Capítulo 15

1722 Words
Terror narrando: Releio pela décima vez junto com o RD aquele papel amassado, rabiscado com a p***a do plano. Tá tudo ali, cada detalhe bem amarrado. Não tem margem pra erro. Terror: Entendeu essa p***a direito? — cravo o olhar nele, direto. RD: Como água, transparente, pô. — Ele responde, firme, sem vacilo. Dou uma olhada rápida no relógio de pulso marcando 04:30 da manhã. O tempo tá correndo. Terror: Tem certeza dessa p***a, irmão? Mando outro no teu lugar. — Pergunto, só pra ter certeza, mas ele balança a cabeça de cara, negando. RD: Qual foi, mané? Tô no ódio já, irmão. Com nóis não tem vacilação, c*****o. Os bagulho do morro são mil, mas não é a mesma parada, tá ligado? Terror: Claro que tô, irmão.Se tá bom pra tu, tá bom pra mim também. Bora gerar notícia pra esses cuzão. — Rimos alto enquanto enfio o papel do plano no bolso. RD: Se eu tiver que morrer hoje, que seja com o fuzil na mão e no meio da trocação — diz ainda rindo Terror: Mané morrer? Tá de marola, p***a? Ninguém vai morrer nesse c*****o não! — dou um tapa forte no braço dele, fechando a cara. — A missão é sair vivo irmãozinho, Sem baixas, sacou? RD: Tá mec. Se der merda, faz o que eu te pedi. Terror: Fica sussa, falei que vou fazer, não falei? Aqui é nós, não tem fita errada não, p***a. Pode confiar que eu tô de olho nelas. Ele dá o último aceno de cabeça, e fazemos nosso toque de sempre. Descemos as escadas em silêncio, os passos firmes enquanto o som das vozes dos soldados se aproxima. Passo as instruções sem rodeio, cada um sabe o que tem que fazer. Em minutos, os caras se dividem e entram nos carros, e saem prontos pra missão. Saio do galpão e vou até a boca desenrolar com Renan sobre a carga do italiano que está vindo pra cá e estamos monitorando. Ao sair da boca, dou de cara com Luan e Fael encostados na entrada da boca, trocando ideia com as putas que todo dia tão aqui batendo ponto. Lanço um olhar de reprovação pra eles e faço sinal com a cabeça pra elas ralar. Não curto p**a aqui na boca sem ser chamadas, porque os soldados ficam tudo desatentos, sem focar na p***a do bagulho. E pô, nunca dá pra baixar aguarda vai saber quando os alemães vão invadir essa p***a. Tem que tá ligeiro no bagulho caraí . Terror: Qual é, c*****o? Quantas vezes vou ter que falar que não quero p**a aqui nessa p***a? — falo, seco, vendo o riso morrer na cara dos dois. Se fuder! As minas vazam assim que eu chego. Fael: Foi m*l, chefe. As minas vieram trocar ideia com o Zulão — fala de cabeça baixa. Terror: É só falar que não tá e mandar ralar. Luan: Sim, senhor — acena, ainda com a cabeça baixa. Terror: Preciso que os dois desenrolem uma fita. Um vai na casa da irmã do RD e passa um recado pra mina que tá morando com ela. Tá ligado quem é, né? — pergunto, observando a expressão do Fael, que assente sem me olhar nos olhos. Fael: Com todo respeito, chefe, nós sabe, pô — ele ri baixo, trocando um olhar com Luan, que também ri. Pela cara dos dois, ou eles tão de olho nela ou a mina já rendeu pros dois. Não vou negar que a segunda opção me incomodou, mas f**a-se, essa p***a não é da minha conta, não tenho nada a ver com isso. Terror: Não entendi o motivo da p***a do sorriso. Qual foi? Tá comendo ali? — pergunto direto, mais interessado do que deveria. Não sei por que não consigo tirar essa mina da cabeça, e ver os menor se referindo a ela desse jeito me deixou boladão. Fael: Não chefe — n**a, arrumando a bandoleira — É que a mina é mó da hora, bonita né, mas não dá condição pra ninguém. Luan: Licença patrão, mas a gente riu porque nos tava trocando essa ideia agora pouco. No respeito mermo. Terror: Então dá próxima vez que eu mandar o papo, quero que levem na seriedade do bagulho, nada de risadinha. Tudo no máximo respeito blz?# Eles assentem sem questionar. Terror: Fael, avisa que não preciso mais dela lá em casa, e tu, Luan, partir de hoje tá na segurança da mulher do RD, junto com o L7. — Eles assentem com a cabeça baixa, e eu sigo em frente, sem olhar pra trás. Chego no barraco da 15 e me jogo no sofá pequeno, de cor caramelo, encostado no canto da sala, onde as paredes foram pintadas recentemente de um bege claro. Sempre dei um jeito de manter tudo organizado aqui, um espaço que é só meu. Toda semana, a Dulcineia vem pra fazer uma limpeza e lavar as roupas de cama, mantendo tudo no esquema. Aqui é um lugar especial, onde não deixo ninguém entrar, além dela. Passo a mão no cabelo, que cortei recentemente, e bolo um pra aliviar a mente. Daqui a pouco essa p***a vai estourar, e os bota vão começar o circo