Capítulo 2

3985 Words
Meu nome é Allisson Blanco. Ok, como perceberam, ainda possuo um Castellamari no meio, e o porquê disso eu falo mais para frente. Tenho vinte e três anos, morena, natural do Rio de janeiro. Sou a típica mulher brasileira, cheia de curvas, um corpo que me orgulho, bastante voluptuoso. Meus cabelos são negros, bem escorridos, s***s cheios, e possuo belos olhos azuis claros chamativos. Meu pai é o culpado por isso. Como profissão, me formei em medicina. Carreira a qual eu sempre sonhei. A vida inteira, gostei de cuidar das pessoas, sempre fui cuidadosa, prestativa, sempre amei ajudar a todos, e com o tempo, o desejo foi aumentando. Outra coisa que amo, é cozinhar. Minha cabeça foi mudando, e ao final, optei por entrar aos mistérios da alimentação. Especializei-me em nutrologia. A melhor coisa, é quando elaboro em casa mesmo, receitas saudáveis e gostosas. Sou cozinheira de mão cheia, desde pequena fui instruída a saber preparar os melhores pratos que me interessava. Muito do que aprendi fui aperfeiçoando e buscando na internet, nossa amiga do século XXI. Preservo minha profissão, só que confesso, sou uma mulher do século passado. Me realiza também ficar em casa, organizar os afazeres, preparar o almoço, a janta. Hmm. Sou uma dona de casa. Acabo dando algumas sugestões aos meus pacientes no hospital onde trabalho, alguns torcem o nariz, não dando chance aos alimentos, outros embarcam e gostam. É tudo questão de experimentar. Sim, sou um caso a parte por ter me formado tão cedo. Considero-me uma garota prodígio. Sempre me destaquei pelas ótimas notas, nunca era um problema para mim. Focando em seu sonho, ao objetivo, estudando muito, se chega longe. Tudo isso, claro, graças a meu bom Deus que sempre esteve presente em minha vida, principalmente pelo fato de ter dado o meu maior tesouro, meu presente divino, o pequeno Lui. Lui é meu amor, herança do Luídi, um traste que eu fui casada há três anos atrás e... Não! O nome dele não é em homenagem ao pai, mas sim ao meu avô. O homem que eu tenho o maior respeito e admiração, só não está mais vivo, infelizmente. Lembro-me que quando havia uma folga do trabalho, sempre passava a casa dos meus pais, me dava um beijo caloroso a testa e saía comigo e Patrícia. Admito, sabia que eu era a netinha preferida. Minha irmã se ardia em raiva, quando de tarde, quase ao anoitecer, passávamos ao pomar de maçã. Eu amava, e pedia para vovô Lui pegar, era docinha e bem vermelha. Ela cruzava os braços, e sentava ao branco da pracinha fula da vida. Não sei porquê, já que não gostava de maçãs. Voltando ao meu "ex marido". Ainda sou casada. Luídi não quer o divórcio. Não entendo sua recusa se tanto fez para que eu me afastasse, e o letigioso é complicado demais. São muitas burocracias, que me estresso somente de pensar. Estou começando a desconfiar, que o problema sou eu, pois estou com meu quinto advogado em anos, em um passo de mágica, em pouco tempo, desistem do meu caso. Não sei o que acontece. Como uma mãe cautelosa, não pus meu filho no meio. Somente quem sabe que sou mãe, são as pessoas mais próximas a mim, como meu irmão Pierri, que descobriu a algum tempo, e minha cunhada/amiga Pâmela. O primeiro fez um espetáculo, culpando-me, dizendo que tirei seu direito de ser tío. Uma confusão só. Ainda ouço suas broncas direcionadas a mim, e como a muito tempo faço, ouvi suas reclamações calada. Hoje em dia, o respeito demais, somente uma coisa eu não concordo com ele. Em dizer meu único segredo ao meu ex esposo. Sei que é r**m da minha parte, mas nunca vou dizer a Luídi que temos um filho juntos. Morreria se sua família me tomasse, a única coisa boa da minha vida, a única coisa boa que saiu desse casamento de merda que fiz. Eu descobri que