capítulo 12

3025 Words
Sam's POV Depois de Deena ter me deixado em casa depois do piquenique e dos acontecimentos na floresta, não conseguia parar de pensar nela. Eu estava deitada na cama, ouvindo música e pensando em como queria a ver de novo hoje, mas infelizmente só vamos nos ver amanhã, na escola. Os gritos de meus pais no quarto ao lado me tiram do transe, me fazendo colocar um travesseiro em meu rosto para tentar ter um pouco de silêncio, já que nem a música consegue mais abafar a briga. - Parem de brigar! - eu grito, mas ou eles não me ouvem ou preferem me ignorar mesmo, já que a gritaria continua. Levanto da cama, decidida a sair um pouco desse ambiente negativo que está a minha casa ultimamente. Coloco um shorts e uma regata, pego meu walk man e saio de casa, sem nem avisá-los, porque sei que nem vão perceber que eu saí. Enquanto eu andava, continuava pensando sobre Deena e seu machucado. Será que ela realmente foi ao hospital? Espero que sim. Queria ligar para ela para saber como está, mas não tenho o telefone de sua casa, então apenas suspiro e continuo andando. - Hey! Você! Eu ouço alguém me chamar, mas como não reconheço a voz, começo a andar mais rápido, olhando para os lados para ver se acho quem está me chamando. - Ei, é o amigo da Deena! - ouço essa pessoa falar, como se estivesse um pouco atrás de mim. Me viro para ver quem era, já que mencionaram o nome de Deena, e me deparo com um Simon apoiado nos joelhos, ofegante. - Simon? - eu falo, me aproximando dele. - Oi... - ele fala, ainda tentando recuperar o fôlego. - Você anda rápido, viu? - Desculpa. - eu digo, rindo um pouco. - Não sabia que era você me chamando. - Tudo bem. Você é a Sam, né? A Deena não para de falar de você, sério, já está começando a ficar irritante. Eu coro um pouco e tento segurar meu sorriso, mas é impossível. Ela não para de falar de mim! Minha vontade é de pular até eu ficar sem ar, mas com certeza ele acharia isso bem estranho. - Mas e aí? Para onde você está indo? - ele pergunta, parecendo realmente interessado. - Na verdade só estou dando uma volta para esfriar a cabeça. - eu digo, mas ele me olha com uma cara como se perguntasse por que preciso esfriar a cabeça. - Meus pais estão brigando. De novo. Acrescento aquela última parte quase como um sussurro, já que não sou de contar minha vida pessoal para os outros, mas como Simon parece ser uma cara legal e confiável, contei pra ele das brigas e de como estou super cansada de ter aguentar duas pessoas que se odeiam discutirem todos os dias, enquanto andávamos até o banco mais próximo. - Eu sei como é... - ele diz, com um sorriso triste. - Meus pais também eram assim até meu pai ter saído de casa. Eu coloco uma mão em seu ombro, e digo: - Eu sinto muito. Ele apenas sorri, e também me abraça de lado. - Tá tudo bem, essas coisas acontecem. Mas nós dois sabemos que essas coisas não acontecem e que, na verdade, nós só temos pais que são uns bostas. - Mas o que você estava fazendo aqui? - eu pergunto, tentando mudar o assunto para um menos trágico. - Eu ia encontrar com uma pessoa, mas ela me deu um bolo. - ele diz, e olha para a minha mão que estava descansando em minha perna. - Caraca, gostei das suas unhas! Ontem, quando eu não estava conseguindo dormir, graças a uma certa menina de cabelos cacheados e morenos, decidi pintar minhas unhas de preto pela primeira vez, para ver se eu gostava. - Ah, valeu. - eu digo, sorrindo com sua reação. - Quer que eu pinte as suas? De repente, o sorriso de Simon aumenta ainda mais. Acho que ele não tinha pensado nessa possibilidade, mas acredito que ele também não é o tipo de garoto que pensa que só as meninas devem pintar as unhas. - QUERO! Eu rio de sua animação, e falo, levantando do banco: - Beleza, o esmalte está na minha casa. Vamos? - Seus pais não vão estranhar um menino na sua casa? Tipo, eles vão deixar eu entrar de boa? - ele pergunta, confuso. - Eles nem vão perceber que você esteve lá. - eu digo, rindo. Ele também ri, e começamos a andar