Assim que termino, me levanto e começo a guardar minhas coisas na maleta, ajeitando cada item no lugar certo.
Agatha: Eu amei! Ficaram perfeitas, e olha que você nem arrancou um bife.
Manu: Que bom que gostou! Eu tento sempre ser cuidadosa, né? Não quero ninguém fugindo de mim com medo da próxima vez. — falo rindo organizando a maleta
Agatha pega o celular pra fazer o Pix, e o meu vibra na mesa. Pego pra ver o que é, achando que pode ser outra cliente, mas quando abro o w******p, vejo um monte de mensagens do Terror. Meu coração acelera automaticamente.
Mensagens:
Terror: Que horas vai acabar aí? 14:01
Terror: ????? 14:03
Terror: ????? 14:10
Terror: ????? 14:30
Terror: Não responde por quê? 14:50
Terror: Tem homem aí, c*****o? 15:10
Terror: Me responde, p***a. 15:20
Terror: Manuela, tô esperando aqui na porta. 15:37
Olho as mensagens, minha boca entreabre de surpresa, mas tento não reagir muito, pra não chamar atenção da Agatha. Meu coração acelera ao ler o último recado. Ele tá esperando na porta?
Na mesma intensidade que sinto meu coração acelerar ao ler as mensagens do Terror, a voz da Agatha ecoa na minha mente. As palavras dela, fazem o entusiasmo que estava começando a crescer em mim simplesmente congelar.
Gelo, literalmente. A mão que segura o celular treme de leve, e eu olho para a porta como se já conseguisse vê-lo ali. É como se uma briga interna começasse dentro de mim: o lado que ainda vibra com qualquer sinal dele contra o lado que sabe muito bem o perigo que isso pode ser.
Respiro fundo, tentando recuperar o controle. “Manu, pelo amor de Deus, foge desse cara,” penso. As mensagens dele não são só intensas, elas têm aquele tom de posse que me deixa confusa.
Agatha me olha curiosa enquanto coloca o celular na mesinha ao lado.
Manu: Obrigada pelo pagamento, viu? caiu certinho aqui — digo, tentando disfarçar e guardar as coisas na maleta sem demonstrar o caos que tá acontecendo na minha cabeça.
Agatha: Tá tudo bem? Você ficou meio pálida.
Manu: Tudo sim! Só... só umas mensagens que eu não tinha visto — sorrio sem graça, passando a alça da maleta no ombro.
Caminho até a porta, respiro fundo e, antes de abrir, dou mais uma olhada no celular.
Ao atravessar a porta, meus olhos vão direto para um jeep prata estacionado do outro lado da rua, algumas casas adiante. É como se o carro estivesse me esperando, me desafiando. Me despeço da Agatha com um sorriso automático, tentando disfarçar o turbilhão interno, e começo a andar na direção dele.
Quando chego perto, ouço o som característico das portas destravando. Abro a porta e lá está ele, sentado e todo impecável. Cabelo molhado, o que só pode significar que tomou banho há pouco. Camisa do Flamengo, bermuda preta, cordão de ouro fininho e pulseira combinando, mas nada disso é tão marcante quanto o cheiro.
O perfume dele domina o carro, toma conta do espaço como se fosse uma extensão da sua presença. Sento no banco ao lado dele, ajeitando a maleta no colo, enquanto o silêncio entre a gente grita mais do que qualquer palavra. Terror me lança um olhar rápido, aquele meio sério, meio curioso, que faz meu coração acelerar.
Terror narrando:
Tô no carro, encostado no banco, com o braço jogado na janela aberta, olhando a rua. O ar condicionado ligado tá jogando aquele ventinho gelado na cara, mas nem isso tira a impaciência que bate. Mexo no celular, mandando umas mensagens pro Renan, mas meu foco tá todo nela. A cada segundo, olho no retrovisor, esperando a porta daquela casa abrir.
Quando ela finalmente aparece, é como se o tempo desacelerasse. O cabelo voando, a bolsa no ombro, aquele jeito apressado dela de ajeitar a roupa... mano. Fico observando, quieto, vendo ela se despedir da mina na porta, mas tá óbvio que a atenção dela tá dividida.
