Capítulo 21

1893 Words
Maria Clara Tres dias depois Hoje eu não atendi não tive atendimento na clínica à tarde, mas o Humberto me ligou pedindo o acesso às imagens das câmeras de segurança. Então eu acabei vindo só pra isso. Enquanto ele não chegava, eu fiquei naquela rotina b***a que sempre deixo de lado. Organizar os prontuários no computador. A campainha soou. Fui até a recepção e abri a porta. Como eu estava sozinha aqui eu deixei a porta trancada. — Clara… — ele me abraçou tão de repente que nem deu tempo de reagir. O perfume dele bateu no meu nariz e eu sorri. — Oi, Beto. — disse baixinho. — Você não falou que a sua namorada vinha? — Ia vir… mas a mãe sofreu um acidente doméstico, ela precisou ir pra casa. — Nossa, sinto muito. — Fica tranquila.. ela ja tá bem, nada grave. — ele respondeu, andando comigo até a sala. Encostei na mesa e apontei pro rack no canto. — Tá ai, atrás de você. Ele fechou a porta com o ombro e se abaixou. — Tu tava viajando esses dias? — perguntou sem me olhar. — Sim. — Passei na tua casa queria falar sobre as câmeras e a tua mãe disse que tu tava em Angra. — Eu, tava precisando espairecer. — murmurei, e ele se levantou com o aparelho na mão. — Foi sozinha? — me perguntou e fiquei sem resposta. — Não. — me enrolei pra responder — Sim... quer dizer eu fui com um amigo. Ele se aproximou mais e meu corpo bateu contra a beira da mesa. Eu sentia o meu coração palpitar forte. — Foi com ele? Eu ia responder quando a porta abriu. — E o que tu tem a ver se ela foi sozinha ou não? — aquela voz gelou minha espinha. Era o Iago. Ele estava parado na porta com os olhos vermelhos e a respiração rapida. Desde Angra, a gente não tinha se falado. Como ele sabia que o Humberto tava aqui? — Quem tem que me responder é ela. Não tu. — Humberto rebateu, firme. — Responde pra esse merda, Maria Clara. — Iago deu dois passos pra dentro e eu me enfiei entre os dois. — Fala pra ele que tu tava comigo. Eu o encarei mas o olhar dele… não era o mesmo. Suas pupilas estavam dilatadas e o seu corpo todo parecia em chamas. — Isso, expõe a ela! Seu i*****l — Humberto berrou, o dedo em riste. — Não tô expondo ninguém, não! — Iago rugiu. — Quem tá aqui cobrando ela é tu, bebê chorão! Eles avançaram, um contra o outro, e eu no meio, com as mãos no peito de cada um, tentando empurrar, mas não adiantava de nada. — PARA! — gritei, a garganta ardendo. — Vocês tão agindo como dois animais! — TU É UMA FARSA, SEU MERDA! — Humberto cuspiu na cara dele. — EU VOU MOSTRAR PRA ELA O LIXO QUE TU É! Iago gargalhou. Uma gargalhada irônica e debochada. — Só inventando bagulhinho pra ela, né? — fala, rindo, cheio de deboche. — Pra ver se aí ela te enxerga, porque do contrário tu sabe que não tem chance nenhuma. — E sabe por que tu não tem chance. Porque tu é fraco. Mulher não gosta de homem banana, não, parceiro. Mulher gosta é de homem de verdade… e nisso aí, tu nunca vai bater de frente comigo. O rosto do Humberto de tão vermelho,já tava quase ficando roxo. — Se afasta dele, Clara. Ele não presta…— ele fala e coloca as mãos no meu rosto. Olho pra ele e antes deu reagir, o corpo dele voou contra a parede. — NÃO ENCOSTA NELA! — Iago berrou, os olhos em brasa. — PARA! IAGO — agarrei a cintura dele, tentando segurar, mas era como segurar uma fera. — PELO AMOR DE DEUS, PARA! O brilho metálico apareceu e visualizei a arma na mão do Humberto. — ATIRA! ATIRA! — Iago abriu os braços, peito inflado, sorrindo. — VAI, p***a! ATIRA! — HUMBERTO, NÃO FAZ ISSO POR FAVOR! — meu grito saiu desesperado, implorando. — PELO AMOR DE DEUS! Segurei o rosto do Iago tentando fazer ele calar a boca e parar de provocar o Humberto. Coloquei as mãos na boca dele e então ele me olhou. E ali eu vi que não era só raiva. Ele tava alterado. Sob o efeito de alguma coisa. — TU NUNCA MAIS RELA A MÃO NELA! — berrou de novo. O Humberto mantinha o dedo firme no gatilho, mas depois graças a Deus ele abaixou. — A gente ainda vai se ver, Iago. — a voz dele saiu com um tom de ameaça e o Iago riu. — Eu vou te botar no teu lugar. Ele passou pela porta e bateu com força. Meus joelhos cederam na cadeira e enfiei as mãos no cabelo, tentando puxar o ar. Iago andava em círculos, bufando. — Quem esse merda pensa que é? Eu devia era ter partido ele no meio! Levantei o olhar na sua direção. — Tu faz uso de drogas há quanto tempo? — perguntei baixo, mas firme. Ele parou, com os olhos presos em mim. — Eu não faço uso de drogas. — ME RESPONDE, IAGO. - gritei, nervosa. Ele puxou uma cadeira, se sentou na minha frente, e me arrastou junto até colar nossos joelhos. — Eu só uso maconha. — disse me olhando. Ri sem humor, balançando a cabeça. Não era a maconha. Era ele não ter me falado que fazia uso dessas coisas. Eu só conseguia ouvir a voz do Humberto ecoando na minha mente. — Por que não falou antes? — perguntei, o olhando nos olhos. — Porque pra mim isso