Capítulo 01

1910 Words
Capítulo 1 Eliza Campos O meu vício pelas drogas começou após os meus pais se separarem quando eu ainda era uma adolescente. Minha mãe havia acabado de descobrir uma traição que já durava bastante tempo. Desde a separação meu pai havia ido embora de casa e para esquecer os meus problemas, comecei a usar drogas. Todos esperavam que eu fosse o orgulho da minha família, mas, na verdade, apenas trouxe desgosto e sofrimento para todos ao meu redor, bom, era isso que eu pensava. Poderia ter acontecido outras coisas se tivesse contado a minha mãe desde o começo quando isso aconteceu. Sei que minha mãe sente tristeza e pena pelo que eu havia me tornado. Sou a filha mais nova, era conhecida como a menina fantástica, isso apenas por ser sonhadora, que tinha sonhos como qualquer outra e que nunca desistia de nada, mas desde o meu vício nas drogas, todos se afastaram e se quer pensaram em me ajudar a superar tudo isso, pessoas que se diziam minhas amigas e que estariam comigo para o que der e vier, e dessa forma que descobrimos quem são verdadeiros. Sua família, pena que demorei muito tempo para reconhecer isso. Demorei muito tempo para admitir que me tornei uma dependente química e com isso não aceitava de forma alguma depender da ajuda das outras pessoas. Recordo-me até hoje quando minha mãe havia descoberto meu vício com as drogas. Eu havia acabado de terminar de escrever meu primeiro livro, e sim, cheguei até conseguir publicá-lo, mas, claro que isso acabou não dando certo. Naquela época estava conseguindo ter uma visibilidade grande no ramo literário, porém, nessa época já estava viciada. Se eu soubesse que por conta desse vício a minha vida iria se tornar uma verdadeira catástrofe ambulante, era óbvio que tentaria fazer tudo diferente, queria poder dar orgulho para a minha família novamente. Após relembrar de tudo o que havia acontecido, respiro fundo e seco algumas lágrimas que começavam a escorrer pelo meu rosto. Por conta do meu vício havia me tornado uma pessoa fria por ter medo de demonstrar sentimentos já que sofri muito na minha vida. Não me lembro em nada a menina doce do passado, que queria se tornar uma escritora famosa, que vivia suspirando pelos cantos em viver uma linda história de amor, e se tornar mãe também estava nos planos, porém, uma tragédia fez esse sonho ser impossível de ser realizado, afinal sonhos como este se tornaram cada vez mais distantes. Eu era uma jovem que tinha tudo. Uma mãe amorosa, que infelizmente havia se tornado um monstro nos últimos tempos, mm irmão mais velho que era superprotetor, e até pouco tempo tinha até um namorado, Matheus era seu nome e que apesar do término até hoje ele tenta me ajudar a superar meu vício pelas drogas, também tenho outro ex da época da escola, mas esse prefiro esquecer, já que me fez muito m*l. Inclusive hoje tenho um encontro com ele e parece ter uma proposta irrecusável para me oferecer, uma espécie de acordo. Confesso que não sei o que esperar. Matheus, diferente de mim, já havia conseguido conquistar todos os seus sonhos. Após terminar de me arrumar para meu encontro com Matheus. Penso antes de finalmente sair de casa. “Agora sei o que pode acontecer com quem que se torna um viciado em drogas, preciso fazer tudo diferente a partir de agora se eu quiser mudar. Minha mãe e meu irmão ainda sentirão muito orgulho de mim e quem sabe Manuel possa querer voltar a ter contato com a nossa família”. E sim, me refiro ao meu pai como Manuel, havia perdido a vontade de ter contato com ele depois de tudo que havia acontecido, sei que tenho uma certa parcela de culpa por tudo que aconteceu, porém, não consigo evitar com a raiva que sinto. Será que algum dia, poderei perdoar o meu pai por tudo que aconteceu? Espero conseguir sair desse maldito vício nas drogas e que ainda possa voltar a sonhar. Mostrar a todos que aquela linda garotinha ainda habita em mim. Estava arrependida com tudo que vem acontecendo na minha vida. Por conta desse vício acabei desenvolvendo ansiedade, algo que nunca imaginei que pudesse ter, e agora está piorando ainda mais desde que coloquei na cabeça que quero me livrar desse m*l. Hoje tive uma noite péssima, um pesadelo que me perseguia dia após dia e que parecia não ter fim. Acabei não dormindo bem, passei a noite em claro. Acabei não fazendo nada pela manhã porque estou ansiosa com o que Matheus poderia me propor, olho para o relógio que estava em meu pulso e percebo que já estava quase na hora do encontro com ele, então termino de me arrumar e finalmente saio de casa. Ele havia marcado o nosso encontro em um restaurante aqui próximo a minha casa. Após chegar ao local sigo para a recepção e anuncio a minha chegada. — Boa tarde! — Boa tarde! Em que posso ajudar? — A recepcionista do restaurante pergunta. Olho para o nome em seu crachá “Susana”. Sorrio para a recepcionista e respondo. — Susana, tenho uma reserva no nome de Matheus. — Só um momento que verificarei aqui no sistema — Susana informa digitando no teclado do computador — Obrigada por aguardar, acabei de visualizar aqui a sua reserva, me acompanhe por gentileza? — Obrigada — Susana então se levanta da cadeira da recepção para me acompanhar até a mesa que Matheus havia reservado. Ela era um pouco isolada das demais, provavelmente ele havia se preocupado com nossa privacidade, já que eu sempre fui uma