até a minha casa em um silêncio confortável, nunca tinha me sentido tão bem na presença de um garoto... - Mas e aí? Qual é o rolo entre você e a Deena? - ele fala, quebrando o silêncio. Eu quase engasgo com sua pergunta, já que quase ninguém sabe sobre eu e ela, mas como é o Simon, decido me abrir com ele. - Ah, eu... realmente gosto dela. - Acredite, ela também gosta de você. - ele diz, rindo. - Eu sei. - falo, sorrindo ao lembrar de nossas declarações de ontem à noite no carro. - Ela falou que está apaixonada por mim. - O QUE?! - ele grita, me fazendo rir. - Deena Johnson se declarando?! Por que ninguém gravou essa relíquia? - Ela nunca tinha se declarado para outra garota? - eu pergunto, realmente curiosa. - Nunca. Nunquinha. Nunca mesmo. - Sério? - eu falo, surpresa mas ao mesmo tempo feliz por eu ser a primeira a quem ela se abriu em relação aos seus sentimentos. - Seríssimo. A Deena é bem fechada quando o assunto é sentimentos, mas comigo e com a Kate ela até que consegue se abrir, já que a gente quase obriga ela. Mas eu também entendo o lado dela, já aconteceu algumas coisas bem ruins em sua vida, e se fosse eu acho que também seria meio casca grossa. Fico pensativa quando ele fala que ela já passou por muita coisa, mas decido não perguntar, já que quem tem que decidir se quer me contar sobre isso ou não é ela. - Como vocês se conheceram? - eu pergunto, já que o trio formado por eles era bem peculiar. Uma líder de torcida e presidente de todos os clubes da escola, uma garota durona que mete medo em todo mundo, e um delinquente bem gentil e fofo. - Deena e Kate sempre foram amigas, eu acho que as mães delas eram bem próximas. E eu fiquei amigo delas quando um cara veio me bater na escola mas Deena tentou me proteger e levou porrada por mim. * FLASHBACK* Simon's POV - 8 anos atrás... Eu estava encurralado pela gangue de meninos do oitavo ano no pátio da escola, já que acabei esbarrando em um deles mais cedo e derrubei seu almoço. - Foi sem querer, eu juro! - eu disse, tremendo de medo deles, já que eram mil vezes maiores que eu. - Ninguém liga se foi sem querer ou não, seu p*u mole! - o mais velho grita, me olhando com a cara vermelha. Acho que foi esse que eu esbarrei. Me encolho na parede fria e cinza do colégio ainda mais quando vejo eles se aproximarem mais de mim, socando suas próprias mãos como se estivessem se aquecendo para ME b*******a pobre vítima esperando para ser salva. Quando vejo o garoto com a cara vermelha vir com tudo para cima de mim, com o punho já erguido para me dar um soco bem na cara, fecho os olhos, com medo daquele brutamonte, e espero meu lindo rostinho ser atingido por uma dor excruciante, mas como não sinto nada, abro os olhos e me deparo com a cena de uma garota de cabelos encaracolados e que é provavelmente da minha idade segurando a mão daquele ser humano insensível. - Por que você não briga com alguém do seu tamanho? - ela fala, com uma cara de brava, enquanto ele se vira para ver quem foi o audacioso o bastante a ponto de pará-lo. Acho que ela não percebeu que é bem menor que ele, mas tudo bem. A menina estava vestida de um jeito super maneiro, e sua cara de marrenta e maxilar travado só fez eu gostar ainda mais dela. Mas pelo jeito ela não ia ficar viva muito tempo... - Saí daqui sua intrometida, minha briga é com essa bicha que derrubou o meu almoço! - ele grita, explodindo de raiva. - Own, ele derrubou o seu lanchinho, foi? Não se preocupe, porque a mamãe faz outro pra você. - ela diz, se aproximando ainda mais do brutamonte. Quando ela disse isso, quase bati palmas, mas como ia apanhar se fizesse isso, só abri um sorriso, que se desmanchou logo quando vi o garoto começar a esfumar de raiva. - Eu vou dizer pela última vez, sua p*****a. Saia daqui agora! - Vem me tirar então. - ela fala, com um sorriso sarcástico no rosto. Ele corre em direção a ela, que não foge, mas se abaixa quando ele tenta desferir um soco em seu rosto. Caraca, ela é boa pra caramba! Enquanto o menino continua