Aos poucos a igreja ia acolhendo mais pessoas, a família Jones estava aparentemente toda ali, tomando seus lugares os que não puderam vir ao enterro estavam ali. Alguns da família Cowell os parentes da mãe do Aron estavam ali também, era tão fascinante como Georgine era querida por todos.
Aron estava ao meu lado quieto, eu não gostava de vê-lo daquela forma, mas não tinha nada o que eu pudesse fazer para ajudar a não ser abraçá-lo e confortá-lo. Coloquei minha mão sobre a dele e passei a acariciá-la com o meu polegar, Aron virou a palma para cima segurando a minha com firmeza, virei meu rosto para ele, mas ele não me olhava de volta.
- Mamãe? – escutei o choramingo baixo da Laura.
- O que foi Lily? – perguntei me virando para ela.
- Quero colo – murmurou manhosa coçando os olhinhos, soltei a mão de Aron para pegar a minha pequena no colo, Laura encostou a cabeça no meu peito e se aninhou em meus braços. Segurei a mão do meu marido outra vez.
Christopher subiu ao altar da igreja, ele iria dizer algumas palavras sobre a irmã.
- Hoje é mais um dia triste para todos nós – ele começou baixo – Hoje fazem sete dias que a minha querida e amada irmã nos deixou. Christopher estava visivelmente abalado, mas quem ali não estava, não é?
- Georgine foi uma mulher incrível – ele continuou emocionado, fechei os olhos por instante – Amada por todos eu tenho certeza disso e... – ele hesitou por um instante, olhei para ele outra vez, Christopher estava se segurando para não chorar ali mesmo – Eu a amava muito, vou sentir tanta falta da minha querida irmã – Christopher respirou fundo. Christopher até tentou continuar, mas ele não conseguiu falar mais nada e caiu no choro sendo amparado por Claire sua esposa. Quando Tyler subiu ao altar para dizer algumas palavras sobre a Georgine, senti Aron apertar minha mão.
- Bom – ele suspirou antes de continuar abaixou a cabeça por um instante – Georgine Jones foi por muito tempo mais que uma tia avó pra mim, ela foi mãe pai e tudo o que eu precisei desde que os meus pais se foram tão cedo. Eu era uma criança quando tudo aconteceu e... – hesitou, engoliu o choro respirou fundo para então continuar – Se não fosse por ela, eu não sei se eu seria esse homem que sou hoje, talvez eu não tivesse aguentado tudo o que me aconteceu. Eu só tenho a agradecer por tudo o que ela fez por mim, claro que eu queria ter feito isso antes, mas eu não consegui... Certo, eu não vou prolongar mais isso sei que todos aqui estão tristes demais nós não perdemos somente a vovó, e eu espero que as duas tenham o seu merecido lugar no céu e o descanso infinito – ele suspirou e então desceu do altar.
Outros familiares também subiram ao altar, alguns disseram coisas bonitas outros lembraram da infância alguns sinceramente não disseram coisa com coisa, mas foi muito bonito de ouvir e ver que as pessoas gostavam e iriam sentir a falta dela.
Coloquei Laura sentada ao lado de Aron e me levantei, eu também precisava falar um pouco sobre Georgine, não que isso fosse obrigação, mas sim por que ela merecia ser homenageada por todos. Enquanto caminhava até o altar eu podia sentir os olhares de todos ali, subi os dois únicos degraus do altar e me coloquei atrás da pequena bancada onde tinha um microfone. Minhas mãos formigavam e meu coração disparou quando encarei toda aquela gente que era a minha família.
Pigarreei antes de começar, puxando ar para os meus pulmões tentando assim acalmar o meu coração e as lágrimas que ameaçavam cair a qualquer instante.
