SARA
Quando ele entrou no quarto, cambaleando, eu tava deitada, com a cabeça cheia de pensamentos. Vi ele com os olhos semiabertos, a silhueta escura contra a luz fraca da varanda. Ele foi pro banheiro, ligou o chuveiro, e eu ouvi a água caindo por um tempo. Quando saiu, veio direto pra cama, e deitou do meu lado, o corpo quente roçando no meu. Eu me virei pra ele, sentindo o coração na boca.
— Dom, eu queria agradecer por tu ter me dado um teto, sério. Eu não sei nem como te pagar. Tô aqui na tua casa, na tua cama, foi tudo tão rápido. Me desculpa por ter te tocado aquela hora. Eu sei que tu não gostou, tanto que saiu e só voltou agora, bêbado. Me perdoa por confundir tudo — falei, tocando o rosto dele, sentindo a barba rala na palma da minha mão.
Ele não disse nada. Nenhuma palavra. T
