Capítulo 23

1629 Words
Manu narrando: Manu: Valeu! — agradeço, depois de ele me ajudar a colocar a Any debaixo do chuveiro, com roupa e tudo. Terror: Vou esperar lá fora, deixar você mais à vontade pra resolver as paradas aí — diz ele, já indo sair do banheiro, e eu só balanço a cabeça. Manu: Faz um favor pra mim? — chamo de novo, e ele volta com a cabeça pra dentro, me olhando curioso. — Lá na cozinha, em cima do armário, tem uma maletinha branca. Dentro tem uns remédios e coisas de curativo. Pega um Engov, vitamina C e paracetamol, por favor? — peço, e ele assente com a cabeça, indo buscar sem falar muito. Assim que ele sai, volto a cuidar da Any, passando o condicionador de babosa no cabelo dela. Dar banho nela assim é uma missão impossível não para quieta, se mexe o tempo todo. Entre uma esfregada e outra, ela começa a cantar alto as músicas do Dilsinho, mexendo o corpo de um jeito todo desajeitado, como se estivesse tentando dançar. Fala umas coisas desconexas que, juro, nem com toda a atenção do mundo eu consigo entender. Tento segurar a risada enquanto continuo, torcendo pra ver se ela pelo menos fica mais calma. Assim que termino de arrumar Any, ajeito ela no babydoll, penteio o cabelo e a deito com cuidado na cama. Os remédios que pedi ao Terror estão organizados em cima da cômoda, ao lado de um copo americano com água. Manu: Toma isso, vai te ajudar a se sentir melhor. — Estendo o remédio, mas ela só balança a cabeça, rindo sozinha. Any: Tô ótimaaaaa! — Ela tenta se levantar pra me mostrar, mas acaba caindo de costas na cama, arrastando as palavras como se fossem tropeços. Manu: Então toma pra ficar ainda melhor. — Insisto, entregando o copo e o remédio. Any: Eu vomitei no carro do Terror. — Ela solta uma gargalhada, cobrindo a boca, e não consigo segurar a risada também. Manu: Nem me fale! Ele deve tá doido pra te fuzilar. — Rimos e faço um “shhh” com o dedo. — Agora vai deitar direitinho, amanhã você acorda cedo. Any: Fudeu! — diz, fechando os olhos e se aninhando mais. Deito ao lado dela, fazendo carinho na sua cabeça enquanto o silêncio vai preenchendo o quarto. Ela fica quietinha, e até parece ter dormido. mas quando ameaço levantar ouço sua voz baixa, com os olhos ainda fechados. Any: O Rodrigo acabou de me pedir pra confiar nele. — Diz isso quase como um pensamento solto e vira para o lado, voltando a dormir. Eu sei que, por mais que ela tente se mostrar forte, a verdade é que o motivo dela ter bebido tanto foi pra aliviar a tensão e a preocupação que tá sentindo. Ela e o RD têm uma conexão forte demais, uma coisa de irmão que só eles entendem. E ver ela sem notícias, meio perdida, tentando segurar a barra, é de cortar o coração. Ela se disfarça com risadas, com a bebida, mas no fundo, a aflição dominando. Me levanto devagar, dou um beijo na testa dela, pego o copo na cômoda e saio pé ante pé do quarto tentando fazer o mínimo de barulho, deixando ela descansar. Saio do quarto levando o copo pra cozinha. Quando viro no corredor, levo um susto ao ver que o Terror não foi embora. Ele está deitado no sofá, mexendo no celular, mas abaixa a tela assim que me vê, tirando o braço que cobria o rosto. Terror: A maluca dormiu? — pergunta, me olhando enquanto me aproximo. Manu: Não fala assim dela, tadinha. Acho que ela quis descontar a preocupação com o RD na bebida. — Coloco o copo na mesa de centro e me sento no braço do sofá onde ele tá deitado. Terror: Logo ele aparece. — Diz, sem querer esticar o assunto. Manu: Achei que já tinha ido embora. — Falo, olhando nos seus olhos, e ele se senta, apoiando os braços nos joelhos, me encarando de lado. Terror: Até ia, mas tô esperando os caras trazerem minha moto. Manu: Hum... entendi. — Rio, mordendo os lábios, e ele se joga pra trás, rindo junto. Terror: Filha da p**a, mano. — Ele ri, com as mãos no rosto, balançando a cabeça. Manu: Preciso de um banho também, tô só o cheiro de vômito da Any. — Faço um coque rápido no cabelo. Terror: Quer ajuda? — Ele me olha com um sorriso malicioso e as mãos em cima da cabeça, jogando a indireta. Manu: Você não é cheio de nojinho? Esqueceu que tô toda suja? Terror: Sou mesmo! Bagulho nojento pra c*****o, p**a que pariu!. — Fala, fingindo estremecer o corpo, e nós dois caímos na risada. Manu: Então, obrigada. Vou lá sozinha mesmo — Falo, sorrindo de leve. Terror: Fé então. — Ele diz, voltando a atenção pro celular, que vibra com uma notificação. Manu: Você não vai ir embora? — Pergunto, me levantando do sofá. Terror: Tá me expulsando, c*****o? — Me olha com um sorriso de canto, tirando os olhos do celular por alguns segundos. Manu: Não.