- Quando eu entrei para essa família, tudo o que eu conseguia pensar era que nunca iriam me aceitar, por muito tempo tentei fugir do momento em que eu seria apresentada a família Jones – ri baixo me lembrando do medo que eu senti quando Billy me disse que a mãe dele queria me conhecer – Lembro que senti meu coração quase sair pela boca quando vi Georgine pela primeira vez, ela me encarou por alguns minutos e então abriu um sorriso enorme e me abraçou tão apertado, se eu fechar os olhos eu ainda posso sentir a sensação dos seus braços me apertando – procurei Aron com o olhar até encontrá-lo me olhando fixamente, pela primeira vez desde que chegamos ele mantinha a atenção em alguém que subiu naquele altar – Lembro-me do que ela me disse quando nos conhecemos, Georgine olhou nos meus olhos e disse "Agora você é oficialmente da família" eu agradeci e a abracei de novo. Quando me casei com Billy Georgine ocupou por algum tempo o lugar da minha mãe. Eu agradeço por ter feito parte da família que ela construiu apesar de tudo, a nossa última conversa foi há algumas horas antes de tudo e... – hesitei senti um nó na garganta – Ela me agradeceu por tudo, por eu ter feito o filho dela feliz, por ter feito o neto dela feliz – ofeguei, evitei olhar para qualquer outra pessoa naquele instante – Ela estava grata por tudo, mas quem tem que agradecer por tudo por todas as oportunidades pela confiança sou eu. Agradeço por ter feito parte da vida dela e por ter sido amada por ela. Georgine foi uma mulher incrível e merece ser homenageada todos os dias pela família. Obrigada Georgine por ter amado todos nós apesar de todas as coisas que aconteceram, obrigada por não ter desistido de nós em momento algum – finalizei meu discurso, limpei as lágrimas que escaparam dos meus olhos. Voltei para o meu lugar mais rápido do que quando sai de lá, peguei minha filha outra vez no colo.
Quando tudo acabou Aron se levantou devagar, quando todos os outros fizeram saindo na frente, levei minha filha sonolenta no colo, Nick estava com Nina, Tyler e Dylan.
- Foi um bom discurso Hannah – Nina comentou quando já estávamos ao lado de fora da igreja.
- É a verdade Inna, ela foi incrível – murmurei encarando minha amiga.
- Mamãe, podemos ir para casa agora? – Nicholas perguntou ao se aproximar de nós, ele coçou os olhos com sono.
- Sim filho, nós já estamos indo – respondi sorrindo levemente – Vocês vão lá pra casa? – me voltei para Nina.
- Talvez mais tarde – murmurou ela.
- Tudo bem, obrigada por ter vindo – agradeci apertando sua mão.
- Não precisa agradecer Hannah. Agora vá para casa e cuide da sua família e daquele moço ali – disse apontando para o meu marido parado perto do carro.
- Claro – assenti – Até mais Nina – me despedi dela e a vi se afastar indo em direção a Tyler, acenei para o loiro que sorriu fraco e acenou de volta. Nick foi até o pai, entrando no carro em seguida meu bebe estava cansado.
- Hannah?
Christopher e Claire estavam parados em minha frente, sorri para eles.
- Oi Christopher, Claire.
- Obrigado pelas palavras – Christopher murmurou, seus olhos estavam vermelhos pelas lágrimas – Tenho certeza de que ela está feliz e em paz.
- Com certeza – assenti.
- Ela deve estar orgulhosa da família que ela construiu Hannah – Claire disse.
- Obrigado por cuidar de tudo Hannah, por ter preparado essa missa para ela e para que os outros pudessem se despedir da minha irmã de alguma forma – ele me olhava emocionado.
- Christopher, por favor, não precisa agradecer eu só fiz o que tinha que fazer, Georgine merecia ter sido homenageada assim antes, mas infelizmente não deu tempo então isso é pouco perto de tudo do que ela fez por mim, por todos nós – fui sincera.
- Mesmo assim obrigado querida – Christopher tocou meus braços de leve num carinho.
- Não se preocupe – Pedi – Vocês vão lá sim?
- Jantamos juntos, certo? – indagou.