Destravo as portas quando ela olha pro carro. É automático, tipo um sinal, e ela vem direto.
Ela abre a porta e senta, ajeitando aquela maleta no colo. O cheiro dela invade o espaço, misturando com o meu perfume, e por um momento o silêncio domina o carro. Não falo nada, só lanço aquele olhar de canto, analisando cada detalhe. O jeito que desvia o olhar, a respiração mais rápida... tá nervosa. É quase como se eu pudesse ouvir o coração dela batendo.
Manu: O que você quer? — pergunta, me encarando por um segundo enquanto ajeita a maleta no colo.
Terror: Trocar uma ideia contigo. Tem mais alguém pra atender?
Manu: Não, a última cliente desmarcou. — Ela responde, mas o olhar tá fixo entre as pernas e a rua, evitando me encarar de verdade.
Terror: Então, bora lá pra casa. Tu vê minha coroa, nós come alguma coisa e troca uma ideia. — falo, desviando o olhar pra dar uma checada no retrovisor. A moto do RD tá estacionada logo atrás, como sempre, na contenção.
Manu: Acho melhor não. — Ela passa a mão no cabelo, jogando os fios pra trás da orelha, o tom meio seco. — Tô cansada. Acordei cedo, andei pra caramba e, pra ser sincera, não quero conversa com você. — Ela finalmente me encara, mas o jeito que diz me faz passar a mão no rosto, irritado.
Terror: Qual foi, Manuela? Que papo é esse, p***a? — Desligo o carro, cruzo os braços e encaro ela. Ela desvia o olhar de novo, como se estivesse fugindo.
Manu: Não tem papo nenhum, Terror. Só que... a gente não tem nada pra conversar. — Ela dá de ombros, me olhando com aquela cara de quem quer acabar logo com a conversa.
Terror: Tá assim por causa da Stefany? — solto, firme, cruzando os braços e não tirando os olhos dela.
Manu: Não. — Ela responde rápido, mas dá uma desviada no olhar.
Terror: Então por que tá com essa marra toda? — solto, apertando o maxilar, não consigo segurar a impaciência.
Manu: Porque eu já sei onde isso vai dar, e tô tentando evitar. — Ela me encara de lado, a voz carregada de irritação, mas com um quê de verdade que me trava por um instante.
Terror: Evitar o quê, Manuela? — falo mais baixo.
Manu: Você sabe muito bem. — Ela cruza os braços, tentando manter a postura firme, mas o jeito que mexe no cabelo me entrega que tá nervosa.
Terror: Sei de nada não. — Respondo, firme, apontando pra ela enquanto me encosto no banco.
Manu: Então fala. — Ela arqueia a sobrancelha, meio desafiadora.
Terror: Aqui não. — falo curto, apertando o maxilar.
Manu: Terror, o tipo de assunto que você quer não vai rolar. — Ela solta, cruzando os braços e me encarando com aquele jeito teimoso que só ela tem.
Terror: Só comer então e ver a coroa? — pergunto rindo de lado, provocando, enquanto ela tenta se manter séria, mas já vejo o canto da boca querendo ceder.
Manu: Eu tô morrendo de saudade dela, mas vou outro dia, com a Any. — Ela rebate, tentando botar um ponto final no papo.
Terror: Néia fez bolo de aipim com coco, tá f**a. — jogo, despreocupado, mas olho de canto pra ver a reação.
Manu: Filho da p**a! — Ela solta, não segurando a risada, enquanto um sorriso começa a aparecer no rosto.
Terror: c*****o, mano! Tu tava era com fome, né? Sabia. — falo rindo, balançando a cabeça, e ela n**a, ainda rindo.
Manu: Tô com fome mesmo. — admite, ajeitando a bolsa no colo.
Terror: Então bora lá pra casa. Bolinho, café, netflix. Cê topa? — pergunto numa boa, mas mantendo o tom provocador.
