capítulo 04 - Tafa

1644 Words
Tafa narrando capítulo 04 Acordei com o coração batendo no ritmo do alerta. Quando o celular tocou, eu já tava meio desperto. Tava sentindo no ar que a madrugada ia ser pesada. Não sou de acreditar nessas parada de energia, mas a quebrada tem um silêncio diferente quando a merda tá pra estourar. Dedéu falou rápido, firme, do jeito que sempre fala quando o bagulho é sério. Meu braço direito. Se ele disse que a Força montou acampamento, então o cerco tá fechado de verdade. E o pior hoje e dia de reunião com os Irmãos tenho que colar pro guacuri , se tá mandado eles vão tentar fechar o as entradas por cima tem três e por baixo duas aí fode tudo . A reunião não e qualquer fita. E reunião com os lider , os cabeça das quebrada vizinhos Dorotéia, são Jorge, apura , Santa Amélia , inamar , morro do samba , fumaça so peixe grande fi e eu to sentindo que vai da merda . Os que respeitam a caminhada e, mais que isso, esperavam firmeza de mim. E agora, no mesmo dia, aparece essa movimentação toda da polícia? Coincidência? Nem fudendo. Levantei da cama ja pegando roupa pra vestir , fui juntando meus bagulho conferindo o grupo os cria passando a fita , foto rolando a solto no grupo , não parava de chegar. Trabalhado indo.pro trabalho tomando enquadro logo cedo , ja tava tudo parado na frente do clube começando fazer transito na avenida onde tem fluxo grande e rota de quem vai atrevessa a cidade. Mó tiração do c*****o logo cedo . Sai do quarto a Leka tava deitada no sofa , me olhou estranho mais não falou nada, se encolheu e empinou a bundona achando que eu ia da atenção , meu foco e outro agora , o olhar dela era puro veneno na alma ,essa é r**m. cobra criada, eu sei. Bonita, gostosa, presença… mas meu olho já viu o que precisava ver. Só que tem hora que a gente joga o jogo. E manter ela por perto é parte do meu. Fui no porão aonde eu guardo uns bagulho, me abasteci peguei mais uma peça e carreguei . Voltei pra sala e liguei o rádio. Frequência nossa, limpa. Voz dos menino rolando baixa, um passando visão da baixada , outro das lajes. A quebrada já tava de pé. Era isso que me fazia confiar. Mesmo com a merda batendo na porta, a gente tinha estrutura. A leka já não tava mais no sofá, pelo menos não ia causar na minha logo cedo . Peguei meu celular, chamei no grupo dos Irmãos. " Ae rapaziada tá tendo comando aqui em frente ao clube da turma , o bico sujo tá logo cedo ,querendo atrasa lado , c*****o , quem for dessa rota desvia eles tá parando todo mundo sem exceção , já passaram a visão aqui pra mim " Quem tá é logo o Souza aquele Zé ruela . Chegou foto dele aqui pra mim . Sem esperar resposta. Fui pra cozinha, botei café no fogo. Café forte, preto, sem açúcar. Enquanto a água esquentava, fiquei encarando o chão. Pensando se os homem tão na pista e logo hoje isso não é coincidência nenhuma. Souza aquele maldito, tá doido pela minha cabeça , verme desgraçado . Saí de casa com o sangue fervendo e o olho atento. A rua ainda tava naquele clima de ressaca da madrugada, mas o barulho dos portões abrindo, das motos ligando, e dos passo apressados entregava a quebrada acordou armada, mas com medo. E quando o povo tem medo, o patrão tem que tá de pé primeiro. Dedéu já me esperava no portão, de boné pra trás, a Glock na cintura e a cara fechada como sempre. - Falei que o bagulho tava estranho . ele disse assim que me viu, sem nem dar bom dia. - Eu senti, mano. O silêncio gritando, tá ligado? A gente se cumprimentou com toque firme, rápido. Sem tempo pra ideia fiada. Andamos juntos até o beco que levava pro barraco. O chão molhado da madrugada refletia as luzes dos postes. Cada canto parecia esconder um vulto. E o rádio no bolso do Dedéu soltava chiado e aviso os cria tavam posicionados, as bocas fechadas, as quebradas vizinhas de olho. -Já confirmaram três viatura lá em cima na Dorotéia, o bagulho ta sinistro . Dedéu falou -Sabia... tão tentando isolar . resmunguei, engolindo seco. Passamos por um grupo de menor de base, os moleque com os olhão arregalado, celular na mão, atentos nos grupos. Um deles falou baixo quando passamos. - É o Tafa, fi… o patrão acordou… Dei um leve aceno de cabeça e segui. Meu foco era um só agora eu precisava cola na reunião chegar no barraco e desenrolar com os Irmãos. Não dava pra remarcar essa . A cúpula ia tá toda lá, e se eu não comparecesse, iam