- Claro até mais tarde, descansem um pouco.
Me despedi deles e de mais alguns, então fui para o carro.
- Mamãe estou com fome – Nicholas resmungou ao meu lado.
- Nós já estamos indo para casa querido – falei enquanto colocava Laura na cadeirinha, depois ajudei Nicholas a colocar o cinto, fechei á porta e me sentei em frente ao volante – Está tudo bem? – perguntei olhando para Aron. Ele assentiu em silencio e sem me olhar, suspirei. Coloquei o cinto e dei partida no carro.
Entrei na cozinha cansada, eu precisava de uma xicara de café ou chá o que fosse. Respirei fundo e me apoiei no balcão.
- Hannah?
Cora estava parada do outro lado do balcão me encarando, sorri para ela e deixei os ombros caírem.
- Oi Cora. Como vai? – perguntei atenciosa.
- Estou bem na medida do possível – respondeu – Foi um belo discurso – comentou.
- Obrigada. Obrigada por ter ido – agradeci.
- Eu adorava aquela mulher, sempre gostei – murmurou – Você está abatida, quer que eu prepare alguma para você comer? – perguntou.
- Não. Estou sem fome – respondi.
- Então que tal um chá? – insistiu, eu tive que aceitar. Cora preparou rapidamente duas xicaras de chá para nós duas, nós nos sentamos a pequena mesa redonda.
- Cora eu estava precisando de um chá – admiti rindo baixo.
- Acho que todos nós estávamos – acrescentou – Como o senhor Aron está? – quis saber.
Beberiquei um pouco do meu chá de camomila, estava delicioso.
- Triste e calado – falei – Ele não disse nada durante o enterro, durante a missa. E quando falou foi só para se culpar – passei uma das mãos na testa antes de dar outra bebericada no chá.
- Talvez seja melhor deixá-lo quieto por alguns dias, quem sabe ele entenda que ninguém teve culpa pelo que aconteceu – disse ela.
- Talvez você esteja certa – encarei o vazio – Às vezes eu acho que eu tenho uma parcela de culpa por ele estar assim fechado – comentei – Eu me irritei e acabei tratando ele de um jeito horrível como se a culpa tivesse sido dele – ri fraco sem humor.
- Não diga isso Hannah – pediu senti uma de suas mãos tocar a minha num leve carinho confortante – Se você disse alguma coisa, com certeza foi em um momento de estresse e desespero.
Neguei com a cabeça.
- Eu não sei se foi por isso – olhei para Cora – Talvez seja minha culpa.
- Não se preocupe. Tudo vai se resolver querida, você vai ver.
Eu queria acreditar naquilo queria mesmo talvez pudesse ser verdade, mas estava bem difícil. Eu tinha que ter paciência com Aron a partir de agora por mais complicado que pudesse ser.
Os dias que se seguiram foram quietos da parte de Aron, na verdade ele passava a maior parte do dia dentro do quarto, comendo somente por que Cora, ou Ava levavam comida. Ele dormia ao meu lado, mas era como se eu dormisse sozinha, eu sei que tinha dito a mim mesma que teria que ter paciência com ele, mas Aron estava exagerando se entregando dessa forma para a tristeza.
Tyler ligava todos os dias para saber quando ele voltaria para a empresa, Tyler estava precisando dele para resolver algumas coisas, mas do jeito em que Aron estava seria difícil tirá-lo de casa. Então resolvi eu mesma ir trabalhar, deixava Laura sob os cuidados de Cora e Ava, levava Nicholas para a escola de manhã e o pegava na hora do almoço e o levava para casa almoçava e voltava para a empresa.
Passava mais tempo fora de casa do que outra coisa, meus filhos estavam sentindo a minha falta e eu a deles, mas o que eu podia fazer deixar tudo de lado.
- Mamãe por que você esta trabalho no lugar do papai? – Nick perguntou. Estávamos saindo de casa, eu o levaria para a escola antes de ir para a empresa, o dia estava corrido me atrasei alguns minutos, tudo por que Laura não queria me deixar sair do quarto dela.