é comum. — Comum? — soltei, amarga. — Tu invadiu o meu local de trabalho, drogado, quase levou um tiro, e isso é comum pra você? Ele jogou a cadeira pra trás e se levantou, a voz alta. — A minha reação não teve nada a ver com p***a do baseado, não. Quem fez essa p***a toda aqui foi o teu amiguinho de farda que botou a mão em tu, fez esse auê todo dentro do teu trampo e ainda teve a audácia de apontar uma arma na minha cara… e tu queria o quê? Queria que eu ficasse calado? Que eu baixasse a cabeça pra ele? Tá maluca? — Eu queria que tu fosse adulto! — rebati. — Eu não sou tua, nem dele! Eu vi a hora que ele atirava em ti! — Coitado dele pra atirar em mim… — ele riu. — Pra isso precisava de culhão e ele não tem. — Ainda bem que não tem, né? — sussurrei, ainda sentindo o coração na boca. Ele se ajoelhou na minha frente e seus dedos trêmulos encostaram na minha perna. — Eu acho melhor a gente se afastar — falo firme na minha decisão. — Eu não vou me afastar de tu.— rebate. — Iago… eu tô confusa e eu preciso pensar. — minha voz saiu quase num murmuro. Ele se ergueu, apoiando as mãos nos braços da cadeira e cercando o meu corpo. — Sai… Iago — tentei empurrar, mas era inútil. Ele avançou contra minha boca e eu nem tive tempo de recuar. A cadeira arrastou no chão com força quando ele me puxou pelo braço, e no segundo seguinte já não tava mais sentada nela, mas no tampo frio da mesa do meu consultório. O choque gelado contra minhas coxas m*l me fez estremecer porque o que mais queimava era a forma que ele me olhava. O seu olhar era de posse, de raiva e de desejos misturados. Os dedos dele cravaram no tecido do meu vestido e num estalo o pano rasgou. O som do tecido se partindo, fez meu coração disparar, como se cada fio que se rompia arrancasse junto qualquer resistência que eu queria ter. — Tu não vai se afastar, entendeu? — ele rosnou, perto do meu ouvido, a respiração quente arrepiando minha pele. Os dentes dele morderam meu ombro com força, quase dor e foi ali que eu percebi que eu não tinha como resistir a ele. A sua mão subiu pela minha coxa, bruta, esmagando carne, abrindo caminho sem pedir licença. O toque ardia, mas me fazia querer mais. Um tapa estalou contra minha pele exposta, me arrancando um gemido preso, que ele abocanhou na mesma hora, chupando meus lábios com violência. Era só o começo. Só a provocação. A dor misturada com aquele beijo faminto me fez entender que ele não queria só me possuir, queria me manter inteiramente presa a ele. A gente acabou transando novamente, mas dessa vez, pelo menos, lembramos de nos prevenir. Iago Passei mó perrengue pra contornar a Maria, porque ela já tava na pilha de meter o pé. Tudo por causa do caô que aquele PM de merda botou na mente dela. Mas relaxa, esse arrombado vai pagar caro. Encostei em frente à casa dela. Maria me olhou, meio de lado no banco. — Tá de boa? — soltei, encarando. — Não... — ela respondeu, mas abriu um sorriso, com a cabeça deitada no encosto. Acabei rindo junto. No fundo eu sabia que tinha pesado demais com ela. — E eu vou falar o que pra minha mãe? — perguntou, vermelha, me olhando de lado toda sem graça. — Fala que travou a coluna — soltei, rindo. Ela riu alto, gargalhou mesmo. — Capaz dela acreditar... tô andando até torta. — disse, mexendo o cabelo. — E esse papo de se afastar? — perguntei, virando de frente pra ela. Maria respirou fundo, como se fosse tomar coragem. Cheguei mais perto. — Vamo curtir o que nós tem, pô... deixa esse caô pra lá. — puxei a nuca dela e colei minha boca na dela. — Iago! — ela riu, se afastando e me deu uns tapinhas. — Para, meu pai pode ver. — olhou pela janela do carro. O segurança na frente da casa já tava no radar, de olho em nós. — Que dia tu vai me chamar pra dormir aí dentro? — soltei, voltando a mirar ela. — Tá doido? — ela riu nervosa. — Só se for pra ele me matar. — Imagina nós dois naquela piscina, metendo até a água transbordar. — mandei na maldade, olhando pra dentro da casa. Ela sorriu, corada, me empurrando de leve. — Para! — abriu a porta pra sair. Segurei o maxilar dela, firme, e puxei de volta pra mais um beijo. Dessa vez ela largou a porta e agarrou meu pescoço, gemendo baixinho quando apertei a coxa dela. Nossas línguas se embolaram daquele jeito gostoso, sem pressa. Ela soltou um “vou lá” no meu ouvido, me deu outro selinho e saiu. Fiquei olhando a b***a dela balançando na calçada. Meus olhos logo foram pros seguranças, só pra ver se algum filha da p**a ousava olhar também. Se olhasse, eu já tava pronto pra enquadrar. Só quando ela entrou, eu liguei o carro e desci a rua. No volante, puxei o celular do bolso. Abri meu fake que uso só pra rastrear ela. Entrei na lista de amigos da Maria, passando nome por nome até achar o perfil do cuzão do PM. Mandei a solicitação. Agora é só esperar o o****o aceitar.
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