Manu narrando
Conforme as horas vão passando, começo a sentir o quanto eu realmente tava precisando de um momento assim. A sensação é leve, solta, quase como se cada gole e cada risada lavassem um pouco da carga pesada dos últimos dias. Admito que sou fraca pra bebida, e eu e a Any já demos conta de algumas rodadas — o suficiente pra eu sentir as bochechas mais quentes e o sorriso escapar sem esforço.
A música alta vibra dentro de mim, se espalha pelo corpo, e, sem nem perceber, me pego mexendo os ombros e batendo o pé no ritmo do som. Cada batida me puxa, e o mundo parece menor, só nós e essa energia. Me sinto solta, quase sem peso, balançando junto com o pessoal, e é uma liberdade que não sentia há tempos.
Duas amigas da Any se aproximam da nossa mesa, e ela logo as convida pra sentarem com a gente. Larissa e Bruna, nunca tinha visto elas por aqui antes, mas de cara já amei. São super animadas, de riso fácil, falantes, debochadas, surtadas e alto astral que me contagia na hora.
Bruna: Mano, tô aqui de olho naquela p*****a da Kethelyn. Sério, se ela encostar no L7, vou esfregar a cara dela no chão, sem dó.
Ela fala de uma forma engraçada e eu começo a rir, imaginando a cena. A Larissa dá um gole na bebida e já se mete na conversa, mexendo o ombro de um jeito debochado.
Larissa: Bruna, tu não tá vendo que essa Kethelyn é doida? Faz isso só pra te tirar do sério, amiga! Eu, hein, larga de mão. Depois você paga de surtada e ainda leva esporro do Terror.
Bruna: Largar, Larissa? Só se for pra largar um tapão bem dado na cara de p**a dela, né? Mexe comigo, não!
Enquanto as duas falam, vou tentando entender essa história. Bruna, que é casada com o L7, não disfarça o incômodo ao olhar para uma loira que está em pé perto da mesa onde ele está com o Terror. A mulher dá risada e joga o cabelo de lado, atraindo olhares da mesa toda, o que só deixa Bruna mais incomodada. Ela lança olhares curtos e venenosos na direção da loira que olha pra ela debochando.
Larissa, tenta acalmar ela mas não adianta muito não. Pelo que elas falam os dois são envolvidos. Ouço o jeito como elas falam deles, e fico tentando imaginar como é a relação de duas meninas tão de bem resolvidas com uns caras assim, cheio de mulheres, sendo agredidas e sem nenhum respeito da parte deles.
Any: Acabei de falar com a Manu dessas putas — fala, com a voz arrastada e virando um copo de vodka com guaraná.
Manu: Tá bom, né, Tatiany? Já bebeu demais.— tento tomar a bebida dela, mas ela dá um tapa na minha mão, rindo alto.
Levanta o copo desviando das minhas mãos, e reparo que seus movimentos estão lentos. Deixando evidente de que ela já bebeu o suficiente por hoje.
Bruna: Eita que hoje tu vai ter trabalho pra levar essa daí embora — ela fala rindo.
Manu: Vou mesmo — respondo, deixando escapar um sorrisinho nervoso. O coração acelera só de pensar que vou ter que me virar no meio desse labirinto de ruas. — E o pior que ela tá bêbada e eu nem sei andar direito por aqui.
Larissa: Tenho o número do Vitin do mototaxi, te passo — ela diz, rolando o dedo no celular, os olhos atentos à tela.
Manu: Nossa, obrigada! — digo, aliviada. — Sério mesmo, já tava pensando no que eu iria fazer.
Olho pra Any e vejo que minha amiga tá r**m de bêbada. Com o rosto todo vermelho, se balançando ao ritmo da música com as mãos pra cima, cantando e falando alto. Totalmente fora de si, ela sobra não faria isso. Passo os olhos ao redor e vejo que Terror está segurando um copo de alguma bebida na mão, conversando com uns caras e olhando para mim.
Any: Eu estou ótima! Ô ô — ela grita, se levantando cambaleando. Eu e Bruna trocamos um olhar de preocupação e a empurramos de volta para a cadeira.
A voz dela é alta, atraindo a atenção de várias mesas ao nosso redor. Mesmo com a música batendo forte no fundo, é impossível ignorar o escândalo que a Any está fazendo, me matando de vergonha. Algumas pessoas olham para nós, e eu sinto meu rosto esquentar.
Larissa ri, olhando para as pessoas, e eu não consigo evitar de me sentir um pouco envergonhada.
Manu: Ai, Any! —digo, puxando o braço dela. — Você não tem um botão de sussurro, não
Any: Rindo, ela diz com a voz arrastando — Relaxa, Manu! A vida é muito curta pra ficar se preocupando com o que os outros pensam.
Manu: Sério, você tá péssima bêbada. — digo, tentando manter a seriedade, mas não consigo conter o riso que escapa no final.
O olhar dela brilha, e eu vejo que ela está se divertindo como nunca.
Any: Amanhã? Que nada! Amanhã eu vou acordar diva, com um super story pra contar! — ela responde, fazendo uma pose exagerada, como se estivesse na capa de uma revista.