- Por que o papai está... – hesitei, procurando alguma resposta que pudesse convencê-lo – O papai quer passar alguns dias descansando, ele trabalha demais filho – acrescentei.
- Ele nunca sai do quarto, mamãe. Lily e eu queríamos brincar com ele, mas ele não quis – reclamou, olhei-o pelo retrovisor, ele olhava pela janela, distraído.
- Eu sei amor, não se preocupe seu papai está bem, logo ele volta sair do quarto a trabalhar e tudo mais – prometi mesmo sem saber se algo assim aconteceria tão cedo, mas meu filho não precisava ficar triste.
- Tudo bem mamãe – concordou baixinho.
O resto do nosso percurso até a escola dele foi feito em silencio, vez ou outra eu o espiava pelo retrovisor e ele continuava observando a paisagem pela janela do carro.
Algumas crianças estavam prontas para entrar no colégio, e outros acabavam de chegar assim como o Nicholas. Tirei o cinto dele e o ajudei a sair do carro, entreguei a mochila e a lancheira para ele e me abaixei ficando quase da mesma altura dele.
- Não fica triste filho, o seu pai logo, logo vai ficar bem – tentei tranquilizá-lo – Estude bastante e aprenda coisas novas, amor – pedi tocando seu rosto carinhosamente – Eu te amo Nick – beijei seu rosto.
- Também te amo mamãe – murmurou. Nick passou os braços por meu pescoço me abraçando, beijei seu pescoço retribuindo seu abraço caloroso.
- Boa aula filhinho – desejei antes de deixá-lo ir, fiquei observando meu bebe se misturar entre todas aquelas crianças. Meu filhinho já era um rapazinho.
Quando foi que ele cresceu tão rápido?
- Bom dia, Nicole – cumprimentei-a.
- Bom dia senhora Jones – cumprimentou de volta educada.
- Tyler já chegou? – perguntei, apoiei uma das mãos sobre sua mesa olhando-a esperando por sua resposta.
- Já está na sala dele – respondeu prontamente.
- Certo – assenti – Já conseguiram uma secretária para ele?
- Sim senhora a senhora Wright começa hoje – avisou.
- Ok. E a nova diretora de Marketing, temos alguma novidade? – insisti.
- A senhora tem uma entrevista marcada com uma candidata ás três da tarde de hoje – informou.
- Tudo bem. Qualquer coisa, estou na minha sala.
Entrei na sala, sobre a mesa tinha algumas pastas e alguns papéis que eu precisava assinar. Sem demora comecei a trabalhar, Tyler apareceu na minha sala pouco tempo depois, resolvemos alguns assuntos dos novos comerciais.
Eu estava cansada tive que trabalhar dobrado nesses últimos dias para compensar os dias em que Aron ficou fora. Tyler não conseguia dar conta de tudo sozinho então foram algumas noites em claro, trabalhando em alguns contratos, mas eu sabia que no fim valeria a pena.
- E o Aron como está? – Tyler perguntou enquanto ambos revisávamos alguns contratos.
- Continua trancado dentro do quarto – respondi, essa era a minha realidade desde que Georgine faleceu.
- Deus! Ele precisa se ocupar em alguma coisa ou vai definhar – comentou ele sincero.
Tyler estava certo, mas o que eu podia fazer, se Aron não dizia uma palavra se quer.
- Eu sei, mas ele não reage Tyler – murmurei. Deixei os papéis de lado apoiei os cotovelos na mesa embrenhando os dedos entre os cabelos.
- Ela não iria querer que ele ficasse assim Hannah, nós precisamos fazer alguma coisa – disse. Olhei para Tyler buscando alguma ajuda.
- O que eu posso fazer? – indaguei dando de ombros – Aron consegue ser mais manhoso que os próprios filhos. E o pior é isso, os meus filhos estão sendo afetados, Nicholas está triste – contei.
