— PEDIDOS QUE NÃO SE VOLTAM ATRÁS

1216 Words
ISABELA Eu virei o rosto para ele. — Você é… perigoso. Arthur ficou parado, como se minhas palavras tivessem se instalado nele. Os olhos dele varreram meu rosto lentamente, descendo para minha boca, subindo de novo. O ar entre nós pareceu encolher. — Você não faz ideia — ele respondeu, a voz tão baixa que arrepiou a minha espinha. Talvez eu não soubesse mesmo. Eu só sabia de uma coisa: Eu queria aquele perigo. Dei um passo para frente. Ele não recuou. Dei outro. A respiração dele ficou mais pesada. A minha também. Quando fiquei perto o bastante para sentir o calor do corpo dele atravessando minha roupa, tomei a decisão que vinha queimando dentro de mim desde o primeiro dia. Segurei a camisa dele com força. E o empurrei contra a mesa. Os papéis tremeram, alguns caíram no chão, e o som seco do impacto me fez perder o ar por um instante. Arthur ficou ali, apoiado nos braços atrás do corpo, olhando para mim como se eu tivesse acabado de cruzar uma linha da qual ele nunca imaginou que eu tivesse coragem. — O que você pensa que está fazendo? — perguntou, mas a voz traía ele. Rouca. Afundada em desejo. — O que você já quer há muito tempo — respondi. Antes que ele pudesse contestar, subi na ponta dos pés e encostei minha boca na dele — não beijando ainda, só tocando, provocando, arranhando a linha da sanidade dele. Ele arregalou os olhos por um segundo. E então… explodiu. As mãos dele saíram da mesa e agarraram minha cintura, me puxando com tanta necessidade que eu tropecei para frente e bati o corpo no dele. Ele prendeu meus quadris entre as pernas dele, me segurando firme, como se estivesse com medo de eu escapar. — Isabela… — ele disse, e meu nome saiu como um gemido contido. — Não faz isso comigo. — Eu quero você — murmurei, o lábio quase rasgando o dele sem beijar de verdade. — Quero agora. Ele fechou os olhos, como se aquilo tivesse acertado bem no centro de tudo que ele tentava esconder. — Me… — deslizei a boca pelo canto da boca dele, subindo até o ouvido — …possua. Foi o gatilho. Ele me puxou com tanta força que um som escapou da minha garganta antes que eu pudesse impedir. A boca dele encontrou a minha como se estivesse esperando há séculos — não foi beijo, foi uma captura. Úmido. Profundo. Urgente. Senti a mesa nas minhas costas quando ele me virou rápido, levantando meu corpo com as mãos na minha cintura. A boca dele me devorava com fome, como se cada segundo longe tivesse sido tortura. Eu beijei de volta com a mesma intensidade, segurando o rosto dele entre as mãos, puxando, prendendo, exigindo. Era impossível dizer quem estava dominando quem. As mãos dele subiram pelas minhas costas, pressionando meu corpo contra o dele até não existir espaço. Ele me beijava como se quisesse arrancar o ar de dentro de mim e devolver moldado pelo dele. Quando ele separou a boca da minha, estávamos os dois ofegantes. — Você vai me destruir — ele murmurou, encostando a testa na minha, como se o mundo estivesse girando rápido demais. — Só se você me deixar parar — respondi, puxando a camisa dele novamente. Ele riu baixo, um riso que vibrou quente contra minha boca — e me mordiscou o lábio inferior antes de voltar a me beijar. Desta vez, o beijo foi mais lento. Mais profundo. Mais… íntimo. O tipo de beijo que diz “eu não queria, mas preciso”. As mãos dele desceram pela minha cintura, firmes, guiando meu corpo contra o dele de um jeito que fez meu estômago se contorcer de calor. Ele me ergueu ligeiramente e eu senti o movimento — forte, decidido, masculino — segurando minhas coxas como se estivesse prestes a me puxar para ele de um jeito que não haveria volta. — Arthur… — gemi contra a boca dele. Ele abriu os olhos ao ouvir meu tom. Os olhos escuros, tomados por um desejo tão forte que quase me fez perder as pernas. De repente, ele me virou. A parede estava atrás de mim antes que eu entendesse. O corpo dele veio logo depois, colando o dele no meu, prendendo minhas mãos acima da cabeça com uma força que não doía — queimava. O beijo voltou, mas agora era outro. Profundo. Domínio puro. Um pedido e uma rendição ao mesmo tempo. Minhas pernas fraquejaram. Ele percebeu. E sorriu contra minha boca, satisfeito. As mãos dele desceram pelas minhas, escorregando pelos meus braços, pela cintura, pelos quadris, até me puxarem para perto de novo. Seu corpo inteiro contra o meu. O calor dele atravessou a roupa como fogo. Um segundo mais — e aquilo não seria mais só beijo. Eu senti isso. Ele sentiu isso. As mãos dele deslizaram pela lateral do meu corpo num caminho lento demais para ser inocente. Me puxou de volta para a mesa, segurando minha cintura com as duas mãos, e quando subi um pouco no tampo da mesa, ele se aproximou como se o corpo dele tivesse sido feito para se encaixar no meu. Eu passei a perna pelo lado dele, puxando. Ele gemeu baixo, enterrando o rosto no meu pescoço, respirando como se tentasse se controlar e falhando miseravelmente. — Isabela… se eu continuar… — a voz dele falhou — …eu não vou conseguir parar. Segurei o rosto dele e fiz ele me olhar. — Então não para. As mãos dele vieram para minhas coxas, subindo devagar, firmes, como se finalmente tivesse deixado de lutar contra si mesmo. Eu soltei um suspiro que fez ele fechar os olhos — um som que, claramente, rompeu mais uma amarra nele. Ele inclinou o corpo, encaixando mais perto, a boca voltou para a minha, o beijo ficou tão quente que eu senti minhas costas arquearem. E foi nesse exato momento — nesse ápice — que ouvimos passos no corredor. Passos rápidos. Vozes. A sombra de alguém passou pela porta entreaberta. Arthur congelou. Eu também. O silêncio que caiu foi brutal. Ele afastou o rosto, ainda segurando minha cintura, o peito subindo e descendo como se tivesse corrido uma maratona. Eu toquei o rosto dele, respirando quase sem ar. — Não acaba aqui — murmurei. Arthur me olhou como se aquilo fosse ao mesmo tempo promessa e ameaça. — Eu sei — respondeu. — E é exatamente isso que vai me destruir. Eu sorri, pequena, perigosa. — Não vai. Eu não vou deixar. Ele ficou me encarando… e por um instante, parecia que ia me puxar de volta. Mas não puxou. Eu deslizei da mesa, arrumando a roupa com mãos trêmulas. Ele virou o rosto, tentando recuperar a respiração. Antes de sair, falei suavemente: — A gente vai continuar isso. Quando você estiver pronto. Arthur fechou os olhos. E a forma como ele disse não com palavras, mas com o corpo inteiro, que ele já estava pronto… quase me fez ficar. Mas saí. E o ar frio do corredor bateu em mim como um aviso: O que aconteceu naquela sala não tinha volta. Mas eu não queria volta. Eu queria ele. E ele — por mais que negasse — queria a mesma coisa. ⸻
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