Capítulo 21

1723 Words
Manu narrando Conforme as horas vão passando, começo a sentir o quanto eu realmente tava precisando de um momento assim. A sensação é leve, solta, quase como se cada gole e cada risada lavassem um pouco da carga pesada dos últimos dias. Admito que sou fraca pra bebida, e eu e a Any já demos conta de algumas rodadas — o suficiente pra eu sentir as bochechas mais quentes e o sorriso escapar sem esforço. A música alta vibra dentro de mim, se espalha pelo corpo, e, sem nem perceber, me pego mexendo os ombros e batendo o pé no ritmo do som. Cada batida me puxa, e o mundo parece menor, só nós e essa energia. Me sinto solta, quase sem peso, balançando junto com o pessoal, e é uma liberdade que não sentia há tempos. Duas amigas da Any se aproximam da nossa mesa, e ela logo as convida pra sentarem com a gente. Larissa e Bruna, nunca tinha visto elas por aqui antes, mas de cara já amei. São super animadas, de riso fácil, falantes, debochadas, surtadas e alto astral que me contagia na hora. Bruna: Mano, tô aqui de olho naquela p*****a da Kethelyn. Sério, se ela encostar no L7, vou esfregar a cara dela no chão, sem dó. Ela fala de uma forma engraçada e eu começo a rir, imaginando a cena. A Larissa dá um gole na bebida e já se mete na conversa, mexendo o ombro de um jeito debochado. Larissa: Bruna, tu não tá vendo que essa Kethelyn é doida? Faz isso só pra te tirar do sério, amiga! Eu, hein, larga de mão. Depois você paga de surtada e ainda leva esporro do Terror. Bruna: Largar, Larissa? Só se for pra largar um tapão bem dado na cara de p**a dela, né? Mexe comigo, não! Enquanto as duas falam, vou tentando entender essa história. Bruna, que é casada com o L7, não disfarça o incômodo ao olhar para uma loira que está em pé perto da mesa onde ele está com o Terror. A mulher dá risada e joga o cabelo de lado, atraindo olhares da mesa toda, o que só deixa Bruna mais incomodada. Ela lança olhares curtos e venenosos na direção da loira que olha pra ela debochando. Larissa, tenta acalmar ela mas não adianta muito não. Pelo que elas falam os dois são envolvidos. Ouço o jeito como elas falam deles, e fico tentando imaginar como é a relação de duas meninas tão de bem resolvidas com uns caras assim, cheio de mulheres, sendo agredidas e sem nenhum respeito da parte deles. Any: Acabei de falar com a Manu dessas putas — fala, com a voz arrastada e virando um copo de vodka com guaraná. Manu: Tá bom, né, Tatiany? Já bebeu demais.— tento tomar a bebida dela, mas ela dá um tapa na minha mão, rindo alto. Levanta o copo desviando das minhas mãos, e reparo que seus movimentos estão lentos. Deixando evidente de que ela já bebeu o suficiente por hoje. Bruna: Eita que hoje tu vai ter trabalho pra levar essa daí embora — ela fala rindo. Manu: Vou mesmo — respondo, deixando escapar um sorrisinho nervoso. O coração acelera só de pensar que vou ter que me virar no meio desse labirinto de ruas. — E o pior que ela tá bêbada e eu nem sei andar direito por aqui. Larissa: Tenho o número do Vitin do mototaxi, te passo — ela diz, rolando o dedo no celular, os olhos atentos à tela. Manu: Nossa, obrigada! — digo, aliviada. — Sério mesmo, já tava pensando no que eu iria fazer. Olho pra Any e vejo que minha amiga tá r**m de bêbada. Com o rosto todo vermelho, se balançando ao ritmo da música com as mãos pra cima, cantando e falando alto. Totalmente fora de si, ela sobra não faria isso. Passo os olhos ao redor e vejo que Terror está segurando um copo de alguma bebida na mão, conversando com uns caras e olhando para mim. Any: Eu estou ótima! Ô ô — ela grita, se levantando cambaleando. Eu e Bruna trocamos um olhar de preocupação e a empurramos de volta para a cadeira. A voz dela é alta, atraindo a atenção de várias mesas ao nosso redor. Mesmo com a música batendo forte no fundo, é impossível ignorar o escândalo que a Any está fazendo, me matando de vergonha. Algumas pessoas olham para nós, e eu sinto meu rosto esquentar. Larissa ri, olhando para as pessoas, e eu não consigo evitar de me sentir um pouco envergonhada. Manu: Ai, Any! —digo, puxando o braço dela. — Você não tem um botão de sussurro, não Any: Rindo, ela diz com a voz arrastando — Relaxa, Manu! A vida é muito curta pra ficar se preocupando com o que os outros pensam. Manu: Sério, você tá péssima bêbada. — digo, tentando manter a seriedade, mas não consigo conter o riso que escapa no final. O olhar dela brilha, e eu vejo que ela está se divertindo como nunca. Any: Amanhã? Que nada! Amanhã eu vou acordar diva, com um super story pra contar! — ela responde, fazendo uma pose exagerada, como se estivesse na capa de uma revista. Todas rimos, e a imagem dela tentando se fazer de