- Mais um motivo para que façamos algo – insistiu.
- Você está certo – concordei – Mas vamos voltar ao trabalho agora – pedi e assim fizemos, trabalhamos o resto da manhã até o horário do almoço, e ai então recomeçou a correria, peguei Nick no colégio e fomos para casa, meu filho ainda estava triste e fechado só respondia exatamente o que eu perguntava em poucas palavras. Quando chegamos em casa ele correu para o quarto, segui para a cozinha minha Lily já devia estar almoçando, entrei na cozinha, mas não encontrei minha pequena estranhei, Lily sempre está com Cora ou Ava na cozinha.
- Olá, onde está a Laura? – perguntei olhando da mais velha para a mais nova.
- Foi lavar as mãos – respondeu Ava concentrada no que fazia.
- Certo – bati as mãos no balcão de leve – Aron saiu do quarto? – quis saber, olhando direto para Cora e pela sua expressão eu soube a resposta antes dela dizer.
- Não e nem quis tomar café – contou.
Acenei positivamente com a cabeça, dei meia volta e sai da cozinha, eu tinha que dar um jeito nisso antes que eu acabasse maluca. Subi a escada depressa, entrei no quarto de Laura e ela já estava saindo do banheiro, minha pequena correu em minha direção peguei-a em meu colo enchendo-a de beijos, logo desceu do meu colo e correu para fora do quarto dizendo estar com muita fome.
A porta do quarto de Nicholas estava aberta e vazio, assim como a porta do meu quarto, entrei e lá estava ele ao lado da cama observando o pai dormindo, me aproximei devagar, mas ele percebeu minha presença.
- Porque não vai almoçar querido? – acariciei seus cabelos castanhos, já estava na hora de cortar um pouco.
- Sinto falta dele – olhou para o pai – Queria que o papai almoçasse comigo.
Meu pobre bebe. Me sentei na cama fazendo ficar de frente pra mim.
- Também sinto falta dele, amor – confessei olhando-o nos olhos – Por que não almoça comigo? – sugeri. - Você precisa trabalhar mamãe – resmungou triste abaixando a cabeça, meu coração apertou vendo meu filho daquele jeito. Puxei Nicholas para os meus braços.
- Quer saber, não vou trabalhar hoje á tarde vou ficar aqui com vocês, o que acha? – indaguei esperançosa.
- Promete – sua voz saiu abafada e baixa por ele esta com o rosto em meus cabelos.
- Prometo, mamãe vai ficar com você e a Laura, podemos brincar a tarde inteira.
- Vai ser legal – comentou.
- Mas antes precisamos almoçar para repor as energias – falei, afastei-o um pouco para olhá-lo nos olhos.
- Tudo bem – sorriu fraco.
- Certo, vá descendo querido – pedi, beijei seu rosto e assim ele o fez. Me virei para Aron que continuava dormindo, sua respiração estava calma e fraca.
Aquilo precisava acabar, e hoje.
Depois do almoço liguei para Tyler para avisá-lo que não voltaria para a empresa. Eu confiava nele sabia que Tyler podia dar conta de tudo e ainda entrevistaria a candidata que eu entrevistaria hoje.
As crianças e eu passamos a tarde inteira brincando no quarto de brinquedos e no jardim também, invadimos a cozinha e preparamos sanduíches e doces com a ajuda de Cora e Ava. Meus filhos estavam sorrindo se divertindo, distraídos com as brincadeiras que inventávamos a todo instante, aquilo era a minha recompensa poder ver o sorriso deles, aquilo valia mais que qualquer coisa na vida.
Depois do banho nós três fomos para a sala para assistir alguns desenhos, enquanto esperávamos o jantar ficar pronto, fazia tanto tempo que eu não assistia a desenhos.
- Mamãe hoje foi divertido – Nick comentou.
- Foi mesmo – Laura concordou feliz, seus olhinhos azuis brilhavam.
