundo queimou com ele.

Murilo o temido fantasma, governa o morro com mãos firmes e olhos que ninguém ousa encarar por mais de três segundos. Metade do rosto dele é cicatriz. A outra metade, silêncio. Ninguém se aproxima. Ninguém toca.

Até que Bárbara, irmã de seu braço direito, é levada para morar com ele, por segurança. Ela não pertence àquele mundo, mas também não é tão inocente quanto parece. E quando seus olhos encaram os dele pela primeira vez, o queima não é o fogo, é o desejo.

Entre paredes onde a lealdade vale mais do que o sangue, ela vai descobrir que o poder não vem só das armas, vem do olhar de quem pode destruir ou salvar.

Ele é o monstro do morro.

Ela é a tentação que ele não esperava.

E ambos vão aprender que alguns incêndios não se apagam, só mudam de forma.

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1. Bárbara
O som do mar sempre chega primeiro. Antes do despertador, antes do barulho dos carros lá embaixo, antes de qualquer pensamento. O barulho das ondas batendo contra as pedras é o que me lembra, todo dia, que eu ainda posso respirar. Abro a janela e deixo o vento entrar, bagunçando o cabelo que passei dez minutos tentando arrumar. O sol da manhã na Barra tem esse jeito irritante de ser bonito, tudo parece limpo, calmo, quase perfeito. A vista do apartamento é o tipo de coisa que as pessoas postam no i********: com legenda de gratidão. Eu só chamo de sorte. Ou talvez culpa. Meu irmão diz que me deu esse lugar pra eu "ter paz". Mas todo mundo sabe que, quando o Heitor te dá alguma coisa, não é só presente. É também um muro. Uma forma de manter você longe das coisas que ele faz e das pessoas com quem ele anda e até hoje, funcionou. Vivo num mundo diferente do dele, o meu tem livros de faculdade espalhados pela mesa, café frio e mensagens de amigas sobre trabalhos atrasados. O dele tem armas, dinheiro e homens que olham por cima do ombro. A gente se ama, mas a nossa paz sempre depende da distância. Enquanto preparo o café, ligo a TV num programa qualquer e deixo o som preencher o silêncio. Gosto dessa rotina boba. Gosto de poder decidir que roupa vestir, a hora de sair, o que estudar. Talvez seja isso que eu mais temo perder: o simples direito de escolher. O celular vibra em cima da bancada. "Heitor 💀" aparece na tela e eu atendo sorrindo. — Fala, irmão. Achei que você ainda tava dormindo. — Dormir é luxo, bebê — ele responde, a voz rouca, rindo. — Só liguei pra saber se tá tudo bem. — Tudo ótimo. Tô indo pra faculdade daqui a pouco. — Fica de olho, hein? Evita pegar carona com gente estranha, evita rua vazia... — Heitor, eu moro na Barra, não numa guerra. — Reviro os olhos. — Pra mim, é tudo a mesma coisa. A risada dele é curta, mas sincera. Conversamos mais uns minutos, sobre a mãe, sobre o tempo, sobre nada de importante. Ele sempre evita falar de onde está, e eu aprendi a não perguntar. Antes de desligar, ele diz: — Te amo, Bárbara. — Também te amo. — Guardo o celular, tomo o café e sigo o dia. Mais tarde, no ônibus pra faculdade, fico olhando o reflexo do sol no vidro. O mundo lá fora parece seguir no mesmo ritmo preguiçoso de sempre. Pessoas apressadas, crianças indo pra escola, ambulantes vendendo biscoito Globo e mate. Minha vida é assim, e eu gosto. Mesmo quando me sinto sozinha, no meu apartamento que por mais que seja do jeito que eu gosto, não é parecido onde eu nasci. Mas tudo bem… eu gosto assim. Por enquanto, sou só eu: livre, leve, e completamente alheia ao inferno que aquela comunidade transmite sempre. Chego na faculdade no horário certo (milagre) pois o ônibus sempre atrasa, e eu sempre perco tempo no ponto. Diferente de hoje. A faculdade tem aquele cheiro de café queimado e papel molhado que nunca muda. Mesmo depois de dois anos frequentando o mesmo corredor, ainda acho que todo mundo aqui corre como se estivesse atrasado pra salvar o mundo. Eu caminho devagar, o fone nos ouvidos, ouvindo uma playlist que alterna entre bossa nova, rap e funk uma bagunça que define bem meu humor. — Bárbara! — ouço minha amiga gritar de longe. É impossível não ouvir a voz da Lídia. Ela vem correndo com o cabelo preso num coque torto e a mochila quase caindo do ombro. — Você viu o professor postando a lista de trabalhos? A gente se ferrou bonito. — Eu nem olhei — respondo, rindo. — Mas se o tema for r**m, a gente inventa moda e faz parecer bom. — Sempre otimista. Quero ver quando ele pedir apresentação. Entramos na sala e nos jogamos nas cadeiras do fundo, como sempre. Eu gosto desse canto, dá pra observar tudo sem precisar participar o tempo todo. Enquanto o professor fala, deixo o olhar se perder na janela. Lá fora, o céu está limpo, azul, calmo. Um tipo de calmaria que eu nunca confio por completo, mas também nunca questiono. O professor escreve fórmulas no quadro e eu anoto o que consigo acompanhar. Meus pensamentos se perdem fácil: na música que toca em algum celular, no casal que cochicha na frente, na lembrança do Heitor dizendo pra eu "me cuidar". Às vezes esqueço o quanto ele é paranoico, até lembro que o mundo dele é outro. No intervalo, o pátio está lotado. Gente rindo alto, música em caixa de som, cheiro de pastel da cantina. Eu e Lídia nos sentamos no chão com um refrigerante e ficamos observando o movimento. — Sabe o que eu invejo em você? — ela diz, me olhando com aquele sorriso de quem vai implicar. — Lá vem. — Essa sua calma. Parece que nada te atinge. — Dou risada. — É só atuação. — Mentira. Você é tipo... intocável. — Eu só aprendi a não dar palco pra quem não merece. — Filosofou, hein? — Ela levanta uma sobrancelha. — Falta de sono. Conversamos sobre banalidades: professor gato, contas pra pagar, viagem que nunca vai acontecer. Nada fora do comum. Nada que denuncie que minha confusão mental diário. Eu gosto assim, aprendi muito cedo que às vezes, por mais confiável que seja, não temos que demostrar fraqueza pra ninguém. Volto pra casa no fim da tarde, com o sol descendo devagar entre os prédios, o vento morno batendo no rosto e a sensação boa de cansaço depois de um dia cheio, mas normal. Abro a porta do apartamento, tiro os sapatos e largo a mochila no sofá. Silêncio. Paz. Ponho música baixa, começo a preparar algo simples pra comer e canto junto, desafinada como sempre. Naquele instante, é como se nada pudesse me tocar.

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