achar que eu arreguei. Que eu enfraqueci. E num mundo como o nosso, parecer fraco é a senha pra te derrubarem. - A movimentação tá começando a recuar mas ainda tem viatura parada lá na escolinha ,troca de plantão , patrão tá ligado. lelão mandou áudio no grupo . - Manda os cria fazer a ronda perímetro do da padaria e da baixada . E fala com o Boca. Quero drone no ar . Qualquer passo errado, eu quero sabe. mandei a resposta . falei pro Dedéu e ele saiu do barraco . Subi na laje e fiquei parado, observando a quebrada quieta. Alguma coisa ia acontecer hoje. Pro bem ou pro m*l . Vi uma movimentação estranha na interpe ,terreno vazio de joga lixo nosso famoso cemitério clandestino . Daí foi tudo muito rápido, só ouvi a gritaria . - Perdeu, ladrão! Perdeu! A voz cortou o ar como um disparo. Quando virei o rosto na direção da Interpe. Vi os colete preto, letra amarela as armas apontadas. Era a Força Tática mesmo. Os bota tavam aqui , e tavam no veneno. -Mão na cabeça, c*****o! Vai, p***a! gritou um deles, na minha direção com o fuzil na mão e a alma no ódio. Não deu tempo nem de pensar. Larguei o rádio no chão, joguei a Glock pra dentro da caixa d’água e levantei os braços. Mesmo sabendo que não ia adiantar. Eles já tinham meu nome, minha cara, minha quebrada toda no radar. Aquilo ali não era operação comum. Era caçada. E o alvo era eu. - TÁ ARMADO! alguém berrou. Em dois segundos, senti o impacto. Me empurraram com força contra o chão da laje. O rosto raspando no concreto a bota pressionando minhas costas. - Cadê a p***a da arma, vagabundo? esbravejou um deles, cuspindo raiva perto do meu ouvido. -Não tô armado, pô. Tô limpo . respondi, voz firme, tentando manter a calma mesmo com o sangue fervendo. Mas eles não queriam resposta. Queriam humilhação. Veio o primeiro chute na costela. Depois outro nas pernas. Me arrastaram pela camisa até a escada da laje. Eu segurando o tranco, mordendo a raiva. Não era hora de bater de frente. Não não sozinho. -Achou que era quem, seu merda? Rei da favela? Aqui é a lei, p***a! Aqui é o Estado! gritou outro, me puxando pelos braços como se eu fosse boneco. Desci degrau por degrau sendo chutado, xingado, filmado. Porque eles tavam filmando. Tavam transmitindo a “prisão do traficante perigoso” igual show de horrores. Queriam palco, queriam holofote. E eu era o prêmio. Na frente do barraco, vi os vizinhos assistindo tudo calados. A tia do salão com a mão na boca. O véio da birosca com o olhar baixo. Até os menor da base não tavam mais com celular, tavam paralisados. Tentei comunicação só com olhar , e parece que um entendeu . Vergonha? Nenhuma. Raiva? Todas. Porque mesmo no chão, com o joelho do verme me esmagando, eu sabia isso não ia acabar aqui. Se me levar, vão ter que sustentar. E se eu sair vai ter volta. Um policial se abaixou e puxou meu rosto pelo cabelo. - Cadê os Irmãos ? Hein? Cadê a reuniãozinha de vocês? falou rindo, como se tivesse vencido um jogo. Olhei no fundo do olho dele, com a cara suja de pó do chão, a boca cortada, e disse baixo: - Vai se f***r filho da p**a . Tu só conseguiu me pegar porque chegaram na trairagem alguém deu com a língua e pode anotar , pode me levar hoje mais depois eu te acho. falei na maldade .Ele bufou de raiva e me deu um tapa seco no rosto. - Se sai de lá e vivo cuzão . naquele momento... eu já tava longe dali. Minha mente já corria solta, calculando, pensando, organizando. Ouvi a voz da minha tia , eles me colocaram sentado no chão com a mão algemada pra trás, levantei o olhar , eles andava pra lá e pra cá na minha quebrada achando que ele era dono . Vi dois deles impedindo minha tia de aproximar . - Tira a mão dela p***a respeita c*****o . dei um grito e senti um chute na costela que me tirou o ar , c*****o que ódio minha tia ter que presenciar tudo isso . Começou forma a rodinha dos morador em volta , uns acolhendo minha tia , outros só Zé polvinhando mesmo . atravessaram a viatura na minha frente e me jogaram no camburão . Na hora quem tava passando ? a mina de ontem o olhar dela cruzou com o meu e dessa vez demorou pra desviar , a porta bateu seca quando ela virou o rosto assustada , de moletom cinza com a mesma bolsa de ontem , cabelo preso e com olhar cansado. p***a ela tinha que passar logo agora ? VAMBORAAAAA minhas gatas demorou mais saiu 2/2
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