- Podemos repetir quando quiserem – prometi, se tudo saísse como eu estava pensando, amanhã eu não iria precisar ficar o dia inteiro na empresa.
- Amanhã? – Lily sugeriu esperançosa.
- Amanhã será um ótimo dia, podemos ir ao parque brincar e ir ao salão tem um garotinho precisando cortar o cabelo – falei divertida olhando para Nick que fez uma careta fofa.
- Também quero – Laura gritou animada se levantando do sofá. Eu ri dela.
- Senhora? O jantar está pronto – Ava avisou. Me levantei do sofá ajeitando a blusa e ajudei Nick a ficar de pé.
- Vamos duplinha – brinquei.
- Mamãe o papai não vai jantar com agente? – Laura parou no meio do caminho virando-se para me olhar – Estou com saudade – acrescentou.
Forcei um sorriso e olhei para Ava.
- Leve os dois, por favor – pedi – Eu vou dar um jeito nisso.
Ava levou os dois para a cozinha, respirei fundo e subi. Quando entrei no quarto o vi sentado perto da janela observando o nada, como se não houvesse mais nada para se fazer na vida, fechei á porta atrás de mim e me aproximei.
- Aron o jantar já está pronto – murmurei, ele se remexeu na poltrona ao ouvir minha voz.
- Não estou com fome – respondeu baixo, a voz rouca pela falta de uso talvez, já que ele não falava desde a missa.
- Aron você precisa se alimentar sair desse quarto – continuei – Não pode viver para sempre aqui.
- Não estou com fome, Hannah – repetiu agora um pouco mais alto.
- Já chega! – ralhei irritada, parei na frente dele, mas nem se quer levantou os olhos para me olhar – O seus filhos estão sentindo a sua falta sabia? – indaguei – Não, você não sabe por que resolveu se trancar nessa droga de quarto - ele continuou calado, sem me olhar - Olha pra mim. Agora – ordenei. Ele o fez depois de alguns segundos, seus lindos olhos azuis estavam tão vazios e distantes – O que você está fazendo se distanciando de todos nós assim? O que você pensa que está fazendo com essa família Aron? – perguntei encarando-o fixamente, esperei por sua resposta que não veio – Você já passou de todos os limites Aron Jones, essa sua culpa está me irritando, esta magoando os meus filhos. Quantas vezes eu vou ter que dizer a você que não foi culpa sua, não foi culpa de ninguém – parei por um instante respirando fundo controlando a tremedeira em minhas mãos e voltei a olhá-lo – Você acha que se fechando para o mundo para a sua família para os seus filhos vai fazer com que você se sinta melhor? Ou que mude alguma coisa? – insisti, ele me encarava triste - Pois fique sabendo senhor que não vai. Tudo o que você vai conseguir é afastar todos nós definitivamente. Tyler está trabalhando sozinho, fazendo coisas que não é obrigação dele, ele esta deixando de fazer coisas com a família dele, de descobrir coisas novas com Dylan para não deixar aquela empresa de pernas para o ar – senti meus olhos arderem – Eu estou cansada disso tudo Aron, cansada de ouvir Nicholas dizer que sente a sua falta de tentar explicar as coisas a Laura de atender as ligações da família e responder a mesma coisa sempre quando eles perguntam sobre você. Estou cansada de ver você agindo como coitado, estou cansada de ficar sem você – cobri o rosto com as mãos – Eu preciso descer para jantar com os meus filhos, que por sinal estão esperando por você também, então sugiro que você pare com isso agora mesmo e levante desse sofá tome um banho e desça para jantar conosco – conclui. Sai do quarto e ele continuava no mesmo lugar sem mexer um músculo. Sequei as poucas lágrimas que insistiram em cair, eu tinha que parecer bem na frente das crianças. Quando entrei na sala de jantar eles estavam conversando animados enquanto comiam, me juntei a eles.
- O papai vem mamãe? – Lily quis saber me olhando assim como Nicholas.