deles. Eles só precisam de um motivo pra invadir a favela e acabar com a vida de inocentes. E agora, com o que aconteceu, o motivo eles já têm; só faltam brotar. Por mais que a gente tenha mais poder de fogo, eles têm o treinamento, mas estamos no nosso território. Essa é a nossa área, e cada beco aqui eu conheço de cor. Cresci correndo nessas vielas, pulando laje dos moradores. Mas não é só isso que tá fazendo minha mente rodar. É mais essa merda que rolou ontem. Nunca senti um bagulho tão intenso como aquele. Enfrento os bota e corro de uma mina dessa? Tô parecendo covarde, mas as sensações que ela me provocou foram insanas. Tive que b*******a pensando nela, mas nem isso tirou a desgraçada da minha cabeça. Toda vez que fecho os olhos, ela aparece de novo, com aquela boca gostosa dela. Bagulho sinistro, mexe com a mente, com a calma. Quero distância dessa mina, não sei de onde essa demonia surgiu, nem qual é a dela. E se ela tiver armando com os alemão e pagando de X9 no meu morro? A ideia fica latejando, me incomoda. Alguma coisa manda eu me afastar, ficar na minha e esquecer essa tentação dos infernos. O que mais tem é bucet@ nesse morro. Então é isso que eu vou fazer. Me manter firme nessa ideia, afinal mulher pode ser mais perigosa do que qualquer arma. Manu narrando: Acordo com o som do despertador no celular tocando e lembro que tenho uma hora até chegar na casa do Terror. Passo as mãos nos olhos, me espreguiçando na cama, tentando me convencer a levantar. Saio da cama, esticando o corpo e prendo o cabelo num coque alto, do jeito que sempre faço quando tô com pressa e quero me banhar sem molhar os cabelos. Entro no banheiro e começo minha rotina. Escovo os dentes, lavo o rosto, faço minhas necessidades e entro no banho, deixando a água cair por alguns minutos. Saio e escolho uma calça branca e uma blusa de alcinha amarela, solto cabelo e passo a escova até ele ficar arrumado. Paro em frente ao espelho começando a me maquiar, e só então vejo as marcas que ele deixou no meu pescoço ontem, "Pqp" falo alto e solto um riso de canto. Filho de uma... Mordo os lábios, segurando pra não falar o que passa pela cabeça. Até porque a mãe dele é um amorzinho! Encho de base pra cobrir as marcas, passo meus cremes com calma, mas sinto aquele frio na barriga crescer a cada segundo. Imaginando como vai ser quando eu chegar lá. Saio do quarto indo até a cozinha preparar o café da manhã e já adiantar as coisas pra Any também. Hoje ela não trabalha, porque é sua folga, ela trabalha um dia sim, outro não. Ontem foi só meio período porque o Terror mandou ela ir pra casa dele. Ao entrar na cozinha, dou de cara com ela cochilando sobre a mesa, a cabeça escorada nos braços e uma xícara ao lado. Manu: Amiga — toco de leve seu ombro, e ela dá um pulo, assustada. Any: Que susto! — diz, levando a mão ao peito, tentando se acalmar. Manu: Tá tudo bem, só queria te dizer que é melhor você ir pro sofá ou deitar na cama. Any: Não consegui dormir a noite toda, tô muito preocupada com esse lance do Rodrigo. Resolvi fazer um chá pra ver se ajudava, mas não adiantou nada. Manu: Não é a primeira vez que ele vai pra essas coisas, né? Confia que vai dar tudo certo como das outras vezes. — falo, me sentando ao lado dela. Any: É verdade, pensamento r**m só atrai coisa r**m! Manu: Lei da atração, amiga. Inclusive, vou te emprestar um livro ótimo que fala sobre isso, você vai ver como faz diferença pensar em coisas . Any: Quero sim! Me levanto e começo a preparar o café, coloco água pra ferver e o pó no coador. Pra mim, o dia só começa depois de um bom café. Pego o pão de ontem, manteiga, presunto e mussarela, colocando tudo na mesa. Any: Que isso aí no teu pescoço? — ela pergunta, levantando uma sobrancelha, rindo de leve. Manu: Nada — n**o na hora, rindo e tentando esconder com as mãos. Puxo o cabelo pra frente e eles caem pelo meu colo e pescoço. Mas ela se aproxima rindo, tentando afastar meus braços, enquanto tento cobrir o "estrago" que ele fez. Parecemos duas crianças brincando, e por um momento, vejo que ela até esquece dos problemas. Manu:Tá calma! — grito entre risadas. — É que um mosquito me mordeu, sabe, e eu fui coçar, ficou assim — invento uma desculpa e ela me solta, gargalhando. Abaixo a cabeça, rindo e morrendo de vergonha. Any: Ah, é? Conta outra! Com quem você tava se pegando debaixo do meu nariz e eu não vi? — ela volta a se sentar e, ao ver a marca, arregala os olhos. — Dormiu com o chupa c***a foi? Solto uma gargalhada, rindo do jeito dela de falar.
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