tentando a acertar, ela apenas desvia, e depois consegue dar um belo chute em sua barriga, o que o faz cair no chão com mão no abdome e uma cara de dor. Bem feito. Os outros amigos dele correm até onde ela estava, e a seguram, a imobilizando. - Me soltem seus montes de merda! - ela diz, enquanto tenta se soltar. Assisto toda aquela cena de olhos arregalados, mas quando vejo o tal garoto levantar, se preparando para bater nela, corro em direção a ele, e subo em cima de suas costas, colocando minhas mãos em seus olhos para cegá-lo. - Ahhh, alguém tira esse panaca de cima de mim! - ele grita, tentando tirar minhas mãos de seus olhos. - Kyle? Johnny? O que vocês estão fazendo com a Deena? - uma voz desconhecida fala, com um tom inocente. Eu olho para o lado e vejo uma outra menina, que parecia filipina e tinha uma pose de mandona, perguntar para os meninos que seguravam a outra garota. Eles imediatamente a soltaram, envergonhados. Pelo jeito, eles gostavam dela. Me distraio com a cena dos garotos com medo da mandona, e o brutamonte que queria me bater consegue tirar minhas mãos de seus olhos, me derrubando no chão logo depois. Ele olha para a menina e diz: - Kate? - Deixa esse garoto aí e vem aqui, rapidinho, Troy. - ela diz, sorrindo pra ele. Uau, ela era linda. Ele vai até ela como um cachorrinho hipnotizado, e quando os dois estão frente a frente, ela dá um chute nas bolas dele e grita: - Vai se f***r! Depois de aquela cena incrível, nós três começamos a correr até o outro lado do pátio, nos escondendo atrás de uma lata de lixo enorme. Quando nos sentamos, ofegantes, olho para elas e digo: - Eu sou o Simon. - Deena. - a menina de cabelos encaracolados diz, sorrindo. - Kate. - a filipina fala, também sorrindo devido a adrenalina. E assim nós tornamos inseparáveis. * FIM DO FLASHBACK* Sam's POV - E foi assim que a gente se conheceu. - ele disse. - Nossa, a Deena sempre teve esse instinto protetor então... - eu falo, lembrando que ela queria ver se alguém tinha se machucado na floresta ontem. - Sim, eu sei que ela é bem marrenta, mas também é uma pessoa incrível. - ele fala, sorrindo. Chegamos na minha casa alguns minutos depois, entrando devagar e sem fazer barulho. - VOCÊ NÃO VALE NADA! - ouvimos a minha mãe gritar, provavelmente para o meu pai. Pelo menos a briga deles vai ter um lado bom dessa vez não é mesmo? - Ah, eles não vão nos ouvir mesmo. - eu disse, começando andar normalmente até o meu quarto e guiando Simon. Abro a porta e o deixo entrar, fechando-a logo depois para não ser pega por nenhum dos dois briguentos. - Caraca, seu quarto é bem rosa. - ele diz. Eu imaginaria que um menino diria essa frase com uma cara de nojo ou desgosto, mas Simon era peculiar e incrivelmente adorável, e apenas sorriu, animado com o meu quarto, que foi decorado delicadamente por minha querida e amada mãe (ugh). - Eu sei, minha mãe que escolheu. - eu falo, suspirando. - Eu achei super maneiro. - ele disse, tocando em meu braço. - Obrigada. - eu digo, sorrindo fraco pra ele, que parecia querer me fazer sentir melhor. Sinceramente, um cavalheiro, precisamos urgentemente de mais homens assim, né? Quem concorda respira! - Mas e aí? Vamos pintar ou não essas unhas desnudas? - eu pergunto para ele, que concorda freneticamente com a cabeça. Rio dele e vou até o banheiro pegar o esmalte. Quando volto, o vejo sentado na minha cama olhando cada detalhe do meu quarto de princesinha. Me sento ao seu lado, em posição de índio, e começo primeira a passar a base em suas unhas. - Vai ficar tão f**a! - ele disse, super animado. - Eu sei. - eu respondo, rindo da empolgação dele. - Você nunca tinha pensado em pintar antes? - Uma vez eu pensei, mas não tinha nenhum esmalte em casa e meu pai provavelmente ia me bater. - ele fala, rindo. - E depois acabei esquecendo, mas sempre quis ver como ficava... Quem sabe da próxima vez a gente possa tentar outras cores! Sorri, pensando sobre ele ter dito que quer se encontrar outras vezes comigo. Eu estava super nervosa