- Eu não sei querida – respondi. Cora me serviu e logo estava acompanhando os pequenos no jantar. Eles comentavam aos risos sobre o nosso animado dia, e eu acabei me distraindo um pouco também rindo vez ou outra.
- Papai! – Lily gritou se levantando da cadeira e correndo em direção ao pai que provavelmente estava entrando, continuei o meu jantar observando meu menino abrir um sorriso enorme. Aron colocou Laura de volta na cadeira ao meu lado dando a volta na mesa deixando um beijo nos cabelos de Nick e se sentar finalmente em seu lugar.
- Cora, por favor – ele pediu baixo referindo ao seu jantar, e assim a senhora fez servindo rapidamente. Tinha dado certo, eu poderia ficar mais aliviada, ele estava tentando pelo menos.
Aron tinha colocado as crianças na cama, e ficado um pouco com eles depois que eu sai do quarto deles. Ajeitei o lençol e o coberto antes de me deitar, ele entrou no quarto silencioso, entrei embaixo do cobertor já me preparando para finalmente relaxar quando ele se aproximou, sentando-se perto de mim.
- Eu... – ele começou um tanto receoso e cabisbaixo – Eu sinto muito por essas semanas Hannah, eu não fazia ideia do que estava causando á você as crianças – ele respirou fundo – Mas é que foi tão difícil pra mim que... - O interrompi.
- Para todos nós, perder a vovó foi difícil para todos nós, mas nem por isso nos fechamos uns para os outros como você fez Aron – murmurei ressentida.
- Eu sei me desculpe. Eu prometo que isso nunca mais vai voltar a acontecer, nunca mais vou me afastar de vocês. Eu amo vocês mais que qualquer coisa no mundo, e, eu te amo tanto não quero perder vocês, nunca – eu podia ver a sinceridade de suas palavras de seu pedido de desculpas.
- Eu também te amo. Por favor, prometa pra mim que isso nunca mais vai voltar a acontecer – implorei, agarrei suas mãos, subindo-as para o seu rosto em seguida acariciando suas bochechas.
- Eu prometo que nunca mais vai acontecer nada parecido – sussurrou.
O puxei para os meus braços, passando meus braços por seu pescoço, ele me abraçou pela cintura enterrando seu rosto em meus cabelos. Como era bom senti-lo assim outra vez, por perto sentir seu cheiro... Que falta eu senti daquele homem, meu Deus.
- Eu te amo muito – falei baixo – Nunca mais se afaste de mim dessa forma, por favor – pedi me agarrando ainda mais a ele.
Na manhã seguinte as coisas pareciam estar voltando ao normal, Aron decidiu ir trabalhar levou Nicholas a escola e como Laura e eu não tínhamos nada para fazer em casa, decidimos ir fazer uma visitinha à empresa. Até por que eu também queria muito acompanhar a gravação do novo comercial. Laura estava empolgada brincando com algumas moças e tenho certeza de que nem percebeu que sai. Nicole conversava com uma moça morena, e ela parecia um tanto sem paciência.
- Nicole? – chamei-a enquanto me aproximava – O que houve? – perguntei.
- Essa moça quer falar com o senhor Jones – respondeu me olhando.
Olhei para a mulher, eu tinha que admitir ela era linda, tinha olhos verdes cabelos longos e castanhos escuros, alta. Vestia um vestido verde musgo que chegava até os joelhos, uma bolsa preta pendia em seu braço esquerdo.
- Posso ajudar? – perguntei olhando-a nos olhos.
- Faço o favor de dizer ao seu chefe quero falar com ele – seu tom soou mais como uma ordem do que um pedido.
Franzi as sobrancelhas me segurando para não rir de sua petulância, quem ela pensava que era?
- E quem devo anunciar? – pedi. Nicole parecia indignada enquanto observava a situação.
A morena mordeu o lábio antes de abrir um sorrisinho de lado bem malicioso para o meu gosto.
- Alexia Carter.