séria no meio daquela confusão só aumenta minha vontade de gargalhar. Manu: E eu vou estar aqui pra te lembrar disso. — a provocação sai naturalmente. Bruna: Eu também! — ela levanta o dedinho. Larissa: Olha essa pose, Bruna! — comenta, tentando imitar o jeito da Any, mas acaba se atrapalhando e quase derrubando seu copo. Any: Eu quero ver todo mundo com o copo pra cima! — ela grita, quase pulando na cadeira, enquanto a música toca mais alta. Olho no relógio e vejo que já vai dar 22h. Preciso levar essa maluquinha pra casa. Imaginar a Any acordando às 5 da manhã me faz sentir uma pitada de preocupação com ela. Com ela nesse estado, vai conseguir trabalhar amanhã? Passo o olhar pelo local, procurando a saída, e é então que sinto o olhar do Terror sobre mim. Uma onda de frio na barriga me pega. O jeito como ele me observa é intenso, como se estivesse me devorando. É ao mesmo tempo que é assustador e excitante, e não consigo evitar de corresponder o seu olhar. Mesmo com algumas mulheres ao redor da mesa dele e outras em volta, saber que o Terror está me observando faz meu estômago dar um nó. As borboletas voam soltas, e um friozinho gostoso se espalha por mim. É curioso como, mesmo com toda aquela gente ao redor, ele consegue me fazer sentir como se estivéssemos sozinhos só pela intensidade do seu olhar. A música continua tocando, mas parece que o tempo ao redor desacelera. Nossos olhares permanecem cruzados por alguns instante que parece se estender. Any: Manu, você vai me ajudar a levantar? — a voz dela me arranca do transe e vejo que ela está quase caindo da cadeira, rindo sem parar. Manu: Claro! — respondo, abrindo um sorriso enquanto me aproximo dela. — Vamos lá, maluquinha, hora de ir pra casa. Larissa e Bruna me ajudam a manter a Any em pé, e com um pouco de dificuldade, conseguimos arrastar ela até a porta, bem perto da mesa onde o Terror está sentado com os outros caras. Renan: O que foi com ela? — pergunta, mostrando preocupação. Bruna: Bebeu todas! — responde, rindo enquanto apoia a cabeça da Any em seu ombro. Renan: c*****o! Pqp! Manu: Vocês ficam com ela um pouquinho? Só vou pagar a conta e já volto — falo, abrindo a bolsinha para pegar o dinheiro. Larissa: Vou com você, doida! Vamos meiar essa p***a. Manu: Não precisa, eu pago aqui! Larissa: Nunquinha! — ela faz um sinal de negativo com o dedo, balançando a cabeça de forma decidida. Bruna: Paga pra mim, mona, que depois te faço o Pix. Xxx: Vai sobrar pra mim essa p***a! — ele ri, e os caras da mesa se juntam ao riso, exceto o Terror, que parece totalmente indiferente, frio e distante ao que está acontecendo. Observando a cena com aquele olhar indecifrável dele que me faz sentir um frio na barriga. Bruna: Esse é o meu esposo, L7, e amor, essa é a Manuela, amiga da Any. — Ela apresenta, toda orgulhosa. Nos cumprimentamos com acenos de cabeça, cada movimento carregando uma espécie de respeito implícito. Abro um curto sorriso, tímido, mas ele mantém a expressão de fechada. Vamos até o balcão e acertamos a conta, contando as notas o troco ainda vai render um Halls de maçã verde. Ao retornar, dou de cara com a Any em uma situação ainda mais complicada, parecendo um pouco mais perdida e fazendo ânsia, m*l conseguindo se sustentar em pé. Renan: Vocês tão de carro? — ele pergunta, olhando pra mim com uma expressão que mistura preocupação e humor. Manu: Não, estamos a pé — respondo. Bruna: Vou ligar pro Junin buscar vocês — diz, já pegando o celular e se preparando pra discar. Larissa: Como ela vai de moto com essa menina desse jeito, Bruna? Tá doidona? — ela ri, enquanto Bruna leva a mão ao rosto, balançando a cabeça em negação. Bruna: Verdade! c*****o, esqueci disso. Eu também tô a pé. Renan: Eu levo elas, pô. Tranquilo pra mim. Já deu minha hora também. — Ele diz isso com uma naturalidade que me faz soltar um sorriso. Manu: Eu acei... — antes que eu possa terminar de pronunciar a frase, o Terror me corta, a voz dele carregada de firmeza. Terror: Elas vão comigo! — ele diz, se levantando de forma imponente, e imediatamente todos na mesa voltam seus olhares pra ele, confusos. Sinto um frio na barriga com o jeito autoritário dele, enquanto as meninas se entreolham. É como se uma corrente de pensamento passasse por elas, a sensação é clara: todo mundo tá pensando a mesma coisa, mas ninguém se atreve a colocar em palavras o que tá ali, na ponta da língua. Renan, que estava prestes a fazer alguma observação, hesita, e Bruna abre a boca, mas logo fecha, como se estivesse pesando as palavras. As risadas e brincadeiras dão lugar a uma expectativa nervosa. _____________ Oie... 🥰 Votem e comentem bastante.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD