📓 NARRADO POR LÍVIA O corredor do posto de saúde cheirava a desinfetante forte, misturado com suor e café requentado. O barulho de criança correndo e gente tossindo competia com o calor abafado do morro. Mas dentro de mim, o barulho maior era o coração batendo acelerado de ansiedade. Pedro ficou de guarda na porta, firme como sombra. Dona Inês segurava minha mão, me puxando pro consultório. Eu tentava engolir o nó na garganta, mas a lembrança da noite passada ainda me pesava: ter contado tudo, ter visto a fúria do Reinaldo, e agora… estar aqui. A porta abriu. A doutora Fernanda apareceu. Cabelo preso num coque simples, jaleco surrado, mas o olhar… firme, sério, de quem não arredava pé da vida dura. Ela sorriu pequeno, mas direto: — “Lívia? Pode entrar. Vamos cuidar desse bebê.” Entrei

