Indo para a escuridão. ( Pietro)

437 Words
" Os sonhos podem nos trazer aqueles que amamos para aplacar a dor da saudade." Por: Pietro. O que se pode esperar de um homem arruinado? Nada, pois ele se torna um nada, um miserável perdido nas dores de sua alma. Sentado numa poltrona de uma aeronave, com destino a um país para o qual me recusei inúmeras vezes a mudar-me. Agora estou aqui com passagem somente de ida. Que piada sem graça e de mau gosto do destino. Vou embora levando lembranças amargas e muitos sentimentos deixados pelo caminho. A única certeza que tenho é da saudade que carrego no peito. Respiro fundo, fecho os olhos e finjo que estou dormindo, não aguentando mais as tentativas inúteis da passageira sentada ao meu lado de tentar flertar comigo. Pelo jeito a viajem vai ser longa . Retiro a corrente que fica no meu pescoço de dentro da minha blusa, onde carrego as alianças que Pâmela e eu trocamos diante do juiz. Beijo-as e volto a colocá-las dentro da minha blusa, em contato com a minha pele. "Sinto sua falta, amor. Por que me deixou? Pâmela, não sei viver sem você." - falo em pensamento. Meu peito queima, minha garganta sufoca diante da verdade. Nunca mais verei minha esposa, jamais tocarei seu lindo corpo ou sentirei seu sabor. Estou condenado ao sofrimento até o fim dos meus dias. Jamais irei amar alguém como amo a Pâmela, e nenhuma outra mulher vai tomar o lugar dela em meu coração. "Meu amor, não sei se podes me ouvir de onde você está, mas te peço perdão por não poder realizar o seu sonho de ser mãe. Me perdoa por não te dar essa alegria, me perdoa", peço, sentindo meu peito doer. A vontade de chorar vem forte, e eu seguro. Por dentro estou morto, arrasado e por fora essa casca não reflete muito de como estou. Sou verdadeiramente um campo minado, terra devastada, arrasada pelo anjo da morte que se adiantou e resolveu retirar a vida da mulher mais linda da face desse planeta. Ajeito melhor o meu corpo na poltrona e fecho os meus olhos, buscando o sono. Preciso dele, já que não posso anestesiar essa maldita dor com álcool. Preciso dele para não surtar e fazer uma besteira em pleno voo. Talvez nos planos astrais eu tenha permissão para poder ver a minha esposa. Beijar seus doces lábios e fazer-lhe juras de amor ao pé do seu ouvido. Desejo tanto sentir o calor da sua mão na minha pele, sorver o delicioso perfume que sai dos poros da sua pele delicada. Fico de olhos fechados até que adormeço.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD