Capítulo 17

1413 Words
Larissa Narrando Vocês acham que é fácil? Que a gente tá aqui de peito aberto só pra brincar de chefe? Que ser mulher na frente do morro é glamour? Não é! Cada passo que eu dou, cada decisão que eu tomo, tem um risco que vocês nem imaginam. Guilherme lá no hospital porque alguém quis brincar de se esperto, e eu tô aqui sentindo a raiva me queimar, a vontade de gritar, de quebrar tudo, de mostrar que ninguém mexe com quem eu amo sem pagar o preço. Sim, não tenho vergonha de fala que tô com medo, medo de perder quem importa, medo de acordar amanhã e não ver a pessoa que você jurou proteger, é um fogo que consome a gente por dentro, e ninguém vê. E ainda querem que eu sorria, que eu seja só mais uma, não, eu vou subir com raiva, com dor, e vou fazer o que tiver que fazer, porque aqui… eu não perco ninguém sem lutar. E se alguém pensa que a vida no morro é fácil, que venha aqui ver de perto, que sinta a dor de ter alguém que você ama entre a vida e a morte, ai sim vai entender o que é carregar o mundo nos ombros, e ainda ter que se manter firme. Deixou os meninos lá em baixo e entro no quarto, me sento na cama e respiro fundo, como quem suga o resto do ar do mundo antes de explodir, minhas mãos tremem, mas o rosto fica firme, vou por banheiro e entro no box, deixo a agua cair pelo meu corpo pra tenta relaxa um pouco, saio do banheiro enrolada na toalha e vou por closet, escolho uma roupa uma calça comprida preta e uma blusa branca, penteei o cabelo com pressa, peguei o celular o que sobrou dele, a tela tá toda quebrada e a chave do carro e a minha arma, desço e já não tinha mais ninguém na casa, saio de casa e entro no carro, no caminho até a boca, fico olhando tudo. Cheguei na boca e sair do carro, não falei com ninguém, só entrei, assim que passei na entrada, me deparei com uma cena que me deixou com mais ódio, o UB saído de uma das sala com um p**a, ele e gerente de umas das bocas. UB : Patroa? — Me olho assustado, encarei ele seria. Larissa : Que p***a é essa aqui? UB : Patroa e que eu... Larissa : Aqui não e puteiro não c*****o — Interrompi ele — Quer comer p**a leva pra outro lugar. X : p**a, não p***a — Ah mais ela não teve essa coragem não, tenho certeza que não e do morro, porque se fosse não ia ter essa coragem toda, o UB olho pra ela sério e depois pra mim, me aproximei devagar, tirei minha arma da cintura e apontei pra ela. Larissa : p**a sim — Coloquei a arma na cabeça dela, a mesma ficou me olhado apavorada, no pisca de olho dela, eu atirei no pé dela. X : Aí p***a — Começou a chora, me afastei e fiquei olhando por pé dela cheio de sangue. Larissa : Ainda fui boa contigo, mais ser cruzar a p***a do meu caminho, outra bala vai conhece outra parte do teu corpo — Coloquei a arma na cintura e olhei por UB — Se eu descobri que tu ou mais alguém tá trazendo p**a pra cá, vai morrer entendeu? — Ele concordou — Agora tira essa p**a da minha frente e tu vai fica no posto de Fogueteiro hoje — Ele já tava dois dias na barreira, ele tá cansado e vai fica ainda mais nessa p***a — E fica de olho em tudo, sem dormir na hora do serviço entendeu — Ele concordou e saiu. Entrei na minha sala, tirei a arma da cintura e joguei em cima da mesa, peguei a garrafa de whisky e me sentei, enchi meu copo e virei com tudo. É tanta coisa acontecendo que eu nem sei mais quem tá do meu lado e quem tá esperando eu cair, hoje foi pesado, e nesse momento sem querer, o pensamento vai nele… no Lucas, ele não e dessa vida, ele tem a vida dele, longe disso tudo, e talvez seja