Terror narrando:
Passo no barraco da 15, tomo um banho, troco de roupa e pego o fuzil que sempre deixo encostado na parede da sala e, em segundos, tô no meio do morro, os menores já na contenção, na linha de frente. Olho em volta, vejo os soldados na mesma sintonia, cada um no seu posto. A corpo quente pra c*****o, mas a mente fria como gelo.
Terror: Tu já deu o papo pros moradores? Quero todo mundo dentro de casa, sem exceção! — grito pro Renan, enquanto ele responde sim com a cabeça, já no rádio dando a letra pra galera.
Renan: Já tá tudo certo, patrão. Agora é só esperar eles brotarem. — ele responde, com um sorriso meio de lado.
Terror: Isso aí! Hoje eles vão saber o que é tentar entrar no nosso morro sem ser convidado. Não vai sobrar um desses cuzão.
Eles concordam, aquele sorriso meio malicioso no rosto. O papo é o seguinte: mais de cinquenta soldados espalhados em cada canto desse morro, de ponto a ponto, como num tabuleiro que a gente conhece de cor. Crescemos por essas vielas, cada laje e cada beco. Esse lugar é nosso, e tamo em casa, cada soldado aqui tá armado até o talo, pronto pro que vier.
Temos granada, drone, metralhadora ponto 30 que derruba até helicóptero, mané. Munição pra c*****o, colete reforçado e atirador posicionado a longa distância, visão cravada em cada ponto do morro. Minha tropa tá forte, preparada pra qualquer rajada.
Na linha de frente, deixei os caras mais brabo, aqueles que eu sei que seguram no peito e não tremem. O Fael e o L7 tão lá, nas barricadas, garantindo que ninguém sobe sem deixar a alma no asfalto. Mais pra dentro, espalhei os novato, os que tão começando a pegar a manha, mas com o suporte dos veterano. Eles seguram ali nas vielas, fazendo a contenção caso precisem recuar. E lá no alto, dominando a visão geral, tenho o Novim no drone, monitorando cada movimento deles. O moleque é ligeiro, com a mão firme no controle, e não deixa nada passar.
Esse é o plano. Não tem erro. Se eles tentarem subir, vão topar com a gente em cada esquina, e se passarem das barricadas, já vão se ver cercados. Aqui é nossa casa, nosso território.
Rádio On:
Terror: Cadê a p***a das barricadas, L7? — falo no rádio, enquanto olho ao redor e vejo a situação esquentar ainda mais.
L7: Tão quase no esquema, patrão. Mais uns minutos e tá tudo travado!
Terror: Mais uns minutos? Cê tá de caô, mano? Esses bagulho já era pra tá no esquema, eles tão avançando, não é pra amanhã, não! Bora agilizar essa p***a, L7!
L7: Já tô no pique, irmão! Relaxa, que não vai passar ninguém, é só segurar o lado aí!
Terror: Então mete o gás! Não quero ver nenhum deles passando por essas vielas, entendeu?
Rádio Off
(...)
O silêncio é quebrado pelo som dos primeiros tiros. Dá pra ver os bota, tentando localizar a gente. Cada um segura seu fuzil, a respiração controlada, esperando o comando.
Terror: Pode soltar a rajada, rapaziada! Vamo fazer voltarem de ré!
O tiroteio começa intenso. As balas cortam o ar, e o barulho domina entre os becos, dando aquele clima de guerra. Aqui é nosso morro
Narizinho:Terror, tem um grupo vindo pela direita, mano!
Terror: Encosta eles na parede, Narizinho! Não deixa ninguém passar! — grito, atirando em direção aos bota, enquanto vejo o Narizinho e o Bola avançarem no flanco direito, metendo bala com tudo.
Fael, chega no meu lado, os olhos arregalados, mas o dedo firme no gatilho. Ele me olha como se esperasse um comando.
Fael: Bora meter tiro neles!
Terror: É isso parceiro! Hoje é dia de fazer esses o****o correr com o r**o entre as pernas! Mete bala, sem dó! Quem manda aqui é nós c*****o! tá ligado?
Sinto o peso do fuzil na mão, cada tiro é um recado pra esses arrombados que acham que vão dominar nossa área.
Renan: Terror, tem mais um grupo subindo pela viela principal!
Terror: Deixa subir! Aí a gente pega eles fácil. Fecha o cerco e vai descarregando tudo neles. Vão sair daqui na pressão ou vão virar história!
Os tiros aumentam e garanto que todos estão na posição certa. Cada um desses caras confia em mim, e não vou deixar ninguém tombar nessa p***a.
Narizinho: Patrão, tão vindo pesado! Tão achando que vão dominar, mas nóis tá segurando!