estava grávida logo após desmascara-lo com a minha irmã num quarto de hotel. Sorrio sem humor. Naquele dia eu estava extremamente reluzente, seria capaz de explodir de tanta felicidade, e beijar o primeiro que visse a minha frente. Eu achei que me amava. Era a primeira vez que eu realmente senti isso, não sei se foram as palavras da mensagem, ou minha cabecinha sempre iludida. Desconfiava que havia algo de estranho. Até que fui recebendo cartas anônimas me indicando cada passo que eu deveria agir. Sentir o perfume de sua blusa, perceber a marca de batom em seu corpo, até um chupão já tinha reparado, e que obviamente não era meu, pois desde a desconfiança, durmíamos em quartos separados. Conheço esses tipos de homens, chegam muitos ao hospital. Traem suas esposas, acabam as colocando em perigo, sífilis é um exemplo. Uma conhecida da faculdade semana passada, me procurou, estava contaminada por essa doença e buscava o melhor tratamento, estava grávida, e o seu medo era passar para o bebê. Quando conscientizei-me do estado onde eu me encontrava, tratei logo de interromper nossa relação. É r**m que eu ia permitir ele ficar com essas putas, e depois deitar em minha cama. Então, por precaução, acabei fazendo todos os tipos de exames possíveis, e constatando posteriormente que eu estava limpa, como água. É uma coisa que não aceito de forma alguma, traição, como meu pai fez com minha mãe a anos atrás. Foi assim que descobri meu maninho que hoje em dia é meu melhor amigo. Isso eu agradeço, e posso tirar dessa frieza e deslealdade do ser humano, ato tão antigo e desonroso. Trouxe-me um homem que muito admiro, um irmão que protege, cuida e ama. O sentimento é mais que recíproco. Ele não concorda em eu esconder meu filho. Afirma que se fosse ele ficaria louco com essa benção tão grande, de ter uma mini xerox em casa, e que com Luídi seria a mesma coisa, levaria da melhor forma. Eu não quero isso. Ele não suportava crianças. Lembro-me do dia em que fiquei encantada com um bebê de dois aninhos ao colo da mãe quando passeávamos ao shopping. O peguei ao colo, segurei encantada. Em um momento rápido, o espertinho gorfou a camisa branca de Luídi. Impreciso falar sua reação após esse episódio. Xingou todo nosso retorno para casa, e a novidade, me culpou por isso. Não quero que meu filho sofra rejeição ou qualquer tipo de humilhação por sua parte. Não quero ter que odia-lo mais do que eu odeio, e o que sinto hoje em dia já basta. Não n**o que fui feliz nos dois primeiros anos de casamento. Ele era perfeito, na verdade, só fingia que era. Seus cabelos loiros, olhar sexy, e sorriso sacana, enganaram desde o princípio. Eu me doava inteiramente para aquele homem, fazia o possível e o impossível para fazê-lo me amar. Não obtive êxito. Essas três palavrinhas mágicas nunca dançaram de sua boca."Eu te amo". Lutava por elas. Todos os dias me reinventava, realizava todos seus fetiches sexuais, supria seus desejos e vontades. Aprendi coisas que nem eu mesma acredito que ganhei coragem de fazer. Empenhei-me até a cozinhar o livro de receita de sua avó Ana, e para que? Para no final me trair com minha própria irmã. Aquela p*****a, filha da p**a, galinha de zona, nem sei por onde anda. Perdoem-me as palavras chulas, é o modo que me desestresso, aprendi com meu ex maledetto. Desanuvio o pensamento. Falando em minha irmã, bom... No começo da separação, em toda a oportunidade, Patrícia sempre esfregava em minha cara dizendo que dormia com meu marido, que ele chegava ao limite, desmanchava em seu interior chamando seu nome, e acreditem, que ela era mulher de verdade para ele. Uma merda! Vagabunda! Nunca irá chegar aos meus pés. Eu sim sabia o que ele gostava, mas isso não vem ao caso. Nas festas que era convidada, os