Narrado por Roberto Monteiro Albuquerque
A sala ficou muda depois que mandei os dois saírem. Só o barulho da porta fechando e o tique-taque do relógio marcando meu silêncio. Fiquei sentado, caneta rodando entre os dedos, cabeça fervendo.
Foi quando a porta abriu de novo, sem batida. Só um ousava fazer isso.
Henrique Bastos. Inspetor das antigas. Cabelo grisalho raspado curto, cicatriz no queixo de briga que nunca contou, e aquele olhar que já viu tanto cadáver que perdeu a conta. Não era amigo eu não uso essa palavra. Mas se tem um homem aqui dentro que eu deixaria nas minhas costas numa troca de tiro, é ele.
— Te procurei o dia inteiro, Monteiro. — ele falou firme, fechando a porta atrás de si. — Estranhei. Você é o único delegado que não falta nem quando tá doente.
Levantei os olho