— Respondo, fingindo desinteresse. Terror: Então vai lá tomar um banho, tá fedendo mesmo. — Ele ri, voltando a focar no celular. Manu: Vou nem responder! — Mostro o dedo do meio, fazendo ele rir de novo. Levo o copo pra cozinha e vou direto pro meu quarto. Nojenta é pouco pra como tô me sentindo, com o cheiro de vômito impregnado na roupa e no meu cabelo.Entro no quarto arrancando tudo e me jogo embaixo da ducha. Lavo o cabelo, escovo os dentes, e depois volto pro quarto. Colocar um top lilás de alcinha, que deixa um pouco da barriga à mostra, e o shortinho combinando, passo meus cremes, sentindo a pele ficar macia. Termino com aquele perfume de mamãe bebê, que deixa um cheirinho suave e aconchegante, do jeito que gosto pra dormir. Penteio meus cabelos e tiro bastante da água com a toalha. Volto a sala e o Terror ainda está no mesmo lugar de antes. Manu: Não trouxeram sua moto ainda não? — pergunto rindo e mexo no cabelo, observando ele guardar o celular no bolso, me encarando com ar de riso. Terror: Deve tá aí já — diz, dando de ombros. Olho no relógio e já são 00:45, e o sono já tá pesando, coisa que nele parece não ter efeito. Me sento no sofá ao lado dele, enquanto ele se encosta com a cabeça no encosto do sofá. Pego o controle da TV e ligo na programação que tá passando notícias de futebol. Eu amo essas programações, e ele parece prestar atenção também. Terror: Tá com sono? — pergunta depois de alguns minutos em que estamos em silêncio. Manu: Um pouquinho — minto, na real tô doida pra dormir. Se não fosse ele, já estaria dormindo faz horas. Terror: Vou deixar tu dormir! — fala enquanto volta a pegar o celular do bolso e digita algo, guardando em seguida. Manu: Quer que eu saia pra você conversar melhor? — pergunto, olhando de lado enquanto ele concentra o olhar na TV. Terror: Tu não tá me atrapalhando, não. Dá pra desenrolar contigo aí — ele olha pra mim e solta um sorriso de lado. Não respondo nada, ignorando o comentário. Terror: Rola um beijo, não? — ele me encara de canto, com a cabeça encostada no sofá. Manu: Você é doido, né? Hoje cedo me dispensou e agora vem com essa cara de p*u — falo direta. Terror: Que eu sou doido tu já tá ligada, né? Agora cê acha mesmo que vou fingir que nada rolou? — ele solta aquele riso safado, se aproximando mais. — Cê me deixou bolado, p***a. Manu: Bolado? — arqueio uma sobrancelha, sem conseguir conter um sorriso. — Só te dei um beijo, não era pra tanto, né? — encaro ele, tentando não demonstrar que tô meio nervosa, mas o coração bate rápido, e o olhar dele me desmonta toda. Terror: Cê acha que é pouco? — ele ri de lado, me olhando de cima a baixo. — Tu mexe comigo, Manu, e sabe disso. Não adianta fingir que não sabe. Manu: Foi por isso que fui demitida antes mesmo de começar? Terror: Foi por isso mermo, pra não arriscar misturar essa p***a. — ele responde direto. — Mas tu não facilita também, né? Fica ai com essa cara de quem quer e não quer ao mesmo tempo... Isso me deixa bolado pra c*****o, sabia? Manu: Ah, tá bolado? — dou uma risadinha, cruzando os braços e encarando ele. — Cê tá todo errado e ainda quer botar a culpa em mim? Terror: Tive meus motivos pra fazer o que fiz, Manuela. E acabou esse assunto — fala serio Manu: Só queria entender o que eu fiz de tão errado pra merecer isso.— reviro os olhos, encarando ele firme. Terror: Tu não fez nada, p***a, relaxa. Manu: Tá ok, só manda um beijo pra sua mãe. Eu adorei ela — falo, e ele assente, com os olhos de volta na TV. Ficamos calados, apenas olhando a TV. Mexo no cabelo, ajeitando pro lado, deito a cabeça no braço do sofá, focada num ponto fixo na tela. Terror: Qual é, vai ficar nessa? — ele desvia o olhar da TV e segura minha mão que apoiava a cabeça. Manu: Tô normal, só tentando entender essa sua mudança de ideia. — olho pra baixo, mas mantenho os olhos fixos nos dele. Terror: Então vamo ficar de boa, c*****o! Manu: Tô tranquila Ele se inclina pra frente, a mão grande toca meu rosto e seu olhar é intenso, Se aproxima mais os nossos rostos e meu olhar vacila indo direto até sua boca.
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