Tati narrando Acordei com a minha cabeça latejando, parecia que tinha um tambor batendo dentro do meu crânio. O gosto amargo na minha boca me fez engolir em seco, junto com aquela sensação horrível de que eu ia vomitar a qualquer momento. Meus olhos ainda estavam pesados, turvos, como se eu tivesse dormido por dias ou como se alguém tivesse apagado minha memória. Respirei fundo, tentando entender onde eu tava. O quarto cheirava a álcool e remédio, e quando virei de lado, meu coração gelou. Ele tava lá. Juninho. Sentado na beirada da cama, cabeça baixa, ombro caído, como se carregasse o peso do mundo. — Onde… onde tá meu irmão? — minha voz saiu falha, seca. Juninho levantou a cabeça devagar, os olhos vermelhos, e me encarou. — Caveira foi no QG… cobrar o Samuca. — Ele falou pausado,