via sempre juntos. Patrícia fazia questão de olhar em meu rosto, para jogar sua felicidade em mim. Eu não queria acreditar, infelizmente era real. No começo, eu corria para o banheiro chorar e despejar tudo que eu sentia. Eu amava demais aquele homem, e hoje, vejo o quanto ele foi c***l, mentiu, enganou, traiu, me fez de otária. Isso que eu fui, uma otária. Tudo é passado, deixei no lugar onde deveria estar. Passei por cima. Me formei na melhor faculdade da Itália em primeiro lugar, e hoje, sou uma profissional bem sucedida, e também mafiosa nas horas vagas, está no sangue da família. Quando me entendi por gente, meus pais me puseram em frente a eles ao ex sofá de dona Mirtes na sala. Não compreendi a princípio. Eles precisavam confessar algo. Naquele dia soube que eu fazia parte de uma das maiores organizações criminosas mundiais. Soube o porquê de meu pai viajar tanto, quase não parar em casa, e raramente comparecer aos fins de semana. Um cargo importante foi direcionado a ele, Joseph fazia parte do conselho, o líder do clã. No começo eu compreendi e o aceitei sem julgar, afinal, tudo o que eu era, a casa onde morava, a escola que estudava, eram frutos da máfia. O que me desinteressou e me pôs ao lado oposto, revoltar-me contra meu pai, foi quando descobri seu relacionamento extra conjugal. A partir dali, ele deixou de ser o exemplo de homem que admirava. Por essas e outras, a muito tempo não nos falamos. Eu sempre fui sua filinha do coração, nossa relação sempre foi mais do que boa, Joseph era visto para uma criança sonhadora, como um herói, que se esforçava ao máximo para dar-lhe o melhor. Com o tempo, passei a fazer pequenas viagens de verão para Itália. Conheci a enorme mansão Velmont cujo era minha também. Uma mulher loira sempre me atendia, com extrema alegria e brilho no olhar, ela era muito simpática. Ainda nesse período, em minha infância, pude conhecer Pierri, um garoto lindo de olhos azuis e cabelos negros, do estilo Restart. Meu irmão. Que eu ainda com mente juvenil, não compreendia ser filho de outra mulher, pelo menos ao fundo, permitia-me a não enxergar isso. Ele era apenas filho do meu pai. Pierri ficou tão feliz em me conhecer, que quis ensinar-me tudo. Dizia que enquanto estivéssemos juntos, nenhum m*l me aconteceria, mas separados não poderia fazer muita coisa. Então, quando cresci mais um pouco, ensinou a defender-me, com a arte das lutas, e aulas de tiro, todas as segundas e quartas-feiras. Allisson Blanco começou a se inteirar dos assuntos da máfia, o que era novidade para muitos, pois mulher ao meio de tubarões, o mundo o qual os homens dominam, era algo raro de se ver. Mas dentro de lá, sempre foi bem difícil de eu ser chamada para alguma missão importante. Claro, apesar de ser filha de quem sou, aderir algo tão significativo a uma mulher, feriam seus egos. Digamos que eu aceitei por ser o cérebro da equipe, e comandar centenas de homens em operações grandiosas, por detrás de minha modesta mesa de computador, em meio aos sistemas operacionais, com minha amada amiga Hanna. Nunca obtive a oportunidade de comandar de frente, de corpo presente, porém em questões estratégicas, modéstia a parte, me saio muito bem. Me sinto venerada por isso. Ganhei o respeito e admiração de todos, tanto os homens, quanto suas digníssimas esposas, que se escondem a parede alfa, restringidas, abdicadas e mudas em suas particulares mansões, e visita diária a tratamentos estéticos. Sou uma mulher com muito orgulho do que me tornei, forte, independente, e que não precisa de homem para comprar um alfinete. Tenho 23, mas falo isso para qualquer menina jovem em minhas redes sociais: Sejam livres independentes, trabalhem, estudem, se formem, ganhem dinheiro. Não deixem homem nenhum