Já era fim de tarde quando colocamos o último pedaço de fita crepe na sacola. As paredes estavam cobertas de um amarelo tão claro que quase parecia branco sob a luz da janela. Mas era a cor certa. Tinha algo de calmo nela, como se dissesse que Aurora seria bem-vinda.
Kauan ainda tava agachado num canto, limpando os respingos que ele mesmo tinha deixado na madeira da janela. Eu me sentei no chão, com as pernas esticadas e a camiseta dele coberta de tinta, aquela que ele tinha me emprestado pra eu não sujar a minha.
— Tô morta — murmurei.
— Eu também. Meus braços vão cair.
— Vamos pedir comida? Aqui não tem nada ainda. Nem fogão, nem panela... só tem fome.
— Verdade. Melhor pedir marmita e comer no apê. Aqui ainda tá cheirando tinta demais.
Ele tirou o celular do bolso, discou rápido e
