— Vamos, homem! Diga que sim. – falou Misha.
— Ok, vocês me venceram. Eu vou ficar! – concordou Joshua.
— Aí sim, até que enfim você concordou com algo que te trará coisas boas. - Eu falei.
— Sabe, eu perdi minha família precocemente. Sim, de uma forma trágica porque todos eram da máfia e eu só sobrevivi porque não estava no mesmo avião. - Falou Joshua.
— Nossa, eu não sabia do seu passado. Sinto muito amigo. - Falei dando minhas condolências.
— Obrigada Misha. Quem os assassinou não veio atrás de mim porque sabia que eu era "diferente" e que não faria mau algum a eles. Eu sabia que havia rixa dos meus pais com os próprios irmãos na busca louca pelo poder, mas eu não gostava nada daquilo.
— Então quer dizer que você nunca matou ninguém? - Perguntou Claire confusa.
— Não, sempre adorei cozinhar, vinhos, decorações... Enfim, falavam que eu não tinha "futuro". Aí com a tragédia, meus tios me colocaram para fora da propriedade, eu não estava no testamento de meus pais e tive que lidar com a vida sozinho.
— Agora entendi a razão de você ter me ajudado. Muito obrigada por isso. - Falei um tanto emocionado.
— Sim, não fiquei confortável em vê-lo passar por tudo o que eu passei. - Disse Joshua bebendo um gole de seu café.
— E com isso, acabou ganhando uma família. - Disse Claire sorrindo.
— Eu poderei cozinhar? - Disse Joshua empolgado.
— O que quiser fazer. Só que dividirá a cozinha com a minha mãe. O restante, se quiser até decorar a casa, te dou meu aval. - Disse Claire.
— Fico bem feliz com tudo isso. Muito obrigada por me acolherem. - Disse Joshua agradecido.
— Que bom que estamos resolvidos. Agora só temos de nos preocupar com os próximos passos da minha tia, pois sei que vem "bomba".
— Sim, ela ainda não sabe o endereço daqui, mas não levará muito tempo para descobrir. Sei que ela mandou alguém me seguir. O despistei, mas não sei quanto tempo levará até eles chegarem aqui. - Falou Joshua desanimado.
— Bom, podemos bolar um plano e coletar provas contra ela. - Falou Claire.
— Sim, mas a primeira coisa é você quebrar o seu celular. Não se preocupe, eu compro outro. - Eu falei para confortá-lo.
— Eu não tenho celular Misha. O que eu tinha, estragou há muito tempo e eu nunca consegui consertar.
Todos da sala se entreolharam.
"Que tristeza isso". - Eu pensei.
Sinto meu celular vibrando e quando o pego, vejo o número da minha tia estampado na tela.
— Olá víbora, digo tia. Ao que devo a hora de sua ligação? - Perguntei sarcástico.
Todos na sala me olharam de forma assustada.
— Olá inútil, digo sobrinho. Você viu o Joshua? - Perguntou ela do outro lado da linha, parecendo um anjo.
— Ainda não o vi, mas pode deixar que se eu o ver, você será a primeira a saber.
— Maldição! Aquele "desprovido de cérebro" ainda não deu as caras por aí? - Falou ela um tanto irritada.
— Tia, que m*l lhe pergunte... Mas, por qual motivo o Joshua viria aqui me procurar? - Me fiz de sonso.
— Você tem uma documentação pendente para assinar.
— Sério? Que estranho... Geralmente a minha secretária me envia todos os documentos por e-mail no qual eu preciso assinar.
— Esse não foi encaminhado.
— É referente ao que? - Eu já sabia o que era.
— Bom... Então.... É algo que o seu tio já deveria ter assinado há muito tempo. - Disse ela meio gaguejando.
— E do que se trata?
— Alguns papéis da contabilidade que precisam ser assinados.
— É referente a juros, empréstimos ou impostos?
— Vai a merda Misha! Só assina essa porcaria quando ele chegar aí! - Falou Joyce extremamente brava.
— Já te adianto que não irei assinar nada.
— Como ousa me desafiar?
— Não ouso, eu só não quero ser tapeado por você.
— Misha... Eu vou te mat... - Eu tirei o telefone da orelha e mesmo longe, ainda dava para ouvir seus berros.
Desliguei a ligação.
— Ela ficou irada. - Eu falei passando as mãos nos cabelos.
— Obviamente que ficaria. Com isso, sei que o Erick está vindo. - Falou Joshua.
— Quem é Erick? - Eu e Claire perguntamos ao mesmo tempo.
— Digamos que é quem "limpa a bagunça" para Joyce. - Falou Joshua.
— Temos alguma chance? - Perguntou Eduard tremendo nas bases.
— Talvez... Mas ele não age sozinho. Sempre trás capangas para fazer a pessoa assinar.
— Eu sabia! A vilã de tudo sempre foi a minha tia e meu tio caiu como patinho. - Eu falei empolgado com a descoberta.
— Eu não entendo a sua empolgação descobrindo isso... - Falou Claire com o cenho franzido.
— Ah... Então... Pelo menos consegui colocar 1 atrás das grades. Agora só falta o outro. - Falei esperançoso.
— Fato é... Temos que sobreviver ao que virá. Sei que ela mandará os capangas para cá e quer tudo resolvido até o final de semana. - Falou Joshua com a mão no queixo.
— Então temos 3 dias para isso. - Falou Claire.
— Acredito que menos. - Eu falei tentando pensar no que fazer.
— Devemos bolar um plano para pegá-los de surpresa. - Falou Eduard.
Todos na sala olharam para ele.
— Que foi? Falei algo errado? - Disse ele com os olhos arregalados.
— Eduard, você pode ir embora para não arriscarmos a sua vida. Isso é perigoso. - Eu falei preocupado com a segurança dele e também querendo me livrar (se é que me entende).
— De jeito nenhum! Vocês são MEUS AMIGOS e quero ajudar da melhor forma possível. - Disse ele discordando de mim com os braços cruzados.
— Eduard, já tentaram matar o Misha várias vezes. Você já levou um tiro? - Perguntou Claire, tentando fazê-lo mudar de ideia.
— Já, uma vez e foi bem dolorido. - Falou ele tocando no traseiro.
Eu e Claire seguramos o riso.
— Exato, dói. Isso se você ficar vivo. - Eu falei seriamente, mas querendo rir.
— Tudo bem, eu aguento. - Disse Eduard balançando a mão negativamente.
— Não vamos conseguir fazer você mudar de ideia né? - Eu perguntei com o cenho franzido.
— De maneira alguma. - Disse Eduard fazendo biquinho de forma bem decidida.
— Pois bem, que não reclame depois. Se reclamar, eu mesmo vou chutar o seu traseiro, ouviu bem?
— Totalmente. - Concordou Eduard.
— Certo, primeiramente temos que tirar os seus pais daqui, pelo menos por uns 5 ou 6 dias. Algum lugar que eles sonham conhecer? - Eu perguntei a Claire.
— Sim, podemos mandá-los para Paris, assim eles comemoram o aniversário de casamento. - Disse Claire.
— Perfeito, vou providenciar as passagens para que eles embarquem amanhã cedinho. Outro ponto, é dar folga para os seus colaboradores daqui da fazenda. Não quero arriscar a vida de ninguém.
— Certo Misha, vou providenciar isso assim que terminarmos a reunião. - Disse Claire aceitando as minhas "sugestões", digo plano.
— Agora só resta saber o que faremos quando os capangas chegarem. - Falou Joshua.