pisar em seus sonhos. Vá além da sua capacidade. Quer ter filho nova? Tenha, cada um com suas escolhas, mas arranje um homem decente. Não deixe isso atrapalhar sua vida, não tenha preguiça ou vergonha de continuar frequentando a escola, mesmo que tenha que estudar a distância. Cuide bem do seu bebê e depois arrume um emprego. Pague sua faculdade, pois só assim temos respeito em casa e podemos dizer com a boca cheia, eu não preciso de você pra nada! Isso é ser mulher de verdade, não é ficar dando para todo mundo, não saber quem é o pai e posteriormente acabar enorme de gorda, toda bagaceira, com 6 filhos, um marido cachaceiro, e a barriga presa no fogão, sem ao menos uma grana para chamar o ifod. Isso não é vida, podemos ser maiores. Vamos voltar a falar de Luídi. Ah, Luídi... Meu odiado, ex amado esposo. Posso dizer que com ele passei, a primeiro prazo, os melhores anos da minha vida. Coisas boas que senti, e querendo ou não, levei também a memória, junto com minhas malas infantis. Vivo muito bem esses três anos longe dele. Não n**o que sinto sua falta, seu cheiro, sua pegada irresistível, seu sabor de menta que me deixava louca. Deixo as lembranças invadirem. Se me perguntassem se o perdoei, é claro que sim, Deus ensina a perdoar 70x7, mas não é por isso que voltarei para seus braços. Em nossa casa, os dias eram tempestuosos. Brigas, atrás de brigas. Não havia vida, não havia cor, muito menos sentimentos. Por minha parte, somente quando estávamos ao fim do relacionamento. Eu não queria isso, ninguém casa por amor, com a tórrida intenção de se separar. Eu poderia reconsiderar como todas as vezes que cometia algo, infligindo minha alma com palavras grossas e gestos rudes, porém a certeza de tal ato, se tratava de algo imperdoável. Não aguento traição, senti na pele, muito antes do meu caso. Minha mãe cometeu suicídio após descobrir que meu pai a enganava, e isso não perdôo. Naquele dia, foi como reviver tudo que minha mãe passou em slomosthion. Não desejo para ninguém, é uma sensação de impotência, de não ser suficiente, é uma coisa tão grande que só de pensar rasga meu peito por dentro. É f**a. Hoje é o grande dia do meu casamento, 12 de junho. Fecho os olhos ao recordar que também é a data que determinou o fim do meu relacionamento com Luídi, o dia da descoberta. Olhando ao espelho, visualizo a mulher de traços delineados, maquiagem perfeita, transparecendo uma alegria que infelizmente não chega aos olhos. Termino a passada do batom, rosa claro. Bruno D'Campion é o homem que escolhi para juntar minha escova de dente, e para falar a verdade, não sei o porquê se não o amo. Meu noivo é extremamente lindo, gato, me atrai demais, o que posso falar? Ele não é Luídi. O que sinto nem chega perto, a primeira vez que encontrei meu ex marido. As borboletas a barriga, as mãos soando, a vontade de estar com aquela pessoa a todo instante, jamais largar. As vezes me culpo, por talvez estar comparando os dois homens, não deveria, são extremo opostos. Continuo a analisar-me ao espelho. Vestido branco volumoso, cravejado de pedras no colo. Estilo princesa. Um sutil decote coração, ombro a ombro, manga longa, rendado em quase toda a parte. -Como esperado. Está linda Alli. Sorrio para Pâmela, tentando chegar o brilho ao olhar. Como sempre, está deslumbrante com seu traje devidamente escolhido por mim, agrupando a todas as demais madrinhas. Suas curvas, e altura, a tornam esquia, com toda a classe possível ao mundo. -Obrigada gata. -assopro um ar, balançando as mãos tremidas. -Tô um pouco nervosa. Sorrio sem vontade. Me sento ao colchão, minha mente vagueia, enquanto repasso o porquê de estar aqui. Abaixo a cabeça. Entrelaço as mãos, causando um belo desenho as unhas bordadas, feitas delicadamente