melhor assim, porque aqui o bagulho é diferente, aqui quem sente, perde, e eu não posso me dar esse luxo, ele é tipo paz — e paz é coisa que não combina comigo, ele nunca vai entender o que é crescer aqui, o que é ter que se impor pra sobreviver, mas mesmo sem entender, ele me olha diferente, e isso me bagunça, eu tento não pensar, tento deixar pra lá… só que desde quando eu vi ele, eu não consigo para de pensa nele, tem dia que o nome dele atravessa minha cabeça igual bala perdida. Só que eu volto pro foco, sentimento aqui não paga conta, não resolve problema, no morro, ou você endurece, ou você some, e eu ainda tô aqui. Saio do meus pensamentos com os meninos entrado e so falto o meu maninho. Rafael : Bêbedo denovo Larissa? — Falou ser sentado. Larissa : Não enche Rafael — Coloquei mais um pouco de whisky no copo, mais o Victor tirou de mim — Tá doido p***a, me dar essa merda aqui agora. Victor : A gente tem uma mercadoria pra pegar daqui a pouco e tu vai fica bêbedo c*****o. Luan : Se for assim, tu nem vai Larissa. Larissa : Vocês esqueceram que aqui quem manda só eu p***a — Eles me encaram e Victor me entregou o copo. Victor : Quem sabe se fode então c*****o — Saiu da sala e eu fiquei olhando por dois que ficaram, ele nunca falou tão sério assim comigo. Luan : O Lucas já tá subindo aí — Falou e encarou o celular, eu sei que todos estão nervosos, mais as vezes eles esquece que eu sou uma mulher de 18 anos, que sabe o que faz da vida, não e atoa que eu só a Dona disso tudo. Larissa : Quem vai nessa missão? Rafael : Eu, Victor, Luan, BH, Cobra, e os menor que vamos dar cobertura. Larissa : O lugar que nós vai já tá tudo certo? Luan : Sim, as duas casas já estao pronta. Larissa : E os carros e o galpão? Rafael : Tudo certo, os carros que vamos troca, tão no lugar marcado e o galpão tá tudo certo, Beijinho ja ta la ajeitado tudo. Larissa : Beleza, amanhã no morro as 8 da noite. Rafael : Eu e o Victor vamos volta por morro — Eu e o Luan olharmos pra ele. Luan : Como assim? Larissa : Não tem como vocês volta por morro Rafael? Rafael : A gente não vai deixa o morro sozinho até amanhã, VT e de confiança mais tem o Guilherme e se a polícia querer subir, alguém tem que fica de olho, vamos entra por trás ninguém vai ver nada. Larissa : Vocês toma cuidado, sabe que o asfalto vai fica perigoso, mais depois que o Cuzao descobri que perdeu a mercadoria. Rafael : Tu sabe que nós não brincar em serviço Larissa — Concordei e ficando repassando o plano, uns minutos depois escuto batidas na porta mando entra, e ele entra. Lucas : Oi — Falou sério com os meninos e me encarou. Ele tá ali de novo, nem parece que é o mesmo menino que apareceu perdido naquela baile, hoje tá com um jeito mais firme, olhar pesado, como se já tivesse acostumado com tudo isso — mas eu sei que não tá, ele é diferente, dá pra ver de longe. Tem alguma coisa nele que me desarma, e isso me irrita, eu olho e penso: "o que esse menino tá fazendo aqui?" Ele não nasceu pra esse tipo de vida, essa vida engole a gente sem nem mastigar. Ele tá tentando parecer forte, mas eu vejo que é só nervoso e o pior é que eu acho lindo, lindo de um jeito que me dá raiva, não posso deixar transparecer nada, aqui, se eu demonstrar um sentimento, o povo acha que é fraqueza — e eu não sou fraca, mas quando ele me olha, parece que me enxerga de verdade, e isso bagunça tudo dentro de mim. Então eu disfarço, finjo que não ligo, mas por dentro… sei lá. Talvez eu já ligue mais do que devia.
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