Manu: Não. — Ela responde na lata, mas o sorriso entrega que já tá considerando.
Terror: Qual é, Manu, não vou tirar tua virgindade não, c*****o. Nem fazer nada que tu não queira. Sou Jack não, filhona. — Solto, sério e rindo ao mesmo tempo, provocando mais ainda.
Manu: Tá, eu vou, mas vai me levar pra casa depois? — Ela suspira, como se estivesse se rendendo.
Terror: Te levo, pô, na moral. — Confirmo, soltando um sorriso de lado, já girando a chave do carro.
Acelero o carro, mas mantenho o ritmo devagar, só pra aproveitar o momento. Ligo a playlist no celular e o som do trap enche o espaço junto com a fumaça que tô soltando depois de acender o baseado.
O cheiro do beck toma conta do carro enquanto dirijo, a janela entreaberta deixa o vento gelado bater no rosto, equilibrando o calor da fumaça que desce queimando pela garganta. Solto a fumaça devagar, observando ela se espalhar no ar, enquanto a batida da música parece sincronizar com os pensamentos que martelam na minha cabeça.
Meu olhar alterna entre a estrada e ela, enquanto estaciono o carro na frente de casa. Desligo o motor e desço, dando uma última tragada no beck antes de jogá-lo no chão e apagar com o pé. Manu desce também, ajeitando a bolsa no ombro e segurando a maleta.
Manu: Posso deixar a maleta aqui? — pergunta, com uma mão segurando a porta do carro e me olhando de canto.
Terror: Pode, pô. — travo o carro com o controle, dando de ombros.
Ela me espera em frente ao portão, com aquele jeito meio impaciente, mas o olhar curioso de sempre. Os moleques na contenção abaixam a cabeça quando passo. Faço um aceno rápido pra eles, sem parar, e abro o portão. Assim que entramos, o Chuck, meu Pitbull, vem correndo na maior empolgação, pulando em mim.
Manu: Ai, meu Deus! — ela solta, quase dando um pulo pra trás, se escondendo atrás de mim, enquanto o cachorro fica pulando ao meu redor, tentando cheirá-la.
Terror: Calma, p***a. — começo a rir da cara dela, que agora tá completamente desesperada, agarrada na minha camiseta. — Ele não faz nada pô, só come carne de fdp quando o papai dá, né, filhão? — faço carinho na cabeça do Chuck, que continua na fissura pra cheirar a Manu.
Manu: Segura ele, Terror! Sério, eu nunca mais volto aqui! — ela diz, me dando uns tapas nas costas, toda atrapalhada, enquanto tenta se esconder mais.
Gargalho alto, achando graça do pânico dela. Ela acaba me abraçando pelas costas, escondendo o rosto como se o Chuck fosse algum monstro.
Manu: Socorro! Socorro! — ela começa a gritar, quase teatral, e, do nada, a Néia aparece na porta da sala, rindo alto da cena.
Terror: Calma, c*****o. O cachorro tá nem aí pra tu, mano. — tento me segurar, mas a situação é engraçada demais.
Manu: Ele vai me morder! — ela levanta a cabeça por um segundo, me encarando com aqueles olhos arregalados, antes de se esconder de novo.
Terror: Ele não vai te morder. Ele não é talarico, né, filhão? — digo, rindo e passando a mão na cabeça do Chuck. — Ele sabe que o único que pode morder nessa b***a gostosa aí é o papai. — lanço, olhando pra ela com um sorriso provocador.
Manu: Aqui nunca mais, meu filho. — ela solta, cheia de marra, finalmente me largando e ajeitando o cabelo, enquanto me fuzila com o olhar.
Néia continua rindo, parada na porta, curtindo o show.
Terror: Então pode morder, filhão! — solto, gargalhando ainda mais alto.
Manu dá um grito e sai correndo pra trás da Néia, se escondendo como se isso fosse protegê-la do Chuck, que agora tá sentado no chão, só observando o surto dela com cara de curioso.
Eu rio tanto que minha barriga chega a doer.