Problemas de família.

1557 Words
Domingo, período vespertino.... Durante a refeição Camila estava flutuando nos momentos que teve ao lado do seu fantasmorado( uma mistura de fantasma com namorado). Ela, sem perceber, dava suspiros. Alda estranhou o comportamento da filha e moveu o seu olhar para o marido que tinha a cara, a cabeça e o sangue quente, pensando nos erros da primogênita. Logo os suspiros de Camila não era mais interessante para a matriarca Esteves; conhecia bem Evaristo e sabia que o progenitor pensava em soluções para o "terrível problema" de Tabata. Júnior não estava nem aí para os acontecimentos familiares; irmã que suspira sem motivo, irmã que se envolve com homem comprometido não tinha nada haver com ele. O moleque cheio de dobrinhas, queria mesmo era "conversar" com as coxas de frango assadas. _ Há quanto tempo está mantendo um caso com esse sujeitinho sem vergonha, Tabata?- perguntou o pai, mirando ferozmente a filha. Tabata não sabia onde colocar o olhar, preferiu encarar os caroços de feijão fradinho. Destestava aquela salada, ainda é assim, pouco mudou, mas para agradar a mãe que tinha esse prato como um dos seus preferidos, adicionou algumas colheradas ao seu prato. _ Alguns meses....- respondeu com a voz falha. Evaristo perdeu as estribeiras e deu um soco na mesa. Todos ficaram assustados, o progenitor raramente saía da linha e ele estava, naquele tempo, por um triz. _ Meses! Meses, Tabata!- Vociferou nervoso, as veias da face ficando calibrosas. A garota encolheu-se na cadeira diante da fúria do pai. _ Nós nos amamos, papai. Ele vai largar a esposa para ficar comigo.- Tabata redarguiu, talvez querendo abrandar o ânimo nada bom do pai. Não conseguiu, apenas lascou vento no incêndio e as labaredas ficaram imensas, formando um paredão. _ Em que planeta você vive, menina?! Acreditando no conto da carochinha! Esse infeliz está só se aproveitando de você, enredado a moça boba nas teias de mentiras que vem tecendo! Nunca ele vai largar a esposa, homens calhordas sem escrúpulos, são assim: safados! Tu, menina, não é a única amante desse canalha; ele esconde em dúzias por aí. Esse nojento, não vale nada, e você, minha filha, prestar-se a esse papel humilhante de ser uma concubina.- disse possesso, incendiado pela raiva e pela mágoa. Tanto Evaristo quando Alda, indavagam-se sobre em que ponto eles tinham errado na criação da sua primogênita. Não encontravam respostas, apenas uma folha branca e nada mais. _ Deixa de ser b***a, garota! Acreditar nas esparrelas de um borra-botas que vive às custas do pai. Gilmar não trabalha. Se anda de carro novo e ostenta luxo é por causa da esposa que é filha de gente graúda e do pai; pobre velho não teve sorte com o filho.- Alda bradou, a mãe queria mesmo é ter dado umas boas lapadas de cinto na filha, mas Evaristo não permitiu. Na concepção do pai, violência não resolve nada e só traz mais problemas e desunião famíliar; uma boa conversa, em seu ponto de vista, coloca tudo no lugar. _ Como pôde, Tabata? Ele tem uma família. Gostaria que fosse você que estivesse no lugar da esposa dele?- indagou Camila, pensando que na ponta dessa confusão toda tem pessoas que sequer sabem do que se passa; pensou nos prováveis filhos que o homem podia ter e na esposa que, um dia, casou-se por amor, por confiar e acreditar que aquele sujeito cuidaria dela da melhor maneira possível. _ Não fala sobre o que você não sabe! Eu tenho sentimentos pelo Gilmar. Ninguém pode julgar-los, estão dentro de mim, só eu sei o que sinto! E nenhum de vocês- falou a moça iludida apontado para os membros da sua família- sabe o que o meu namorado traz dentro do coração dele!- disse nervosa, com lágrimas querendo ganhar o mundo. _ Agora substituiram a nomenclatura de amante, amasio, para namorado. Olha os seus valores, menina! Sua mãe e eu lhe demos a melhor educação! Nunca fizemos nada que pudesse manchar nossas imagens, sempre fomos honrados, sempre fomos gente de bem e somos corretor quanto a tudo!- o senhor Esteves gritou, não aguentava mais ouvir as asneiras que sua primogênita cospia sem fazer uma prévia análise de tudo. _ Está proibida de ver o sujeito. Apartir de hoje, ficará sem celular e o notebook. Só vai sair comigo e com seu pai. Se eu te pegar com esse homem não respondo por mim, Tabata! Aprende a viver, uma mulher feita procurando " sarna para se coçar "!