Capítulo 02

1250 Words
Capítulo 02 Eliza Campos Após sair do encontro com Matheus trato logo de ir para a casa, porém, ao chegar ao meu destino já pude perceber de longe que minha mãe e o meu irmão, já estavam lá. Minha mãe provavelmente só estava aqui para bisbilhotar a minha vida, já que ela sempre fazia coisas assim. Assim que me aproximo de Lucas o cutuco para ele perceber que eu já havia chegado. — Lucas, o que vocês estão fazendo aqui? Eu já não disse que não precisavam mais fazer isso. Que eu sempre que posso, realizo uma faxina aqui em casa — Pergunto a Lucas, emburrada. Lucas então se vira em minha direção sorrindo alegremente. Nós sempre tivemos uma relação bem próxima, até mais do que eu e a minha mãe. Sem eu esperar qualquer reação sua, ele se lança em minha direção me abraçando bem forte. — Lizzinha, minha irmã que saudades que eu estava de você — Ele fala me chamando por um apelido que usa desde quando éramos crianças. — Lucas já disse que não é mais para me chamar assim. Você sabe que odeio esse apelido — Digo me afastando dele e tentando conter o sorriso que queria se formar em meu rosto, sei que Lucas me chama dessa forma sendo carinhoso comigo, finjo que não gosto, mas amo meu irmão demais. — Você sabe que sempre que possível irei te chamar assim — Ele diz para logo olhar desconfiado em minha direção — Onde você estava? Lucas havia perdido um pouco a confiança em mim, porém, não o culpo, havia magoado muitas pessoas desde que me viciei nas drogas. Não sei se a minha família acredita que possa superar esse vício. — Estava com o Matheus — Trato logo de responder e pude perceber que Lucas parecia aliviado com a minha resposta. Meu irmão adora Matheus e sabe que ele fez o impossível para me ajudar e até hoje torce para eu reatar o meu namoro com ele. — Lizz, está realmente me falando a verdade, certo? — Lucas questiona novamente. A forma que Lucas falava comigo me deixava angustiada. Não queria ser responsável por todos esses problemas que estavam acontecendo em nossa família. — Lucas, pode ficar tranquilo, não use drogas se for isso que estava pensando — Respondo — O Matheus me chamou porque disse ter uma proposta de emprego para mim e que provavelmente entre hoje ou amanhã vão entrar em contato para marcar a entrevista. Após responder isso pude perceber Lucas ficar com os olhos marejados, ele provavelmente não estava esperando essa novidade. Então ele se aproxima novamente de mim e de surpresa me abraça bem firme como se quisesse ter certeza que aquilo não era mais um sonho, retribuo aquele abraço sem conseguir segurar as lágrimas. O nosso abraço durou mais alguns minutos até uma certa pessoa nos interromper. — Gente, aconteceu algo? — minha mãe questiona, provavelmente estranhando o nosso abraço. Após minha mãe aparecer ali trato logo de desvencilhar do braço que estava dando em Lucas. Não queria que as pessoas vissem tendo “sentimentos” por alguém. Havia me fechado naquele casulo que era somente meu. — Ola! Mãe, nada aconteceu — Ele responde e logo acrescenta — Apenas a Lizz estava me dando uma notícia maravilhosa. — Posso saber que notícia maravilhosa seria essa, para ser o suficiente para vocês estarem abraçados dessa forma? — Minha mãe perguntou, pelo seu tom de voz, como se não estivesse acreditando que algo bom poderia ter acontecido comigo. Desde o meu vício de drogas ela me trata dessa forma, como se tudo que eu fizesse fosse motivo para ser “errado”, o que não era bem uma mentira, porém, mesmo que eu tentasse fazer o certo, era daquela maneira que ela me tratava, para ela eu era sempre a ovelha n***a da família. Antes que eu pudesse falar algo, Lucas responde no meu lugar. — Mãe, a Lizz disse que conseguiu uma entrevista de emprego e está apenas esperando alguém da empresa entrar em contato para marcar o dia e o horário. Minha mãe então olha em minha direção. — Por essa eu não esperava — Ela fala como se não acreditasse no que eu estava falando — E é para trabalhar aonde? — Na Empresa Montero — Respondo já prevendo qual reação minha mãe poderia ter ao escutar esse nome novamente — E antes que você diga algo, será sim esta vaga de emprego… Você pode reclamar o tanto que quiser. Após responder isso, minha mãe respira profundamente. — Eliza não adianta mesmo eu avisar que não te quero próximo aquela empresa — Ela fala. — Mãe, me explica o porquê não gosta de quando cito o nome dessa empresa, me faz entender isso, por favor — Exijo que ela me responda, estava novamente perdendo a paciência. Minha mãe mantinha uma distância segura de mim, até que do nada ela se aproxima lentamente e aponta o seu dedo em meu rosto. — Eliza não admito que fale comigo dessa forma. Você não precisa saber de tudo. Não quero que se aproxime mais daquela empresa e ponto final — Ela diz. Mesmo que pudesse perceber que ela estava realmente brava, não me deixei abalar pela forma que ela estava me tratando naquele momento. Então apenas sorri debochada e falo com o meu típico tom de deboche. — A senhora realmente acredita que farei o que tanta deseja? Você não manda mais em mim, sou maior de idade e dona do meu nariz — Respiro profundamente antes de continuar falando o que pensava de tudo aquilo — Não era mais fácil a senhora ficar feliz porque finalmente a sua filha “drogada”, como você vive me chamando, arrumou algo para fazer? — Você pode arrumar emprego em qualquer lugar, até se tornar uma garota de programa. Não quero você se aproximando daquela maldita empresa… Esteja avisada — Após minha mãe falar isso ela se afasta de mim e se vira para Lucas — Vamos embora meu querido, está quase na hora do Luiz chegar em casa. Luiz é o novo namorado dela. — Só para você ficar ciente, estou aguardando o contato da empresa hoje mesmo, a entrevista provavelmente irá ocorrer o mais tardar possível — Acrescento e logo em seguida minha mãe vai embora emburrada com meu irmão ao seu lado, provavelmente envergonhado pela forma que ela me tratava. Depois desse diálogo esclarecedor com ela me despeço do meu irmão e entro em casa, já que não aguentava mais fica próximo daquela mulher que ainda insisto em me referir como minha mãe. Após me aborrecer com tudo isso, me jogo em cima do meu pequeno sofá e tenta me recordar quando ela começou a tratar-me desse jeito, acredito que tenha sido antes mesmo de me viciar em drogas. Provavelmente ela me culpa pela crise no casamento dela com o meu pai, eles já estavam se separando e o meu problema apenas foi a gota da água. Quando menos percebo estou com os olhos cheios de lágrimas da qual eu limpo rapidamente, não gosto mais de demonstrar sentimentos, porém, era algo que não poderia evitar, afinal sou um ser humano. Como queria poder mudar logo a minha vida para que todos possam voltar a ter orgulho de mim novamente, e pensando nessas coisas que caio no sono e um milagre acontece, finalmente consegui dormir sem ter insônia. Seria algum aviso de que algo mágico pudesse acontecer?
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