Capítulo 64.

1091 Words
Narrador misterioso Sempre fui fã de Bob Esponja. Pode me julgar, mas aquele desenho tem mais lição de vida do que muita gente por aí. Desde pequeno, eu me via em alguns personagens. E, sim, me identifico com o Sr. Sirigueijo. Não pelo dinheiro, mas porque ele é manipulador, ganancioso e sempre consegue o que quer, custe o que custar. É o jogo que eu também sei jogar. E foi pensando nisso que escolhi os codinomes pro pessoal envolvido nesse plano. Plankton. Esse aqui é um estrategista de merda. Pequeno em tamanho, mas com uma ambição que não cabe no próprio ego. Ele quer o topo. Quer destruir quem está acima dele. É o tipo que acha que controla tudo, mas precisa dos outros pra fazer o trabalho pesado. Igualzinho ao Plankton do desenho, cheio de planos mirabolantes e nenhum sucesso sozinho. Patrick. Esse é o mais engraçado. Um cara que se acha esperto, mas no fundo só tá aqui porque quer provar alguma coisa. Meio perdido no mundo, igual ao Patrick de verdade, mas com um rancor que o coloca no jogo. E o mais curioso? Ele é quem tá puxando uns fios importantes. Não é só um figurante, mas também não é tão protagonista quanto pensa. E eu? Eu sou o Sr. Sirigueijo, claro. Escolhi esse porque ele é o mais sórdido de todos. Tem uma máscara de respeitável, mas por trás tá só pensando em lucro e controle. Não vou mentir, eu me vejo nele. Não ligo pro que os outros pensam de mim, desde que eu consiga o que quero. E agora, tudo o que importa é o prêmio final desse jogo. O resto? São só peões no tabuleiro. O que eles não sabem é que, no fundo, todos são descartáveis. Inclusive eu, se a situação exigir. (...) Chego ao restaurante indicado, um desses lugares que exalam riqueza e exclusividade, onde os ricos desfilam suas vaidades e os pobres não passam nem da porta. Nunca pensei que um dia eu pisaria em um lugar assim. Luxo, para mim, sempre foi algo que observei de longe, com um misto de desprezo e fascínio. Mas hoje estou aqui, e se é para jogar o jogo, vou fazer isso direito. Vim preparado. Camisa polo azul-marinho, calça social alinhada e o meu melhor sapato preto, aquele que eu guardo para ocasiões especiais. Não sou um deles, mas hoje vou fingir que sou. Porque aqui, aparência é tudo, e eu sei manipular isso melhor do que ninguém. É engraçado como uma roupa bem passada e um ar confiante conseguem abrir portas — e esconder segredos. Eles não têm ideia do que realmente se senta à mesa com eles. E eu prefiro assim. À medida que caminho entre as mesas, a verdade crua da vida grita nos detalhes que poucos enxergam. Alguns ostentam fartura como se fosse um direito nato, enquanto outros, como eu, precisam arrancar cada migalha do mundo à força. Nenhuma bondade divina, nenhuma sorte generosa. Só suor, sangue e estratégia. Olho para esses rostos sorridentes, mergulhados na fartura e na luxúria, e penso o quanto seria fácil esmagar toda essa ilusão de felicidade com um simples movimento. Um pensamento doce, quase tentador. O garçom me conduz até a mesa. A máscara se ajusta automaticamente: um sorriso que nem eu engulo, mas o suficiente para enganar. Estendo a mão, apertando a de quem me aguarda. Esse jogo, esse teatro, é mais que familiar. Eles não me dão nomes, e isso pouco importa. Codinomes são suficientes para que eu jogue com eles à minha maneira. Afinal, anonimato é apenas mais uma ferramenta — útil, mas nunca suficiente para esconder o que realmente importa. PH: Se senta aí - ele aponta pra cadeira que o garçom ja avia puxado - Quero saber como anda as coisas. Eu: Tudo praticamente pronto. Consegui o contato de uma das enfermeiras que trabalha junto com o médico que a velha vai de seis em seis meses. E ela tem uma consulta marcada pra depois de amanhã. – Falo, olhando pra cara deles que riem satisfeitos. – Sabe como é mulher, caem em qualquer papinho mole. Principalmente essa, que não deve ver homem há séculos. A mulher ficou até... – Me empolgo e percebo que tô falando demais quando ele me olha com cara fechada e raspa a garganta. Plankton: Me poupe dos detalhes. Não tô aqui interessado no que você faz com sua vida s****l ou aonde você enfia esse c*****o aí. – Fala ignorante e grosso. Engulo em seco, pego o copo de água e me forço a dar um gole, tentando disfarçar o desconforto depois do fora. Patrick: É, cara, nos poupe desses bagulhos aí. O importante é f***r com esse arrombado. Plankton: Quero ver ele sofrendo a mesma dor que eu senti. Vou tirar tudo dele. Tudo. Eu: Por mim, podem fazer o que quiserem, desde que mantenham o nosso combinado. Plankton: Vou deixar tudo que você precisa em uma van estacionada no estacionamento do shopping. Eu: Ótimo, já consegui uns homens pra ir comigo. Plankton: Excelente. Ele faz um sinal com os dedos, e um dos homens sentados na mesa ao lado vem até mim, carregando uma mochila preta, pesada pra c*****o. Eu: Valeu. – Falo, mas o homem me ignora completamente e volta para o lugar de onde veio. Patrick: Não deixa de avisar assim que a p***a tiver feita. Eu: Positivo. Plankton: Não quero erro. Tem dinheiro pra c*****o aí, e vai ter o dobro assim que concluir. Eu: Não costumo errar. Patrick: Mas errou. – Ele solta uma piada e começa a rir junto com Plankton. Dou um sorriso forçado, mas logo fecho a cara. Dois otários que se acham os bons, mas no final das contas dependem de mim pra pegar um frango que eles não dão conta. É até engraçado, se não fosse irritante. Eu: Papo tá bom, mas vou embora. Plankton apenas assente com a cabeça, enquanto degusta aquele vinho caro na taça, e Patrick se despede com um aceno rápido. Me levanto e saio fora dali, sem perder tempo. Assim que chego no estacionamento, meu celular vibra com a ligação de Patrick. Atendo na hora. Ligação On Patrick: Não esquece da p***a do nosso trato. Presta atenção porque ela vai estar lá. Não entra fazendo graça e presta a p***a da atenção. Eu: Tá nervosinho? Relaxa. Tá tudo sob controle. Patrick: É bom mesmo! Ligação Off Desligou na minha cara, esse viadinho do c*****o! Entro no meu carro e saio chutado. Não posso ficar dando bandeira..
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