Capítulo 5

1491 Words
BRUTUS Já fazia duas semanas que o Joaquim e a Betina tavam morando lá em casa… e vou te falar: tá sendo um teste de paciência, irmão. Achei que ia ser tranquilo, que ia dar pra curtir o lance aos poucos, chegar devagar, conquistar o espaço... mas p***a nenhuma. A mina sai cedo, volta tarde, cheia dos mistério. Diz que tá na lojinha do pet shop, que é trampo e tal… mas não me convence não. E não é nem porque acho que ela tá fazendo alguma parada errada. O bagulho é que eu quero controlar tudo, tá ligado? Cada passo, cada respiração, cada olhada que outro dá nela me dá uma raiva... um ciúme doente. Tá virando obsessão mesmo, eu admito. Nunca fui de ficar nessa nóia com mulher nenhuma. Sempre tive o que quis, na hora que quis. Mas com ela é diferente. É como se ela tivesse me no veneno e nem soubesse. Às vezes ela passa por mim pela casa, com aquele shortinho ridículo de curto e a camiseta larguinha que ainda assim deixa os p****s marcando. E o pior? Ela nem se toca. Nem sabe o efeito que tem em mim… ou sabe e faz de propósito, safada. Mas eu sou malandro. Se a oportunidade não vem, eu crio. Já sabia que o recesso escolar tava chegando. Lojinha ia fechar uns dias, escola também. Ia ser minha chance de ouro. E foi aí que me deu o estalo: "Vou tirar o Joaquim e a minha mãe de cena. Tirar os dois da jogada, deixar só eu e ela aqui dentro dessa casa." Planejei tudo. Fui na agência, comprei as passagens, reservei hotel com café da manhã, almoço e janta, tudo bonitinho. Nordeste, sol, mar, rede, tapioca e cachaça... mas sem eu ou a Betina. Quem ia aproveitar era o casalzinho. Cheguei em casa justo na hora do almoço. Coisa que eu quase nunca faço. Mas hoje eu quis fazer presença, causar impacto. Sabia que os dois iam estar lá, comendo e trocando ideia. Abri o portão, entrei, e o cheirinho de comida da minha mãe já bateu. Tava fazendo aquela carne assada que derrete na boca. — Olha só quem apareceu! — minha mãe falou rindo, surpresa. — O milagre sem o santo! — Ah, dona Maria... de vez em quando eu tenho que lembrar vocês que eu existo, né? — respondi largando meu chaveiro na estante e caminhando até a mesa. Joaquim levantou a mão pra cumprimentar. — E aí, rapaz. Vai almoçar com a gente hoje? — Não vim pelo rango não, vim trazer um presente. Minha mãe fez aquela cara desconfiada que só ela sabe fazer. — Presente? Que presente é esse? Tirei o envelope do bolso e joguei em cima da mesa com moral. — Isso aqui, ó… é pra vocês curtirem uma lua de mel. Nordeste, sol, calor... tudo pago. Eles ficaram em choque. Minha mãe pegou o envelope, abriu com cuidado, e quando viu as passagens, arregalou os olhos. — Brutos... cê tá maluco, menino? Isso aqui é uma fortuna! — Fortuna nada, mãe. Vocês merecem. Joaquim aí batalhando direto, você cansada... vão descansar um pouco, pô. Tirar uns dias pra vocês. A casa fica por minha conta. Joaquim me olhou como se eu tivesse virado um santo. — Pô, cara… eu nem sei como te agradecer. — Agradece indo. Aproveita. O hotel tem até rede na varanda — falei rindo, com a mente já maquinando tudo. Betina não tava em casa. Disse que ia passar na farmácia depois da escola, mas já tava quase na hora dela chegar. Minha mãe ainda insistiu: — Mas e a Betina? A gente não pode deixar ela sozinha… — Relaxa. Eu cuido dela — falei com a maior cara de p*u e segunda intenção embutida na frase. Joaquim nem notou, ou fingiu que não notou. Já minha mãe me deu um olhar daqueles, tipo “tô de olho”. Mas f**a-se. Eu já tava com tudo armado. Viagem marcada pra três dias depois. Mala ia ser feita na moral, e quando eles embarcassem… eu ia ter a casa inteira só pra mim e pra Betina. Eu e ela. Quatro paredes. Uma tensão do c*****o. Nenhum adulto pra atrapalhar. E eu juro… se essa garota não se jogar pra mim até o fim dessa viagem, eu vou pirar. Ela chegou no fim da tarde. Veio com o uniforme da lojinha, cabelo preso naquele coque bagunçado e a pele um pouco suada, um brilho natural que me fez engolir seco. Dei só um sorrisinho torto. — Boa tarde, boneca. — Oi, Brutos — respondeu sem parar, indo direto pro quarto dela. Porra… me ignora de um jeito que me deixa mais doido ainda. Fiquei só olhando aquele rebolado no shortinho jeans desbotado, até ela sumir pela porta. Me peguei pensando se ela dormia de calcinha ou sem nada, se acordava com a pele arrepiada igual eu ficava só de lembrar dela. A mina virou meu vício. Meu pensamento fixo. Minha vontade constante. E agora... agora eu só contava os dias. Três. Só mais três. Três dias pra eu trancar essa casa com a chave, desligar o mundo e fazer ela perceber que o jogo virou. Que quem tava mandando era eu. E que não adiantava fugir mais. Ela ia ser minha. Nem que fosse no grito. --- Minha mãe tava toda boba com a viagem. Joaquim também. Os dois tavam naquele climinha ridículo de casal apaixonado, parecia até adolescente. No começo da noite, ela veio com papo: — Filho, eu e o Joaquim vamos ali na pizzaria do Seu Manoel, aproveitar a noite. — Vai lá, mãe... curte. — falei com um sorriso cínico, mas por dentro tava vibrando. A chance que eu queria tava ali, escancarada. Assim que a porta bateu, eu dei aquela conferida pela casa. Silêncio. Só uma luz acesa vindo do quarto da Betina. A porta entreaberta, me chamando igual sereia chamando marinheiro. Me aproximei devagar, sem fazer barulho. Cheguei perto da brecha e, quando botei o olho, quase perdi a noção. A cena me pegou de cheio. Ela tava deitada de bruços na cama, shortinho curto que m*l cobria aquele bundão empinado. A blusa larguinha subia e deixava à mostra as costas branquinhas. Os pés balançavam no ar, cruzando de vez em quando. Um livro na mão e um sorrisinho nos lábios. Aquilo ali era tortura. Meu p*u endureceu na hora, parecia que tinha sido chamado pra guerra. Eu fiquei ali, olhando, respirando fundo pra não invadir o quarto. Mas aí o celular dela tocou. — Oi, Bernardo... tô bem e você? Travei. Quem p***a era Bernardo? Fiquei parado, escutando. — Eu só vou tomar um banho rapidinho e já vou, me encontra na praça do campinho... beijos. Beijos? Ela mandou beijos? O sangue subiu de um jeito que quase explodi. Meu punho fechou, senti os músculos tremendo. Queria socar a parede, o chão, qualquer coisa. Queria arrancar a p***a do Bernardo do mapa. Voltei pro meu quarto pisando fundo. A cabeça fervilhando, o ciúme queimando no peito, latejando nas têmporas. Tentei respirar, mas não adiantava. Só pensava nela com outro. Com aquele maldito Bernardo. Ouvi quando ela entrou no banheiro. O barulho da água caindo. Imaginei cada gota escorrendo no corpo dela. A pele molhada, o sabonete espalhado entre as coxas grossas. Aquilo só aumentava minha raiva e meu desejo. Um misto de ódio e t***o. Ouvi ela sair do banho, o barulhinho das havaianas pelo chão, a porta do quarto se fechando e depois... silêncio. Minutos depois, a porta da casa se abriu. Saída leve, disfarçada. Ela tava indo pro tal encontro. Esperei um pouco, só pra garantir. Aí fui direto pro quarto dela. Tudo organizadinho, do jeitinho que ela era. A cama esticada, o livro sobre o travesseiro, o quarto cheirando a floral, a limpeza toda. Entrei no banheiro. O vapor ainda no ar, como se ela tivesse saído segundos atrás. O espelho embaçado, a toalha usada pendurada. Meu coração disparou. Fui até o cesto de roupa suja. Levantei a tampa devagar, como se tivesse prestes a encontrar um segredo. E encontrei. Lá estava. A calcinha. Rosa clarinha, rendada nas laterais. Ainda úmida. Quase gemi só de olhar. Peguei com cuidado, como quem pega um prêmio. Levei até o rosto. O cheiro era doce, quente, envolvente. Tive que fechar os olhos, me segurar pra não fazer besteira ali mesmo. A respiração acelerou. O corpo esquentou. Guardei no bolso como quem esconde um diamante. Aquilo agora era meu. Um pedaço dela comigo. Saí do quarto em silêncio, passei pela sala, peguei a chave do carro. A noite tava quente, o céu limpo. Mas dentro de mim, era tempestade. Tava decidido. Ia até a p***a da praça do campinho ver quem era esse Bernardo. Ia olhar no olho dele. Ver se ele tinha peito pra chegar perto da Betina de novo. E se não tivesse… azar o dele.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD