Beatriz O sábado amanheceu tão calmo que já me deu arrepio. Quando o morro fica quieto demais é porque alguma coisa tá vindo, e eu já tava aprendendo a sentir isso na pele. Eu tava no quintal estendendo roupa, pé descalço no chão quente do cimento, tentando fingir que minha vida era normal, enquanto o Luiz — porque pra mim ele já era só Luiz — ficava no canto olhando o celular com aquela cara séria que eu já conhecia bem. Ele tava de regata preta, short de tactel, braço tatuado brilhando no sol, e eu tentava não ficar olhando demais, mas era difícil pra c*****o. De repente o Nando apareceu no portão, correndo, suado, cara de quem viu o capeta. — Luiz, temos problema, irmão. Problema grande. O clima mudou na hora. O Luiz levantou a cabeça, olhos já estreitados, corpo inteiro em alerta

