Ele parou de fugir. Parou de desviar. Parou de fingir que não sente o que sente. E quando deu o próximo passo, foi como se o chão tremesse. Um passo. Dois. E eu já não respirava. Porque ele era muito. Muito corpo. Muito peso. Muito tudo. E, de repente, tava ali. Em cima de mim. De verdade. O joelho afundando no colchão, os braços cercando meu corpo, a boca quase na minha, o cheiro dele me engolindo viva. O olhar… O olhar dizia que ele ia me devorar. Mas com fome de alma, não só de carne. — “Tu sabe que... do momento que eu decretar que tu vai ser só minha...” — ele rosnou baixo, a voz arranhando minha pele como unha no azulejo. — “Não tem volta, Amara.” Eu prendi o ar. Ele continuou. — “Eu não sou homem de dividir.” A boca dele roçou a minha, sem beijo. Só presença.