Todas rimos, e a imagem dela tentando se fazer de séria no meio daquela confusão só aumenta minha vontade de gargalhar.
Manu: E eu vou estar aqui pra te lembrar disso. — a provocação sai naturalmente.
Bruna: Eu também! — ela levanta o dedinho.
Larissa: Olha essa pose, Bruna! — comenta, tentando imitar o jeito da Any, mas acaba se atrapalhando e quase derrubando seu copo.
Any: Eu quero ver todo mundo com o copo pra cima! — ela grita, quase pulando na cadeira, enquanto a música toca mais alta.
Olho no relógio e vejo que já vai dar 22h. Preciso levar essa maluquinha pra casa. Imaginar a Any acordando às 5 da manhã me faz sentir uma pitada de preocupação com ela. Com ela nesse estado, vai conseguir trabalhar amanhã?
Passo o olhar pelo local, procurando a saída, e é então que sinto o olhar do Terror sobre mim. Uma onda de frio na barriga me pega. O jeito como ele me observa é intenso, como se estivesse me devorando. É ao mesmo tempo que é assustador e excitante, e não consigo evitar de corresponder o seu olhar.
Mesmo com algumas mulheres ao redor da mesa dele e outras em volta, saber que o Terror está me observando faz meu estômago dar um nó. As borboletas voam soltas, e um friozinho gostoso se espalha por mim. É curioso como, mesmo com toda aquela gente ao redor, ele consegue me fazer sentir como se estivéssemos sozinhos só pela intensidade do seu olhar.
A música continua tocando, mas parece que o tempo ao redor desacelera. Nossos olhares permanecem cruzados por alguns instante que parece se estender.
Any: Manu, você vai me ajudar a levantar? — a voz dela me arranca do transe e vejo que ela está quase caindo da cadeira, rindo sem parar.
Manu: Claro! — respondo, abrindo um sorriso enquanto me aproximo dela. — Vamos lá, maluquinha, hora de ir pra casa.
Larissa e Bruna me ajudam a manter a Any em pé, e com um pouco de dificuldade, conseguimos arrastar ela até a porta, bem perto da mesa onde o Terror está sentado com os outros caras.
Renan: O que foi com ela? — pergunta, mostrando preocupação.
Bruna: Bebeu todas! — responde, rindo enquanto apoia a cabeça da Any em seu ombro.
Renan: c*****o! Pqp!
Manu: Vocês ficam com ela um pouquinho? Só vou pagar a conta e já volto — falo, abrindo a bolsinha para pegar o dinheiro.
Larissa: Vou com você, doida! Vamos meiar essa p***a.
Manu: Não precisa, eu pago aqui!
Larissa: Nunquinha! — ela faz um sinal de negativo com o dedo, balançando a cabeça de forma decidida.
Bruna: Paga pra mim, mona, que depois te faço o Pix.
Xxx: Vai sobrar pra mim essa p***a! — ele ri, e os caras da mesa se juntam ao riso, exceto o Terror, que parece totalmente indiferente, frio e distante ao que está acontecendo.
Observando a cena com aquele olhar indecifrável dele que me faz sentir um frio na barriga.
Bruna: Esse é o meu esposo, L7, e amor, essa é a Manuela, amiga da Any. — Ela apresenta, toda orgulhosa.
Nos cumprimentamos com acenos de cabeça, cada movimento carregando uma espécie de respeito implícito. Abro um curto sorriso, tímido, mas ele mantém a expressão de fechada.
Vamos até o balcão e acertamos a conta, contando as notas o troco ainda vai render um Halls de maçã verde. Ao retornar, dou de cara com a Any em uma situação ainda mais complicada, parecendo um pouco mais perdida e fazendo ânsia, m*l conseguindo se sustentar em pé.
Renan: Vocês tão de carro? — ele pergunta, olhando pra mim com uma expressão que mistura preocupação e humor.
Manu: Não, estamos a pé — respondo.
Bruna: Vou ligar pro Junin buscar vocês — diz, já pegando o celular e se preparando pra discar.
Larissa: Como ela vai de moto com essa menina desse jeito, Bruna? Tá doidona? — ela ri, enquanto Bruna leva a mão ao rosto, balançando a cabeça em negação.
Bruna: Verdade! c*****o, esqueci disso. Eu também tô a pé.
Renan: Eu levo elas, pô. Tranquilo pra mim. Já deu minha hora também. — Ele diz isso com uma naturalidade que me faz soltar um sorriso.
Manu: Eu acei... — antes que eu possa terminar de pronunciar a frase, o Terror me corta, a voz dele carregada de firmeza.
Terror: Elas vão comigo! — ele diz, se levantando de forma imponente, e imediatamente todos na mesa voltam seus olhares pra ele, confusos.
Sinto um frio na barriga com o jeito autoritário dele, enquanto as meninas se entreolham. É como se uma corrente de pensamento passasse por elas, a sensação é clara: todo mundo tá pensando a mesma coisa, mas ninguém se atreve a colocar em palavras o que tá ali, na ponta da língua.
Renan, que estava prestes a fazer alguma observação, hesita, e Bruna abre a boca, mas logo fecha, como se estivesse pesando as palavras. As risadas e brincadeiras dão lugar a uma expectativa nervosa.
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