Manu narrando:
Terror: Ele obedece comando, pô. Quer ver? — fala, com um sorriso de canto, passando a mão na cabeça do cachorro, que tá sentado, balançando o r**o.
Manu: Não, não quero ver nada, Terror! Só segura ele longe de mim! — eu grito, escondida atrás da Néia, enquanto aponto pro cachorro.
Terror: Relaxa, p***a. Chuck, senta! — ordena, com a voz firme, e ele já senta direitinho, todo esperto, olhando pra ele como quem diz "qual a próxima."
Olho por de trás da Néia, com aquele olhar desconfiado, mas não dou o braço a torcer.
Manu: Grande coisa, até eu sei mandar um cachorro sentar.
Terror: Ah, é? Então manda ele. — cruza os braços, desafiando, eu o
olho como se ele tivesse ficado maluco.
Manu: Não vou me aproximar desse bicho nem a p*u. — dou dois passos pra trás, segurando firme no ombro da Néia.
Terror: Tá vendo, Néia? A mina é toda cheia de marra, mas na hora do pega é isso aí. — fala, rindo, enquanto Néia tenta segurar a risada.
Manu: Tu é um i****a, sabia? — fuzilo ele com os olhos.
Terror: i****a nada, sou educador canino, bebê. Chuck, deita! — e o cachorro deita, obediente, com aquele jeito de cachorro inocente, me fazendo achar fofo.
Olho pra ele, depois pro Terror, Néia só balança a cabeça, rindo.
Néia: Ó, Manu, ele é bonzinho, menina. Pode confiar. — diz com aquele sorrindo. — Terror treinou ele, desde pequeno o Terror leva esse jeito com bicho, é só ele falar firme que o cachorro obedece.
Manu: Terror tem é problema! — eu rebato, cruzando os braços, mas agora com um pouco menos medo.
Terror: Fica aí nesse teu vacilo, então. O Chuck tá suave, né, filhão? Só quer dar uns rolê com a titia. — provoca, lançando um sorriso, e o Chuck dá uma abanada de r**o, como se concordasse.
Manu: Tá bom, Terror. Já entendi. Agora segura esse bicho pelo amor de Deus. — digo, revirando os olhos, mas já mais tranquila.
(...)
Néia: Ele não morde, não. — ela diz, rindo, enquanto coloca um copo de suco na minha frente.
Fico olhando pra ele lá fora, brincando com o Chuck. Ele ri, se abaixa, esfrega a cabeça do cachorro, e, por um instante, parece alguém completamente normal. Diferente de tudo que ele é e do que a Agatha me contou. Do jeito que eu tento acreditar que ele seja.
Néia para por um momento, me observando, antes de puxar a cadeira ao meu lado e se sentar, apoiando o cotovelo na mesa como quem tá pronta pra jogar a real.
Néia: Olha, menina, o Terror tem o jeito dele. É bruto, ignorante às vezes, mas, no fundo, não é esse monstro todo que falam, não. Só não gosta que pisem no calo dele.
Manu: Mas ele é perigoso, né? — pergunto, a encarando como se ela pudesse me dar uma resposta. Tento organizar o turbilhão na minha cabeça, mas é impossível com o coração batendo desse jeito.
Néia solta um suspiro pesado, me olhando com aquele olhar firme, de quem já viu de tudo e mais um pouco.
Néia: Perigoso ele é, mas não com quem ele gosta. Aquele ali, quando gosta, protege com a vida. E tu sente isso, né? — ela diz, inclinando a cabeça, e eu desvio o olhar, porque, claro, eu sei. É impossível não saber. Dá pra sentir isso toda vez que ele me toca ou me olha daquele jeito intenso, como se tentasse me decifrar e me desmontar ao mesmo tempo.
Manu: Sei lá, Néia... às vezes parece que ele gosta, mas, na maioria das vezes, parece que só quer me enlouquecer. — desabafo, soltando um sorriso nervoso enquanto passo as mãos pelo rosto, tentando aliviar a tensão.
Néia ri baixo, balançando a cabeça, com aquele jeito de quem já entendeu muito mais do que eu sobre tudo isso.
Néia: Terror é assim mesmo. Não sabe demonstrar o que sente, mas se ele tá aqui contigo, me mandou fazer bolo pra ti, deixou a casa dele aberta pra você... é porque tu mexe com ele. Só não esquece, menina, que mexer com ele também é fogo.
Suspiro, olhando pela porta de vidro mais uma vez. O som dos passos dele se aproxima, e o Terror entra na cozinha, todo suado, com a camisa jogada nos ombros. O cheiro dele, uma mistura de suor e perfume, toma conta do ambiente antes mesmo de ele abrir a boca.
Terror: Calor pra caralho... Quer água? — ele me bate de leve com a camisa, e eu encaro o gesto com uma mistura de indignação e nervosismo.
Manu: Não, tomei suco. — respondo, tentando soar indiferente, mas meu olhar acompanha cada movimento dele.
Néia: Ela quis esperar pra comer o bolo com você. — solta, sem cerimônia, e eu viro o rosto pra ela, indignada. Só faltava me entregar de bandeja.
Ele pega um copo, enche de água e, sem dizer nada, se aproxima. Com uma calma que só ele tem, passa os dedos pelo meu cabelo, puxando minha cabeça levemente contra a barriga dele. Os dedos massageiam de leve a lateral da minha cabeça, e eu fecho os olhos, incapaz de resistir. O toque é firme, mas cuidadoso, e, naquele momento, parece que o mundo para.
Manu: Vou dormir assim. — murmuro, com os olhos fechados, sem me importar em disfarçar.
Terror: Bora lá pra cima, então. Vou tomar um banho e depois tu deita lá. — a voz dele é baixa, quase um sussurro, mas o peso da frase me atinge em cheio.
Abro os olhos na hora e dou de cara com ele, aquele rosto lindo, o sorriso no canto da boca e o olhar fixo em mim. Viro o rosto rápido, como quem busca uma saída, e encontro Néia rindo com a mão na boca, se divertindo com a cena.
Manu: Não... Vai lá você, toma teu banho e depois a gente come bolo. Vou subir na sua mãe. — invento qualquer desculpa, tentando afastar o nó que ele tá criando na minha cabeça.
Terror: Sério? — ele pergunta, com um riso baixo, aquele jeito de quem já sabe que vou me arrepender.
Manu: Huhum. — confirmo, mantendo a voz firme, mas sentindo que minha decisão vai custar caro.
Ele dá aquele sorriso torto, se afasta e solta um "já volto" antes de sair da cozinha com aquele andar que parece lento de propósito, só pra me deixar ainda mais confusa.
Néia: Vou cuidar dela. — comenta, com um riso divertido, e ele só faz um movimento de cabeça, saindo enquanto seca o rosto com a camisa.
Fico ali, sentada, olhando pro copo vazio na mesa, sentindo a mistura de alívio e arrependimento. Néia me olha com aquele olhar de quem já entendeu tudo, enquanto eu ainda tento processar o que, exatamente, tá acontecendo entre mim e ele...