pessoa bem reservada. Sento-me na cadeira e após alguns minutos o garçom vem me atender. — Boa tarde! A senhora deseja algo para comer ou beber? — Ele pergunta. — Boa tarde! No momento, quero apenas uma água, por favor, estou esperando uma pessoa. — Respondo a sua pergunta sorrindo educadamente. — Tudo bem, só um momento que já entregarei a sua água — Ele informa se retirando do local. Após alguns minutos de espera o garçom entrega a minha água e, é o tempo de Matheus chegar, ele então me cumprimenta com um beijo no rosto e fala. — Demorei muito? — Não, não demorou nada, só pedi uma água para beber. Você quer comer algo? — Pergunto. — Não quero comer nada, vou beber apenas um café — Ele responde e logo chama o garçom para poder trazer o seu pedido. ••• O meu encontro com Matheus estava sendo incrível, mas, ele ainda não havia me informado o porquê queria falar comigo, então resolvi questionar. — Matheus, preciso saber logo o motivo do nosso encontro. Não é que eu não esteja gostando, na verdade, estou amando, fazia tempo que não me divertia dessa forma. — Nossa, se você não tivesse me avisado, eu esqueceria — Ele responde sorrindo de lado com vergonha — Então, você ainda sonha em se tornar uma escritora, certo? — Claro que sim, esse sempre será o meu maior sonho — Respondo — Você lembra que por um tempo eu até consegui conquistá-lo, mas acabei jogando tudo no lixo por uma coisa b***a. Matheus, vendo como eu estava, pega em minhas mãos e beija cada uma delas, uma forma de me acalmar. — Lizz não precisa ficar desse jeito, você está tentando mudar, sair desse vício e tenho certeza que você conseguirá. — Sei Math, mas você sabe como está sendo tão complicado para mim. Tem apenas dois meses que não uso mais nada, porém, a cada dia que passa parece que tudo fica pior. Tenho medo de acabar tendo uma recaída, igual das outras vezes que tentei parar de usar drogas — Revelo todos os meus medos respirando fundo. Matheus coloca a sua mão em meu rosto e afasta um pouco dos meus cabelos que insistiam em cair na frente dos meus olhos. — Eliza, você não sabe o quão orgulhoso estou de você. Que está conseguindo se superar — Ele diz agora afagando os meus cabelos — E conseguirá ainda mais! — Como assim? O que aconteceu? — Questiono confusa com o que Matheus poderia me revelar. — Eliza consegui uma entrevista de emprego para você na Editora Monteiro, inicialmente seria como recepcionista, porém, tenho certeza que com a sua inteligência você rapidamente irá ser promovida — Ele revela o que nunca esperei ouvir. Após essa revelação, levo as minhas mãos em direção a minha boca, ficando cada vez mais surpresa. — Matheus, como assim você me revela isso dessa forma? Sabe que sempre desejei conhecer a empresa do Pedro Monteiro. Como você conseguiu isso? — Questiono depois de alguns minutos de silêncio sem acreditar. — Então, na empresa do Sr. Monteiro tem uma ex colega da faculdade, a Carla, e uma vez comentei com ela sobre um livro que pretendia lançar e ela perguntou ontem se eu conhecia alguém que estava precisando de emprego e na hora lembrei de você — Ele responde. — Amigo, eu nem sei como te agradecer essa ajuda que você está me dando. Nem sei se a mereço — Digo feliz e triste em simultâneo. Tinha a impressão que havia magoado demais Matheus por não corresponder mais ao amor que ele tinha por mim, não era que eu não sentia mais nada por ele naquela época, muito pelo contrário, eu apenas não conseguia mais retribuir aquele sentimento por conta desse maldito vício. Agora meu sentimento por ele era de amigos, mas sei que Matheus ainda sente algo por mim. Após revelar isso, Matheus pega em minhas mãos novamente. — Eliza sabe que sempre que precisar de mim, estarei aqui. Fico tão feliz em ver como você está. Feliz desse jeito — Ele fala sorrindo amorosamente para mim. — Sei, fico ainda mais feliz com a sua ajuda — Digo emocionada — Agora chega de choro. Como será essa entrevista de emprego? Preciso saber a data. Tenho que me preparar. Matheus então larga as minhas mãos e dá risada pelo que eu havia falado. — Ok, a entrevista está marcada para daqui a uma semana. Será na Editora Monteiro e pelo que a Carla me disse e o próprio Pedro que fará a entrevista com você — Matheus revela. — Mas, para trabalhar como secretária, seria para o Pedro? — Pergunto. — Sim, seria para trabalhar como secretária particular do Pedro, fazendo cópias de arquivos, marcando entrevistas e reuniões — Ele revela algumas funções que eu teria que exercer nessa nova função — Alguma dúvida? — Não, sem dúvida alguma — Digo — Nem sei o que a minha mãe vai me falar quando descobrir sobre essa vaga de emprego e, nem o meu irmão. — Lizz provavelmente eles vão amar. Você sabe como a sua mãe ficou triste por conta do seu vício de drogas e da forma que você acabou com a sua carreira — Matheus fala. — Sim, sei — Falo — Mas estou tentando mudar. Você sabe que a minha mãe não anda me tratando tão bem ultimamente, nem sei o que ela fará quando descobrir a entrevista de emprego para a empresa Monteiro. Nunca descobri o motivo dela odiar tanto essa empresa. Fico conversando mais alguns minutos com Matheus e depois desse encontro maravilhoso me despeço dele e sigo para a minha casa. Será que conseguirei superar o vício? Espero que a entrevista de emprego realmente dê certo.
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