ARTHUR
Eu não deveria ter ido trabalhar no dia seguinte.
Ainda sentia o cheiro dela na minha pele.
O corpo dela pressionado ao meu.
A sensação da coxa dela quando subiu na minha mão.
O volume — firme, pulsando — reagindo ao corpo dela como se tivesse vida própria.
Passei a noite acordado, tentando convencer minha mente de que aquilo não poderia se repetir.
Mas meu corpo não acreditava nisso.
Meu corpo lembrava demais.
Ela me deixou em pedaços.
E pior: eu deixei.
Quando cheguei na sala, ainda cedo, a luz estava apagada. Um alívio.
Mas o alívio terminou quando ouvi a porta atrás de mim.
E eu soube.
O ar mudou.
O silêncio mudou.
Eu mudei.
— Professor Moretti. — ela disse, a voz baixa… perigosa.
Virei devagar, como se estivesse puxando correntes presas ao meu corpo.
Ela estava lá.
Cabelo solto.
Um olhar que queimava.
E aquela postura que dizia: eu sei o que aconteceu, e você também sabe. Não adianta fugir.
— Srta. Duarte — consegui dizer, mas a voz saiu arranhada, entregue, traída.
Ela caminhou em minha direção.
Devagar.
Medindo cada passo, como se estivesse entrando na mente de um predador — ou provocando um.
E eu era os dois.
Quando ela parou perto demais, meu corpo inteiro respondeu como se ela tivesse apertado um interruptor.
O volume já estava ali, desperto, pulsando, reagindo antes mesmo do meu pensamento.
Eu respirei fundo.
Erro fatal.
O perfume dela entrou no meu peito como um tiro.
— Aconteceu alguma coisa ontem que… — tentei dizer, mas ela interrompeu.
— Aconteceu. — Sua voz era firme, quente, irresistível. — E não acabou.
Meu autocontrole partiu no meio.
Ela deu só mais meio passo.
Um único meio passo.
E meu corpo encontrou o dela antes que eu pudesse recuar.
O volume pressionou a barriga dela — firme, ereto, pulsando com tanta força que parecia latejar contra ela.
E ela sentiu.
Eu vi nos olhos dela que sentiu.
— Professor… — ela sussurrou, e meu nome na boca dela parecia pecado.
Ela levou a mão até minha camisa, mas não tocou.
Apenas pairou ali.
E mesmo assim meu corpo inteiro enrijeceu, como se o toque tivesse acontecido.
Ela chegou mais perto.
Tão perto que minha respiração bateu na clavícula dela.
Eu fechei os olhos por um segundo — erro — porque quando abri, ela estava ainda mais perto.
— Não deveria… — tentei dizer.
— Mas quer. — ela interrompeu.
Sim.
Eu queria.
A mão dela então finalmente tocou minha camisa — leve, mas suficiente para meu corpo inteiro responder como se ela tivesse marcado um comando.
O volume pulsou forte, pressionando contra ela, onde pulsa mais intensamente, onde meu controle falha primeiro.
Ela percebeu.
Claro que percebeu.
E sorriu.
Um sorriso pequeno… perigoso… vitorioso.
Ela se inclinou até minha boca — sem beijar — encostando apenas o ar entre nós.
Eu gemi baixo.
Meu corpo reagiu com força, empurrando o quadril contra o dela sem pensar, sem permissão da minha mente, como se o instinto tivesse assumido o lugar da razão.
Ela colocou a mão na minha nuca — não puxando, mas guiando.
E meu corpo obedeceu como se pertencesse a ela.
O volume pressionou entre nós outra vez, mais forte, como se estivesse tentando encontrar espaço dentro dela mesmo sem haver nenhum.
Pulsando onde arde.
Onde deseja.
Onde trai a minha sanidade.
— Olha como você reage a mim — ela disse, sem tocar minha boca.
Eu estava ficando sem ar.
Sem lógica.
Sem defesa.
Segurei a cintura dela com força, mais força do que deveria. Ela arqueou o corpo, oferecendo mais — sempre mais.
— Eu não posso… — murmurei.
— Então para. — provocou.
Mas eu não parei.
Empurrei o corpo dela contra a mesa atrás dela — sem violência, mas com força suficiente para o impacto arrancar um suspiro quente da boca dela.
A mesa tremeu.
Eu tremi.
O volume pressionou o quadril dela, onde pulsa mais forte, reclamando, exigindo, querendo atravessar a linha que eu não podia atravessar.
As mãos dela subiram pelo meu peito, lentas, calculadas, como se estivesse estudando cada reação que eu tinha ao toque dela.
— Você está perdendo o controle — ela disse.
Eu quase ri.
— Eu já perdi.
Meu quadril moveu involuntariamente contra o dela — só um deslize, só um impulso, mas foi o suficiente para ela soltar um som que fez meu corpo inteiro queimar.
Eu agarrei o tampo da mesa atrás dela, tentando evitar que minhas mãos fizessem algo que eu não devia.
Mas o corpo dela estava ali.
Quente.
Entregue.
Querendo.
E eu estava pulsando onde não devia, onde não podia, onde o desejo tomava decisões que a moral não sustentava.
Ela aproximou os lábios do meu ouvido.
Quase tocando.
Quase.
— Você acha mesmo que isso vai parar aqui?
Eu empurrei o quadril contra o dela outra vez — forte demais, preciso demais, desesperado demais — como resposta involuntária.
Ela sorriu.
Eu senti o sorriso dela no meu pescoço.
E então a porta da sala se abriu.
Nós congelamos.
Eu ainda estava pressionado contra ela.
O volume ainda latejava onde pulsa, exposto demais, traidor demais.
A respiração dela ainda batia no meu pescoço.
E alguém entrou.
Chamando meu nome.
Minha ruína começava ali.
E a dela também.