Joyce tinha seus 40 anos, era uma morena muito bonita e atraente, com olhos azuis, não aparentava a idade que tinha. Quem a olhava pensava que tinha compaixão, simpatia e humildade, mas tudo isso era uma fachada para esconder sua verdadeira personalidade: era podre e malvada.
Sentada em sua poltrona diante da lareira, tomava uma taça de vinho cabernet, de marca importada, da melhor safra de 2020, toda vestida de preto... Joyce sorria maquiavelicamente diante da notícia que recebera em seu celular. "Ah, como é bom o ar da juventude" - Pensou Joyce brindando o vazio.
– Pena que vai acabar... Misha, aproveite enquanto ainda respira! - Disse ela, rindo feito vilã de filmes de fantasia.
Na sala de estar em que Joyce estava, havia estantes de livros na cor marrom escuro, uma lareira super convidativa na cor branca com mármore preto, um sofá branco com uma mesa de centro de vidro, a poltrona (na qual ela estava sentada) na mesma tonalidade da estante e um tapete felpudo preto.
A notícia que Joyce lera dizia o seguinte: Bilionário da DEVAMA agradece tio pelos anos de ajuda e o homenageia durante a sua aposentadoria. Misha ainda foi questionado sobre relacionamento, se havia alguma dama que roubou o seu coração... Ele nos respondeu: "Sim, há uma dama que me conquistou e que agora irei lutar pelo seu amor"...
Após seu surto maléfico, Joyce suspirou com ar de vitória.
– Misha, você foi muito ingênuo em pensar que o seu tio era o "inteligente" e só me fez um favor o colocando atrás das grades... Me sinto livre para fazer o que quiser, porém, tirar as decisões que eu tinha na empresa... Ahhh, essa eu não irei perdoar.
Batidas na porta tiraram Joyce de seus devaneios e juras de vingança...
– Chefe, desculpe interromper, mas tenho informações importantes sobre o paradeiro de seu sobrinho.
Joyce odiava ser interrompida, mesmo que fossem com notícias boas, porque era a hora sagrada de seu lazer.
– Você sabe que eu odeio interrupções, Joshua, mas por hora, essa notícia amenizará a sua punição.
Joshua revirou os olhos, mas infelizmente servia a uma chefe totalmente egocêntrica...
Joshua tinha 1,90 de altura, era musculoso, tinha olhos verdes e era careca. Parecia um capanga de filmes de máfia. O que ninguém sabia era que a sua personalidade não combinava com seu porte físico; em outras palavras, ele era fofo e meigo.
– Sinto muito pela minha ousadia, chefe. Qual o próximo passo?
– É muito simples, chame os outros e faça parecer um acidente.
– Você quer isso para este final de semana? - Perguntou Joshua confuso.
– É sério que está me perguntando isso? - Perguntou Joyce, totalmente irritada.
– É que até todo mundo chegar, acho que só conseguiremos ir atrás de Misha na semana que vem.
– Você está tentando testar a minha paciência? - Disse Joyce, levantando-se da cadeira.
– Qual o plano?
– Preciso que ele assine a documentação passando as ações da empresa para o meu nome. - Disse Joyce, com olhar maquiavélico, olhando pela janela.
– Mas, será que pedindo, ele irá assinar?
Joyce o fuzilou com o olhar, caminhou até ele e o pegou pela gravata. Joshua arregalou os olhos, sem entender muito bem o que Joyce estava tentando fazer.
– Joshua, você tem 3 dias para arrumar tudo e é claro que o Misha não irá assinar de bom grado... Teremos de ser criativos para forçá-lo a assinar.
– Entendi, mas ele precisa morrer?
– Somente após assinar o contrato, você entendeu?
– Sim, agora entendi.
– Entendeu mesmo? - Disse Joyce, não acreditando e olhando-o com cara de descrença. - Me diz por que eu ainda não me livrei de você?
– Porque eu sou fiel à chefe! - Disse ele alegremente.
– Mas é burro feito uma porta! - Disse Joyce, levando a mão à testa.
– Não, chefe, assim você me ofende... Ser fiel é sinal de inteligência. - Sorriu alegremente para ela. - Chefe, você já jantou?
Joyce levou a mão à testa e chacoalhou a cabeça em sinal de negação.
– Chefe, eu vou arrumar a mesa para você jantar.
– Não precisa! Irei para meus aposentos...
– Tem certeza? Eu fiz salmão ao molho de vinho branco.
Joyce parou e pensou por um momento antes de sair.
– Você colocou rodelas de limão?
– Sim, como a chefe gosta. - Disse Joshua com sorriso no rosto, sabendo que convencera Joyce.
Joyce deu um sorrisinho amigável, balançou o salto de uma forma fofa (pena que ela era malvada, porque se alguém visse essa cena, com toda certeza iria duvidar de sua maldade) e respondeu:
– Pode arrumar a mesa então, vou jantar.
– Perfeito! Com licença, chefe. - Disse Joshua, retirando-se da sala de estar.
Joyce pegou o celular e ligou para Erick, pois sabia que Joshua era "mole" demais e não faria m*l a uma mosca.
– Erick, preciso que você faça um trabalho para mim. - Disse Joyce, com ar maquiavélico.
– Diga, sou todo ouvidos. - Disse Erick ouvindo o plano de Joyce.
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Misha acordara naquela manhã com sentimento de que algo r**m iria acontecer. Sabia que a sua tia poderia ser a vilã da "história" (se é que me entende, caro leitor). Agora que as coisas começaram a dar certo em sua vida, sabia que a sua maquiavélica tia poderia aprontar e não esperaria
isso acontecer sem antes se precaver. Saiu da cama, tomou um banho rápido, vestiu um jeans claro, camiseta branca e camisa xadrez, e pegou o celular para ligar para Lise.
– Lise, como estão as coisas por aí? - Eu perguntei, agoniado.
– Por enquanto, estão tranquilas, mas devo lhe informar que, por intuição, a sua tia irá aprontar alguma coisa. - Disse Lise, cochichando no telefone, evitando que alguém ouvisse a conversa.
– Como você sabe? Descobriu algo? - Eu perguntei, apreensivo.
– Desculpa Misha, eu não consegui nada concreto, mas está tudo calmo e, conhecendo a peça, sei que ela não vai deixar barato.
– Você também desconfia que ela possa ser a mandante de tudo o que o meu tio aprontava?
– Sim, minha intuição diz que sim... Tem algo que não se encaixa.
– Eu também penso assim. Acordei hoje com um pressentimento r**m.
– O que eu consegui de informação com os outros setores é que ela não veio mais à empresa nesses últimos dois dias em que você esteve fora.
– Entendi, vou pedir para o Leon investigar para ver se descobre algo. Obrigado, Lise. No mais, como estão as coisas aí na empresa?
– Nada pegando fogo. Toda a sua agenda eu refiz e repassei no seu e-mail, remarquei as reuniões de acordo com o que você me pediu, colocando-as para videochamadas. Dê uma olhada, caso queira alterar algo, é só me avisar.
– Perfeito, Lise... Verifiquei aqui e está tranquilo. Houve alguém me procurando?
– Apenas as mesmas "piriguetes" de sempre. Não sei como você consegue sair com mulheres interesseiras... - Disse Lise, com desgosto.
– Calma Lise, eu vou me aquietar... Mesmo que elas queiram algo, é apenas uma noite e nada mais. Aviso antes de sairmos e elas concordam.
– Elas só concordam porque acreditam piamente que irão conquistar o seu coração.
– Infelizmente meu coração já tem dona, sempre teve, e eu não engano ninguém, elas sabem que é apenas isso que eu tenho a oferecer: uma noite e nada mais.
– Como você consegue dormir facilmente com elas? - Lise perguntou, querendo me "bater".
– Lise, eu não durmo com todas. Confesso que em alguns casos isso aconteceu, mas é muito raro... Até porque eu vejo o rosto da Claire... Não consigo me concentrar no ato, acabo chamando o nome dela... Enfim, quando digo "uma noite", são os eventos em que eu vou.
– Agora entendo porque havia aquele rumor de que você era "gay". - Falou Lise, rindo bastante.
– Ah... agora você acha engraçado? Sua palhaça... Eu não sabia sobre esse rumor, mas também não ligo.
– Você não liga, mas você recebeu algumas ligações de estilistas famosos te convidando para sair.
– Verdade... Eu não tinha pensado nisso. - Eu falei, levando a mão à minha testa em sinal de desespero. - Lise, vou desligar porque está quase na hora da minha primeira reunião e eu pretendo pegar um café antes.
– Vê se você se alimente bem! Se voltar para cá mais magro, você vai se ver comigo, ouviu bem? - Falou Lise, em tom de ameaça.
– Pode deixar "Mamãe". - Eu disse rindo. - Lise, se cuida e qualquer coisa, me manda uma mensagem.
– Pode deixar! Se cuida por aí também.
Desliguei a ligação, abri a porta do meu quarto, saindo absorto em pensamentos que nem percebi que, na mesma hora, havia alguém passando em frente ao meu quarto, acabei trombando na pessoa fazendo com que ela caísse.