- ELE NÃO CONSEGUE FUGIR

884 Words
ARTHUR Eu não deveria ter ido trabalhar no dia seguinte. Ainda sentia o cheiro dela na minha pele. O corpo dela pressionado ao meu. A sensação da coxa dela quando subiu na minha mão. O volume — firme, pulsando — reagindo ao corpo dela como se tivesse vida própria. Passei a noite acordado, tentando convencer minha mente de que aquilo não poderia se repetir. Mas meu corpo não acreditava nisso. Meu corpo lembrava demais. Ela me deixou em pedaços. E pior: eu deixei. Quando cheguei na sala, ainda cedo, a luz estava apagada. Um alívio. Mas o alívio terminou quando ouvi a porta atrás de mim. E eu soube. O ar mudou. O silêncio mudou. Eu mudei. — Professor Moretti. — ela disse, a voz baixa… perigosa. Virei devagar, como se estivesse puxando correntes presas ao meu corpo. Ela estava lá. Cabelo solto. Um olhar que queimava. E aquela postura que dizia: eu sei o que aconteceu, e você também sabe. Não adianta fugir. — Srta. Duarte — consegui dizer, mas a voz saiu arranhada, entregue, traída. Ela caminhou em minha direção. Devagar. Medindo cada passo, como se estivesse entrando na mente de um predador — ou provocando um. E eu era os dois. Quando ela parou perto demais, meu corpo inteiro respondeu como se ela tivesse apertado um interruptor. O volume já estava ali, desperto, pulsando, reagindo antes mesmo do meu pensamento. Eu respirei fundo. Erro fatal. O perfume dela entrou no meu peito como um tiro. — Aconteceu alguma coisa ontem que… — tentei dizer, mas ela interrompeu. — Aconteceu. — Sua voz era firme, quente, irresistível. — E não acabou. Meu autocontrole partiu no meio. Ela deu só mais meio passo. Um único meio passo. E meu corpo encontrou o dela antes que eu pudesse recuar. O volume pressionou a barriga dela — firme, ereto, pulsando com tanta força que parecia latejar contra ela. E ela sentiu. Eu vi nos olhos dela que sentiu. — Professor… — ela sussurrou, e meu nome na boca dela parecia pecado. Ela levou a mão até minha camisa, mas não tocou. Apenas pairou ali. E mesmo assim meu corpo inteiro enrijeceu, como se o toque tivesse acontecido. Ela chegou mais perto. Tão perto que minha respiração bateu na clavícula dela. Eu fechei os olhos por um segundo — erro — porque quando abri, ela estava ainda mais perto. — Não deveria… — tentei dizer. — Mas quer. — ela interrompeu. Sim. Eu queria. A mão dela então finalmente tocou minha camisa — leve, mas suficiente para meu corpo inteiro responder como se ela tivesse marcado um comando. O volume pulsou forte, pressionando contra ela, onde pulsa mais intensamente, onde meu controle falha primeiro. Ela percebeu. Claro que percebeu. E sorriu. Um sorriso pequeno… perigoso… vitorioso. Ela se inclinou até minha boca — sem beijar — encostando apenas o ar entre nós. Eu gemi baixo. Meu corpo reagiu com força, empurrando o quadril contra o dela sem pensar, sem permissão da minha mente, como se o instinto tivesse assumido o lugar da razão. Ela colocou a mão na minha nuca — não puxando, mas guiando. E meu corpo obedeceu como se pertencesse a ela. O volume pressionou entre nós outra vez, mais forte, como se estivesse tentando encontrar espaço dentro dela mesmo sem haver nenhum. Pulsando onde arde. Onde deseja. Onde trai a minha sanidade. — Olha como você reage a mim — ela disse, sem tocar minha boca. Eu estava ficando sem ar. Sem lógica. Sem defesa. Segurei a cintura dela com força, mais força do que deveria. Ela arqueou o corpo, oferecendo mais — sempre mais. — Eu não posso… — murmurei. — Então para. — provocou. Mas eu não parei. Empurrei o corpo dela contra a mesa atrás dela — sem violência, mas com força suficiente para o impacto arrancar um suspiro quente da boca dela. A mesa tremeu. Eu tremi. O volume pressionou o quadril dela, onde pulsa mais forte, reclamando, exigindo, querendo atravessar a linha que eu não podia atravessar. As mãos dela subiram pelo meu peito, lentas, calculadas, como se estivesse estudando cada reação que eu tinha ao toque dela. — Você está perdendo o controle — ela disse. Eu quase ri. — Eu já perdi. Meu quadril moveu involuntariamente contra o dela — só um deslize, só um impulso, mas foi o suficiente para ela soltar um som que fez meu corpo inteiro queimar. Eu agarrei o tampo da mesa atrás dela, tentando evitar que minhas mãos fizessem algo que eu não devia. Mas o corpo dela estava ali. Quente. Entregue. Querendo. E eu estava pulsando onde não devia, onde não podia, onde o desejo tomava decisões que a moral não sustentava. Ela aproximou os lábios do meu ouvido. Quase tocando. Quase. — Você acha mesmo que isso vai parar aqui? Eu empurrei o quadril contra o dela outra vez — forte demais, preciso demais, desesperado demais — como resposta involuntária. Ela sorriu. Eu senti o sorriso dela no meu pescoço. E então a porta da sala se abriu. Nós congelamos. Eu ainda estava pressionado contra ela. O volume ainda latejava onde pulsa, exposto demais, traidor demais. A respiração dela ainda batia no meu pescoço. E alguém entrou. Chamando meu nome. Minha ruína começava ali. E a dela também.
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