- disse Alda impondo sua autoridade de mãe. Tabata não redarguiu nenhuma só palavra, engoliu grosso. Os pais não sabiam que pela cabeça de vento da moça o pensamento fixo de que não permitiria que ninguém atrapalhasse seu relacionamento com Gilmar, estava mais que plantado. O momento da refeição continuou, sem gosto, sem graça, sem sabor e bem destemperada. Era o primeiro balanço nas estruturas daquela família. A louça do almoço era tarefa do Júnior, foi uma briga entre mãe e filho. _ Não quero lavar louça, mãe!- disse o garoto fazendo uma careta de descontente. _ Você não tem querer, aqui todo mundo faz alguma coisa e você, mocinho, também tem que ajudar.- salientou a progenitora, enquanto dobrava algumas toalhas de prato. _ Droga! Que saco!- disse o caçula bufando feito um touro enfurecido. _ Como é? Não estou ouvindo isso? Estou, senhor Evaristo Júnior?!- ralhou a mãe em alto e bom som. O menino ficou duro feito um concreto ao ouvir sua mãe o chamar pelo nome de batismo. Rapidinho o amostradinho achou a esponja e o detergente. _ Vê se pode uma coisa dessas, meu Deus! " O poste quer mijar no cachorro", o que está acontecendo por aqui? Agora a coisa resolveu dar um revestrés para o lado r**m! Ora, ora, que eu coloco tudo no eixo, corto uma vara de goiabeira e retiro tudo de r**m que anda se apoderando de vocês!- exprimiu a mãe fechando a gaveta com mais força que o necessário. _ A mulher bambu, vai enxugar, né? Eu não vou fazer tudo sozinho! - choramingou o preguiçoso. Camila que entrava na cozinha parou ao ouvir a alcunha nada agradável. Pela primeira vez olhou para si e entristeceu. _ Mãe? Eu sou muito magra? - perguntou para a progenitora com o semblante caído . Alda percebeu que as palavras de Júnior feriram Camila de uma forma diferente. A senhora Esteves pegou o pano de prato que sobrou pendurado no gancho e deu uma pancada nas costas do filho. Não machucou, mas serviu de alerta. _ Não, meu amor, você está linda! Tem um corpo com as proporções certas para a sua altura. - respondeu abraçando a filha- Júnior , precisa engolir a língua afiada.- completou. _ Vai, Camila, começa a enxugar que eu estou quase terminando. - mentiu, não estava nem na metade da louça. _ Não poderei, vim avisar que é esse domingo que meus colegas virão aqui para prepararmos a maquete sobre o meio ambiente.- relembrou a mãe. O trabalho foi pedido para a turma na quarta-feira passada, pelo professor de biologia; ficou acordado que seria executado em grupo de cinco pessoas. O material foi dividido entre os membros e depois de determiarem um local para todos poderem se reunir afim de preparar a maquete, marcaram um horário. O grupo da Camila, decidiram fazer o trabalho na casa da jovem. _ Meu pai do céu! Eu esqueci completamente, minha filha! Preciso preprar um lanche rápido para os seus amigos!- exprimiu Alda, ficando afoita - Vamos, Júnior, agilidade, meu filho, preciso preparar um bolo de cenoura e uns sequilhos.- proferiu abrindo o armário para pegar a batedeira. _ Sobrou tudo para mim! Amanhã não vou lavar louça, vai ficar tudo para a Camomila do mato!- inverteu as palavras o garoto. _ É alecrim do mato, seu bocó! - proferiu Camila. _ Mãe, olha ela! Não tô fazendo nada e a palito de fósforo começa!- reclamou sacodindo o corpo. _ Vamos parar os dois! Vocês querem o quê? Que eu tenha um infarto? - indagou Alda olhando para o livro de receitas- Camila coloca short's, minha filha. - disse erguendo os olhos para a moça. Camila apenas fez um gesto positivo com um menear de cabeça. A jovem subiu para a parte superior da casa; sentia falta do seu amor fantasma. Tocou os lábios com as pontas dos dedos, rememorando os beijos. Foram tantos, alguns de tirar o fôlego. Teve momentos que sentiu os b***s dos seus s***s ficarem arriçados e um foguinho tímido por baixo da saia. Levou um susto, mas não deixou transparecer. A jovem chegou ao seu quarto, vasculhou o guarda-roupas e pegou um short jeans e um top preto. Banhou-se e trocou suas vestes. Começou a organizar o material necessário para preparar a maquete. Abriu a gaveta da escrivaninha a procura do tubo de cola para isopor. No meio de tantas canetas, blocos de notas, clipes, furadores de papel e grampiadores, Camila viu um pedacinho de tecido; franzio o cenho, puxando com a pontas dos dedos, indicador e polegar, o pequeno tecido. Reconheceu a etiqueta há muito esquecida. Correu seus olhos pela letra V e R. A constatação foi inevitável. _ Pai amado! V de Varuna ! E o R? Dê que será? - murmurou supresa- Então a jaqueta ....é dele....- completou, espantada e com muitas perguntas brotando em sua mente.
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