Terror: Segura firme, c*****o! Não vai sobrar um desses arrombado. É bala na cara de cada um que tiver coragem de meter a cara nessa p***a!
Os caras tão vindo com tudo mané, nós tá firme, segurando o território.
(...)
Terror (no rádio, com a frequência fechada):
Terror: Ô Novim, seu viado! Cadê a p***a do drone? Tá moscando nessa fita, c*****o? Isso aqui é guerra, não é baile, p***a! Era pra essa p***a já tá voando, seu lixo. Acorda, c*****o!
Terror: Tá afim de morrer, c*****o? Atividade no bagulho! Geral ligado nessa p***a! sem vacilo!
O silêncio no rádio dura um segundo antes de L7 responder.
L7: Foi m*l, patrão! Já tamo agilizando aqui. O drone vai subir agora.
Terror: É bom mesmo, L7! Não quero desculpa, quero resultado! Se der merda, vai sobrar pra geral. Novim, se tu vacilar de novo, eu vou te quebrar na porrada, entendeu?
Novim: Entendido, patrão! Assumo meu erro. foi mal
Solto o botão do rádio e respiro fundo, olhando ao redor. A situação tá tensa, mas não dá pra baixar a guara. A responsabilidade de manter o morro é minha.
Viro pro Renan, que está ao meu lado.
Terror: Mantém a visão nos becos. Qualquer movimento estranho, me avisa na hora.
Renan: Pode deixar, irmão. Tô ligado em tudo aqui.
Pego o fuzil, verificando as munições e recarrego, o clique seco ecoando. Olho em volta, os caras na posição. Levanto a voz, olhando direto pra eles.
Terror: Alguém aí tá precisando de munição? — pergunto, o tom sério, cortante.
Vejo o Naldo levantando a mão com um aceno rápido, enquanto outros dão uma checada final nos próprios carregadores.
Pego a mochila pesada cheia de munição e lanço pro Naldo com firmeza.
Terror: Aí, tem munição aí dentro. Recarrega geral e fica ligeiro — digo, enquanto ele abre a mochila e começa a distribuir pros outros.
Ele pega a munição, divide com a rapaziada que tá mais na frente, e o clima de prontidão só aumenta. Tô de olho em cada um, conferindo se tão no ponto.
Faço sinal pra rapaziada segurar a onda lá embaixo.
Terror: Fica na cobertura, segura firme! Vou dar a volta e pegar esses comédia de surpresa, falou?
Naldo concorda e então eu pulo o primeiro muro com a mão no fuzil, caindo direto na laje do barraco. Deixo o pé bater leve no chão e já dou mais um pulo pro próximo muro. Na quebrada é assim: ou a gente conhece cada beco, cada laje, ou já era. Meu corpo tá no automático, é tudo num pique, um muro, uma laje, outro muro, igual favela olímpica.
Paro por um segundo, os olhos fixos nos bota lá embaixo. Eles tão achando que tão com moral, mas não sabem quem tá aqui em cima, já na contenção. Puxo uma granada da cintura, o coração acelerado, mas o dedo firme.
Terror: Vem, seus filha da p**a! Cês acham que vão passar batido no nosso morro? Vem, c*****o! Aqui é bala na cara de vocês, seus lixo!
Policial: Tá se achando, né, vagabundo? Quero ver sustentar essa marra quando a gente colocar a mão em tú!
Terror: Colocar a mão em mim? Cês tão maluco mermo. Bando de o****o! Vão rodar antes de pisar no beco, o filho da p**a!
Jogo a granada na direção deles, e no segundo seguinte, é fumaça e barulho de explosão. Vejo eles se espalharem, igual barata tonta tentando entender de onde veio. Os cara tão perdidinho, e isso é a nossa brecha.
O rádio chia, a voz do Renan vindo forte.
Renan: Aí, patrão! Tamo na contenção aqui, os bota tão tudo tonto! Manda o próximo bote que agora é nossa hora, patrão!
Terror: Mete bronca, Renan! Fuzil nesses o****o! Vamo fazer esses arrombado correr de ré, p***a!
Dou mais um pulo, me posicionado bem em cima deles. Tiro certeiro, rajada indo direto neles, eles se dispersam, perdendo o pique. Jogo mais granada fazendo eles irem pro meio da viela, espalhando os cara que nem barata quando a luz acende. Tão tudo na bota, e eu vou pra cima, sem dó.
O coração parece que vai explodir, mas a cabeça tá firme. Pulo mais um muro, caindo bem atrás de dois bota e já mando bala neles. Sem tempo pra comemorar, dou sinal pro Renan e pros caras.