capitulo 79

1231 Words

📍 NARRADO POR DANIEL VASCONCELOS Não voltei direto pra casa. Desci a rua da igrejinha e, na curva da praça, virei pro lado do mar. Estacionei torto na beira do calçamento — pneu mordendo a guia, motor ainda quente. Abri o porta-luvas, encarei o ferro por um segundo. O peso do costume puxou minha mão. Travei a arma, empurrei pro fundo, fechei. Hoje, não. A areia tava morna. Larguei o tênis, enfiei as meias no bolso e fui. A brisa trouxe sal, algas e lembrança. Tirei a camisa andando, sem cerimônia, e deixei o vento bater no peito como se o peito fosse vela querendo encher de novo. Parei na arrebentação. A água veio e voltou, fria nos tornozelos, paciente. Me sentei ali mesmo, entre conchas quebradas e espuma, o sol de Angra cortando nuvem como faca cega. Fechei os olhos. Vi o vestido

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