em relação à ele e Kate, se eles iam gostar de mim ou não, por isso sua amizade é muito importante pra mim, já que eles tem grande influência sobre a Deena. Além disso, seria bom fazer novas amizades, e Simon é realmente um cara super legal e nem um pouco preconceituoso, exatamente o tipo de pessoa que preciso em minha vida nesse momento! - Claro. - eu falo, sorrindo para ele. - Sabe, Sam, você é uma pessoa muito legal, e eu realmente acho que vai fazer muito bem pra Deena. Aquela casca grossa maligna precisa de um pouco de amor mesmo. Rio do comentário dele e digo, ainda rindo: - Ela não é uma casca grossa maligna. - É sim! Sabia que até os professores tem medo dela? Começo a rir bastante, quando de repente ouço passos no corredor. - Simon, se esconde embaixo da cama, rápido! Ele se esgueira para baixo, e segundos depois meu pai abre a porta do quarto. ' - Oi querida, tudo bem aqui? Desculpe a gritaria. - Oi pai, tudo bem, só estou pintando minhas unhas mesmo. Ele me dá um olhar desconfiado, já que ainda nenhuma das minhas unhas da mão está pintada e eu estou de meia, mas fecha a porta mesmo assim. Solto um suspiro de alívio, e falo, sussurrando: - Simon? Pode subir de volta. - Ufa, achei que ele ia me pegar aqui. - Ai nós dois estaríamos mortos. - eu falo, rindo baixinho. Continuo pintando suas unhas enquanto conversávamos sobre coisas triviais e Deena, e a Kate. - Vou ser sincera, tá? Ela me dá um pouco de medo. - eu digo. - Quem? Kate? - ele pergunta, e eu acento. - É, realmente... mas ela vira um bicho de pelúcia fofinho quando você se torna amigo dela. A verdade é que a Kate é bem super protetora, tipo, se você machucar a Deena ou quebrar o coração dela, a Kate provavelmente vai te matar enquanto você estiver dormindo, ou te torturar por anos. Ele fala isso na maior tranquilidade, enquanto eu pareço que vi um fantasma de tão assustada que fiquei. - É sério? - eu pergunto, parando de pintar suas unhas. - Claro que não. - ele diz, rindo bastante. - Quero dizer, talvez. Fico quieta e continuo a terminar de pintar as unhas. - Prontinho, mister. - eu falo, orgulhosa com meu trabalho de manicure. - Gostou? - Se eu gostei? Eu amei! Ficou maneirasso! - ele diz, super feliz. - Só cuidado para não esbarrar em nada agora para não estragá-las. - eu falo, o alertando, mas já sabendo que ele vai fazer alguma merda daqui a pouco. Ele começa a pular de alegria enquanto eu a rio histericamente ao seu lado. Ele me abraça, tirando meus pés do chão, mas, de repente, eu lembro das unhas ainda frescas. Droga! - Simon! As unhas! As unhas! - eu digo, e ele me bota de novo no chão, com uma cara de assustado. - Merda! Desculpa, Sam. - ele diz, triste. - Relaxa, bobão, eu concerto rapidinho para você. Depois de retocar de novo algumas unhas dele, nos despedimos, porque já estava ficando um pouco tarde. - Eu vou ver se tem alguém na sala para a gente poder descer, ok? Ele concorda, e eu saio do quarto, descendo para o andar de baixo. Chego na sala e vejo meu pai sentado no sofá, com uma cerveja na mão. Me viro rapidamente e subo de volta, entrando em meu quarto. - Meu pai está lá embaixo. - eu falo, me encostando na porta. - E agora? - Eu desço pela janela mesmo, então. - ele disse, na maior naturalidade, como se já tivesse feito isso mil vezes. - Relaxa, Sam, eu sempre faço isso quando vou na casa de algumas garotas e os pais delas chegam em casa. Vou até a janela e a abro, tentando ver a altura que ele teria que pular, mas vejo meio que uma escadinha de folhas do lado da janela, que seria boa para ele se apoiar enquanto desce. - Ah, tente descer pela escadinha de folhas que tem aqui do lado. Ele vem do meu lado para ver e concorda com a solução, me dando um abraço e dizendo: - Te vejo amanhã, princesinha. Ele pisca, e começa a descer pela folhagens, enquanto eu o observo para ter certeza de que não vai cair. - Tchau! - eu grito da janela quando o vejo acenar, já sã e salvo em terra firme.
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