Capítulo 62.

1042 Words
RD narrando Guardo o celular no bolso assim que vejo a Manu saindo do barraco e vou na direção dela. Dou um sorriso discreto, pra aliviar o clima, enquanto ajeito o fuzil atravessado no peito. RD: Qual foi, bora? – pergunto, cruzando os braços. Ela para, me olha com um ar perdido, e solta baixinho: Manu: Achei que tu já tinha ido. Ate parece que eu ia vazar. Prometi que ia esperar, e cumpri. Palavra é palavra. Seja pela Manu ou pelo Terror, tô sempre na responsa pelos meus. No caminho até o barraco dela, o silêncio reina. Tento puxar assunto, soltar umas piadinhas pra quebrar o gelo, e até consigo arrancar umas risadas tímidas. Ela desce do carro, agradece baixinho e entra. Fico olhando a porta se fechar, sabendo que se ela tá assim o Terror deve tá pior. Respiro fundo, passo a mão no rosto e pego um baseado pronto no porta-luvas. Acendo, dou umas tragadas e me encosto no banco do carro, curtindo o efeito da erva enquanto o céu escurece e as nuvens pesadas tomam conta. O celular vibra, interrompendo o momento. Vejo uma mensagem do Sorriso e já sinto que lá vem problema. Mensagem On Sorriso: Aí, RD, o Narizinho caiu com os verme. 3 barras de pó. Foi vender pros playboy e os canas pegaram ele. Solto um palavrão. RD: p**a que pariu! Só falta essa... – falo alto, passando a mão na cara, indignado. RD: Tá onde? Passa lá no bar do Vilmar. Pra gente desenrolar essa fita. Ele confirma que tá a caminho. Saio da conversa e noto outra notificação, dessa vez da Yasmin. Essa mina... tá virando minha cabeça, cheia de atitude, mas estressada pra c*****o. A gente tá se pegando, mas tem que ser no sigilo. Se o irmão dela descobre, sou um homem morto. Jogo a ponta do baseado pela janela, ligo o carro e parto pro bar. Preciso resolver o problema do Narizinho. Chego no bar do Vilmar e escolho uma mesa logo na entrada, na calçada. O lugar é tranquilo, com uma porta só e pouco movimento, perfeito pra trocar ideia longe de olhares curiosos. Costumo vir aqui com o Renan e o Terror pra relaxar e colocar os assuntos em dia. Valdir já tá acostumado e trás o de sempre, cerveja gelada. Me ajeito na cadeira, com o copo americano lotado na mão e o celular na outra, respondendo a Yasmin. Tô rindo de uma mensagem dela quando ouço o ronco da CG 125 do Sorriso encostando a frente do bar, o ronco dela é inconfundível. Coloco o celular na mesa e faço o toque com ele. Sorriso: Vida mansa, hein. – Fala rindo enquanto se joga na cadeira. Faço sinal pro Vilmar, que traz um copo pro Sorriso. Ele abre aquele sorriso de moleque feliz. RD: Trabalho pra isso, p***a. – Respondo, dando um gole na cerveja. – Agora, desenrola. Como é que ele fez essa cagada? Sorriso: Tá certo. Pô, o menor viajou feio, mano. O cara foi vender lá na área dos verme. Já tava visado, foi direto pra guilhotina. Pegaram ele na hora. Balanço a cabeça, encostando o copo na mesa. É f**a lidar com esses vacilos. RD: p***a, não dá pra acreditar. O moleque sabia que tava visado, mas parece que gosta de testar a sorte. Burrice tem limite. Sorriso: Cê conhece o Narizinho, né? Não tem noção nenhuma. Achou que ia passar batido. Dou uma risada puto, prejuízo do c*****o! Tô puto com um vacilo desse. RD: É um mula mermo. – Respondo, tomando mais um gole da cerveja. Sorriso: Diz que ainda trocou tiro com os cana antes de rodar. – Fala, ajeitando o boné. RD: Tá de s*******m! – Solto, negando com a cabeça. – Amanhã passa lá na boca. Vou desenrolar com o Silva pra resolver isso. Pega os dados dele direitinho com a família dele, pra ver se nós desenrola essa fita. Sorriso: Fechou, chefia. RD: Quem te passou a visão? Sorriso: A mina dele. Apareceu na biqueira chorando pra c*****o. RD: Tá tranquilo. Amanhã a gente resolve então. – Respondo, respirando fundo. Ele termina a cerveja, levanta e me encara, sério. RD: Passa a visão pros menor. Tem que ficar na atividade. Nada de ficar dando uns mole desses, só desce quem tá limpo.Já avisa, que quem rodar por vacilo, vai se fuder e ainda vai ficar devendo. Sorriso: Pode deixar, vou dar a letra. RD: É pra dar mesmo. Sem gracinha. Ele faz o toque, ajeita o fuzil no peito e sai, subindo na moto e acelerando rua acima. Terror, vai ficar puto com razão. Já avisou mil vezes que não era pra quem tá na mira descer pra vender, mas n**o parece que não aprende. O Narizinho tem mulher, filho pequeno pra criar e agora vai ficar agarrado por causa de ganância. Dou o último gole e peço mais uma cerveja. O celular toca na mesa e vejo o nome da Ágatha no visor. Respiro fundo antes de atender. Já sei que lá vem estresse. Ligação On RD: Solta a voz. Ágatha: Vi tua mensagem mais cedo. RD: E só agora tá respondendo? Ágatha: Tava no pré-natal, RD. Coisa que você não sabe como é porque não foi em nenhum até agora. RD: Nem vou, tu sabe que não posso dar as caras no asfalto. Ágatha: Não tô te cobrando, só liguei pra saber o que você quer. RD: Vou marcar pra domingo te levar lá em casa e contar logo essa p***a pra Tatiany. Ágatha: Tá, só isso? RD: Como assim só isso? Tu fez o maior inferno por causa dessa p***a, agora eu falo que vou resolver e tu vem com essa frieza? Ágatha: Tá esperando o quê, RD? Parabéns por fazer o mínimo pelo teu filho? Fala sério, né? RD: Tu pode falar o que quiser de mim, mas menos que eu não tô assumindo essa p***a contigo. Ágatha: Não disse isso. RD: Disse sim, p***a. Tá na tua entrelinha aí. Ágatha: Até domingo, Rodrigo. RD: Peraí, tô falando contigo... Ligação Off Ela desliga na minha cara. Fico olhando pro celular, puto da vida. RD: p**a que pariu, mano... mulher difícil do c*****o. – Murmuro, jogando o celular de lado na mesa.
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