por Maria. Para essa obra, levei um pouco mais de uma hora sentada a cadeira um tanto desconfortável de sua modesta casa a periferia. Ela é incrível. Suspiro suave. -Amiga. -mãos frágeis tiram-me a atenção ao desenho de renda. Afaga minha pele na sua. -Eu lhe conheço a anos. Sei muito bem os gestos, entrelaçar os dedos, são um deles. Sabe que temos uma espécie de ligação, e minha intuição diz que isso aqui, não é o que você quer. -mordo uma parte do lábio a escutando. -Não queria falar, mas lá vai. Eu sei que ama meu irmão e... Não a deixo completar a frase. A interrompo levantando uma palma ao ar. Sei muito bem o que quer, passou os últimos dias infernizando minha mente, para desistir desse bendito casamento, e minha resposta continua sendo não. -Está enganada. -balanço a cabeça. -Não me fale desse homem por favor. Chega de tentar me convencer o contrário. Não sei porque tanto insisti. -cruzo meu olhar ao seu. -Você sabe o quanto eu sofri nesse casamento Pâmela, e hoje, é para ser o melhor dia da minha vida, não estraga isso. Ouço o som do sua respiração pesada. Se agacha em minha frente. Miro seus olhos opacos, o mais lindo azul que já presenciei. -Ei. Devagar levanta meu rosto, que está com algumas malditas lágrimas impossíveis de conter. É inevitável. Demorei um bom tempo para tomar essa decisão. Casar novamente, não estava em meus planos, Bruno conseguiu me conquistar. Foi calmo e paciente. Não é fácil retomar a vida, após termos passado por um grande amor, que deixou marcas até hoje sentidas. Não posso olha meu filho e não lembrar-me de Luídi, querendo ou não, ele estará sempre presente em minha vida. -Eu sei o que está passando aqui. -põe a mão em meu coração. Bate frenético. -Eu sei que no fundo não quer se casar. Que não ama esse homem, amiga... Não cometa o mesmo erro duas vezes. -Não posso fazer isso com ele Pâmela. Ele é como um pai para meu filho. Eu só preciso de uma presença paterna. Você mais do que ninguém sabe, o quanto dói Lui pedir para conhecer o pai, e eu dizer que viajou, que não pode encontrá-lo no fim de semana, muito menos jogar bola num domingo qualquer. Meus olhos enchem d'gua. Pisco algumas vezes para tentar afasta-las. Eu sei o que Lui deve sentir. Por pequenos períodos que Joseph viajava, era como um pedaço meu fora do lugar. A presença paterna, sempre fará falta para uma criança, por mais que exista amor, o espelho de outro homem junto, é essencial. Por isso quero Bruno em nossas vidas. Ele tem ido muito, em nossa casa. Demonstra gostar demais do meu filho, de vez ou outra, brincam ao quintal, deixando meu pequeno sempre fazer seus gols como artilheiro. O homem certo para mim, é o homem que ame meu filho, e isso basta, a felicidade dele a frente da minha. Sempre. -Eu entendo, mas vai sacrificar sua vida por isso? Paro por um minuto, em meio a nuvem que embarga meus olhos para analisar sua expressão. Eu a conheço muito bem para compreender que agiu de uma forma que eu não irei gostar. Está com receio de falar. Recomponho-me para ouvi-la. -Sei que não vai gostar, e espero que entenda amiga. Tomei essa decisão para o bem de nós três. -toma um ar por belos segundos, o que mais pareciam eternidades. -Lui sabe de tudo que meu irmão fez. Contei das traições, mentiras e as diversas agressões psicológicas que lhe impusera. Eu mesma fiz questão de esclarecer diante da sua carinha de confuso. -Você o que? Levanto revoltada. Isso é novidade. Passei a vida inteira do meu filho, escondendo o que o pai fazia comigo. Até mesmo lembranças que algum dia houvera um casamento, fotos não haviam, nenhum indício sequer. Em casa, m*l se pronunciava o nome de Luídi, e por uma óbvia razão, não quero que meu filho se torne um homem revoltado, ou pior, semelhante ao