O Primeiro Ataque

1058 Words
Helena estava na sala de conferências de seu hotel, reunida com sua equipe da PHOENIX. Ela m*l dormira. A imagem de Lucas saindo furioso, a decepção marcada em seu rosto, era mais dolorosa do que qualquer derrota no tribunal. Ela havia feito a Minha Escolha, mas o custo era alto. O telefonema de seu contato no Fórum trouxe a primeira dose de veneno. — Dra. Monteiro, a Promotoria solicitou uma moção para avaliar a ética de seu estagiário. Não mencionam nomes, mas é claramente direcionado ao jovem Lucas. Alegam que um conflito de interesses foi ocultado. O sangue de Helena gelou. Daniel não estava apenas jogando o caso; ele estava jogando a vida de Lucas. Ele queria expor Lucas, forçar uma investigação que mancharia o currículo de seu filho antes mesmo de ele começar. — Ele não é meu estagiário. — A voz de Helena era de aço. — Ele era estagiário do Daniel, e ele se demitiu para evitar o conflito. Mantenha o arquivo dele limpo. Ninguém toca no meu filho. O contato hesitou. — Mas o Promotor Albuquerque está insistindo que ele foi usado para infiltração, citando o fato de que a Doutora e o jovem parecem... próximos demais. A frieza de Daniel era chocante. Ele não apenas acreditava na mentira do amante, mas a estava usando para justificar um ataque ético. Isso não era a lei; era vingança pura e simples. — Preparem uma resposta para essa moção, agora. Neguem o relacionamento profissional e aleguem má-fé da Promotoria, tentando desviar o foco da fraude da PHOENIX. E marquem uma reunião comigo e o Daniel no Fórum. Quero resolver isso antes que o juiz se envolva. Daniel aceitou a reunião com uma satisfação fria. Ele se sentou em uma das salas de conciliação, Viviane ao seu lado, parecendo tão elegante quanto venenosa. Quando Helena entrou, sozinha, com sua postura rígida, Daniel sentiu o mesmo arrepio de mágoa e desejo. — Promotor Albuquerque. — Helena não perdeu tempo com cortesias. — Doutora Monteiro. Vejo que chegou sozinha hoje. Seu… assistente não veio? — Daniel enfatizou a palavra com escárnio. — O jovem Lucas não trabalha para mim, Daniel. E não trabalha para você. Ele se demitiu para evitar exatamente o tipo de circo que você está montando. Viviane interveio, com uma voz aveludada, mas cortante. — Doutora, se o jovem se demitiu a pedido seu e sabemos que foi, isso apenas confirma a intenção de usar a posição dele para obter informações. Um profissionalismo, de fato, questionável. Helena virou-se para Viviane, medindo-a. A mulher era bonita, ambiciosa, e claramente fascinada por Daniel. Ela era o cão de guarda perfeito. — Você deve ser a Doutora Viviane. — Helena deu um sorriso gelado. — É sempre bom ver que, enquanto meu antigo colega Promotor se afunda em fofocas e acusações pessoais, ele tem alguém para fazer o trabalho sujo. Viviane apertou o maxilar. — Não é trabalho sujo, Doutora. É diligência. E meu trabalho é proteger o Promotor Albuquerque das suas táticas antiéticas. Daniel interrompeu, a raiva fervendo. — Não tente desviar o foco, Helena. Você usou um estagiário inocente para tentar me minar, e agora que o plano falhou, você quer que eu o proteja das consequências? — Você é quem está ameaçando a carreira de um estudante, Daniel! — Helena finalmente perdeu a frieza. O nome de Lucas era seu ponto fraco. — Ele não tem nada a ver com a sua briga comigo! — Ele tem tudo a ver com a sua briga comigo! — Daniel se levantou, batendo as mãos na mesa. — Ele é a razão pela qual você me deixou, não é? Dezoito anos, e você volta com o motivo da sua fuga ao seu lado, esperando que eu o ignore? — Você está louco. — Helena sussurrou, recuando um passo. Ele não estava apenas jogando, ele estava emocionalmente descontrolado. E isso a aterrorizou. Viviane aproveitou o momento para se aproximar de Daniel, colocando a mão em seu braço em um gesto de controle. — Daniel, por favor. Mantenha o foco. Helena viu o gesto. Viu o toque possessivo de Viviane. E, de repente, sentiu que o jogo não era apenas sobre Lucas, mas também sobre Daniel. — Muito bem, Promotor. — Helena voltou a ser a advogada inabalável. — Retire a moção de ética contra Lucas. Agora. Ou amanhã, apresentarei evidências de que a PHOENIX TECNOLOGIA foi forçada a pagar propinas para a prefeitura anos atrás, e você sabe que os principais envolvidos nessa fraude estão entre os seus atuais clientes. Eu não hesitarei em afundar a sua lista de casos para proteger meu filho. O choque na face de Daniel era óbvio. Ele não sabia sobre a conexão da PHOENIX com a corrupção da cidade. Helena tinha um trunfo. — Você está blefando. — Daniel rosnou. — Faça Minha Escolha, Daniel. O seu caso de fraude fiscal, ou a reputação de um estudante que você já prejudicou. Daniel encarou Viviane. Viviane, furiosa, balançou a cabeça negativamente. Ela não queria que ele cedesse. Mas Daniel viu o fogo nos olhos de Helena. Ele sabia que ela não blefava quando se tratava de proteger o que era dela. Ele sentiu que a ameaça era real e que o risco de Viviane era alto. — A moção está retirada. — Daniel cedeu, a derrota amarga. — Mas não pense que isso acaba aqui, Helena. — Isso acaba quando você parar de usar meu filho. — Helena pegou sua pasta e saiu da sala, deixando Daniel consumido pela raiva e Viviane fervendo em frustração. Viviane se virou para Daniel, o controle desaparecendo. — Por que você cedeu?! Tínhamos ela! Ela estava blefando sobre as propinas! — Não estava. — Daniel esfregou o rosto. — E mesmo que estivesse, ela estava disposta a queimar a cidade inteira para me atingir. Não se preocupe, Viviane. Eu a venci uma vez. Eu vou vencê-la de novo. Mas o próximo ataque será legal, não pessoal. Enquanto isso, Lucas estava na biblioteca, tentando estudar, mas incapaz de afastar a imagem da raiva de Daniel e a frieza de sua mãe. Ele sentia que havia algo oculto, algo que eles estavam lutando para esconder dele. Ele não era apenas um estagiário ou um filho. Ele era a peça central de uma mentira. E ele precisava descobrir qual era a verdade.
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