pai, que faça o que passei, com as mulheres que se colocarem em sua vida. -Como pôde! -exalto a voz. -Meu filho vai crescer com raiva do pai que nem ao menos conhece. Quantas vezes eu te pedi pra não contar nada do que aconteceu pra ele! É só uma criança, c*****o! -Não é justo que ele ache que o pai é inocente! Um príncipe encantado que somente está viajando por aí. Luídi é meu irmão, mas não suporto o que fez contigo. Não quero que Lui cresça e seja como ele. -A mesma coisa que eu Pâmela. Tem jeitos e jeitos de intermediar uma situação, e uma delas não é sair contando, enchendo a cabeça de um menino pequeno com assuntos de gente grande. -guardo uma mecha atrás da orelha. -Não interessa o quão quer o bem dele. Você não é mãe de Lui para opinar sobre a sua criação. -Eu cuidei dele junto com você, desde quando era um bebê. -Só que ele não é seu filho! Não aguento e acabo soltando. Em um momento de esgotamento, saio do quarto, caminho em direção ao banheiro buscando me refrescar um pouco. Odeio brigar com ela, brigas em geral. Só que dessa vez Pâmela passou dos limites. Não queria que meu filho crescesse com essa informação mais que desagradável. É muito pequeno para saber o quanto ferrada foi a vida de seus pais, e o porquê de não estarem juntos. Solto uma lufa de ar. Só... não estava na hora. Jogo um pouco d'gua em meu pescoço, tentando aliviar a cabeça quente. Sei que também joguei palavras muito pesadas, difíceis ser ouvidas. Ela tem um valor mais que especial em nossas vidas. Repasso o que falei, e ao final concluo. Estou fielmente arrependida. Ouço alguns toques na porta. Sei muito bem de quem se trata. Abro e encontro Pâmela com a maior cara de choro. O que era de se imaginar, pelos anos e anos de amizade. -Perdão amiga. -funga o nariz, nada delicada. -Você estava certa, eu não deveria ter dito, palavras que somente a mãe tinha o direito. Antes estava emocionada, agora deixo as lágrimas caírem de vez. Caio no choro igualmente, e a abraço apertado. -Você que tem que me desculpar. Não foi justo as palavras que eu te disse. Você sempre foi meu refúgio quando eu precisei ir pro curso e não deixar meu filho com qualquer um. Você é bem mais que uma tia, me perdoa. -Somos duas bobas, e... -nos separamos. -Para de chorar. Hoje é seu dia. Vai dar tudo certo. -Entra. A puxo para dentro do banheiro quando percebo que tem muitas pessoas em volta. Os curiosos já prestando atenção em nosso momento. Dentre eles cabeleireiros, maquiadores, e alguns da família de Bruno. -O que foi? Está agitada. -Você tem razão, eu nunca esqueci seu irmão. -confesso. -Não o amo mais, não tenho nem resquício de sentimento de amor por ele, só afeto por ser pai do meu filho. Agora, abandonar Bruno no altar, eu não vou fazer. A partir de hoje Lui ganhará um pai, que eu tenho certeza que será o ideal. -Sabe que pode desistir, não sabe? -Eu sei, mas não quero. Seria uma humilhação. Eu não tenho coragem de fazer isso com ele, mesmo que possa destruir meu coração, e lá pra frente eu perceba que fiz a escolha errada. Sinto que posso chegar a ama-lo Pâmela, só tenho que tentar. -Tá certo. -Qualquer decisão que venha a tomar, saiba que eu sempre estarei aqui com você. Damos mais um abraço. -Eu sei, e te amo por isso. -Também te amo. Ficamos mais meia hora na casa, até nos arrumarmos decentemente. Choramos mais que tudo, e meu rosto ficou igual ao do Bozo, já imaginaram não é? Minha produção eu mesma que fiz. Os maquiadores eram só para as madrinhas. Repus a maquiagem, dessa vez, utilizando a prova d'água, estava certa que não iria me emocionar, ledo engano. Desci as escadas decidida, literalmente preparada para essa nova vida que me espera. É agora, que dê tudo certo.
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