O café da manhã estava uma delícia, dessa vez Ava caprichou. Ouvi passos e logo meu enteado se juntava a mim, ele estava animado, encheu um copo de suco e finalmente me encarou.
- Bom dia, Hannah. Pronta para o nosso dia? – perguntou sorrindo enquanto servia-se de uma torrada.
- Aron, acho melhor que eu fique pr... – comecei, tentando convencê-lo de desistir de me levar, mas ele me interrompeu.
- Negativo, quero que acompanhe, você já passou muito tempo trancada aqui, querida madrasta – sorriu pervertido nos lábios.
Mordi o canto da boca. Porque ele tinha que sorrir assim e porque raios eu tinha que ficar lembrando-me daquele sonho.
- Tá, mas por favor, não vamos demorar – pedi. Afastei minha xicara de café já vazia e levantei-me dando-lhe as costas, mas antes que eu pudesse sair dali e me esconder até a hora de nossa saída, Aron puxou-me de volta fazendo com que meu corpo batesse no seu. Encarei seus belos olhos azuis e tive que me esforçar para respirar normalmente.
- Saímos em dez minutos, fique linda – seus lábios estavam a poucos centímetros do meu. Aquilo era tentador demais. Aron beijou meu rosto demoradamente, senti meu corpo flutuar.
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Eu o observava da porta da última loja em que entramos aquele dia, Aron estava pagando algumas coisas que compramos e os meus olhos passeavam por todo o seu corpo, ele era simplesmente perfeito tanto de frente como de costas. Eu certamente tinha que parar de pensar nisso ou eu ficaria louca. Eu estava tão absorta em pensamentos que nem sequer percebi que Aron havia se aproximado. Quando percebi, uma de suas mãos estava apertando minha cintura. Olhei feio, mas ele não se afastou, o que fez foi aproximar seus lábios de meu ouvido.
- Você está linda parada desse jeito – sussurrou e eu estremeci. – Agora vamos antes que eu perca o pouco de sanidade que ainda me sobrou e te agarre aqui mesmo – o encarei incrédula e surpresa ao mesmo tempo.
- Você não deveria estar me dizendo essas coisas, eu sou sua madrasta – disse tentando manter meu corpo em pé.
- Deveria sim – Aron sorriu maliciosamente, olhando-me de cima a baixo. – Agora vamos, lembre-se de que temos que convidar meus amigos.
Aron beijou-me o rosto e começou a caminhar me deixando para trás, totalmente surpresa e envergonhada.
- O jantar estava uma delicia, Ava – elogiei a moça morena de vinte e poucos anos em minha frente, ela sorriu levemente dizendo um “obrigada” e se retirou. Sentei-me no sofá, decidida a assistir algum filme bom. Cora já havia ido se deitar, a casa estava silenciosa a não ser pelo barulho da TV ligada; O filme era interessante, mas meus pensamentos estavam em outro lugar, precisamente nele. Meu enteado.
Por que ele havia dito aquilo mais cedo? O que ele pretendia com tudo aquilo? me deixar louca de desejo por ele? Pois se era essa sua intenção parabéns estava conseguindo. E aquele sonho deixou-me ainda mais curiosa. Peguei-me imaginado suas mãos tocando-me, sua boca arrancando-me suspiros e gemidos altos e arrastados, imaginei como seria aquele corpo grande forte e suado sobre o meu movimentando-se cada vez mais rápido. Deus!
Aquela sala já estava quente demais, desliguei a TV e fui para o meu quarto, precisava urgentemente de um banho e frio de preferência. Era só o que me faltava me apaixonar pelo meu enteado.
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Todo aquele barulho estava me incomodando, já fazia duas ou três horas que aquela “festinha” havia começado. Aron havia convidado gente demais para uma simples festa casual de reencontro com os amigos, sem contar a garota que estava pendurada no pescoço dele e ainda por cima beijando o pescoço que EU deveria estar beijando. Mas que droga é essa que eu estou pensando?
Levantei do sofá de onde eu estava sentada e andei até a escada, discretamente, subindo os degraus o mais rápido que pude.
O andar de cima estava silencioso, agradeci mentalmente por isso, e agradeci ainda mais quando avistei a porta de meu quarto. Apressei os passos chegando rapidamente até ele, mas não foi rápido o suficiente para que ninguém me alcançasse. Pensei em gritar, mas minha garganta se fechou impedindo-me, braços envolveram minha cintura levando-me para dentro do quarto. Ouvi o estrondo da porta ao se fechar e no segundo seguinte meu corpo ser chocado contra esta fazendo-me encarar quem era a segunda pessoa no quarto e para a minha surpresa – ou não – Aron estava ali, com os olhos fixos em meus lábios, suas mãos apoiadas na porta em cada lado do meu corpo, me prendendo. Ele se aproximou e sua respiração um pouco ofegante bateu em meu rosto. Eu havia perdido o dom da fala, mas ele aparentemente não.
- A festa não está boa o suficiente pra você, Hannah? – ele soprou contra meus lábios. E eu continuei imóvel sem saber o que fazer. – Acho que podemos fazer uma particular – engoli em seco quando ele abriu um de seus sorrisos maliciosos. – O que acha, querida madrasta? – Aron se aproximou mais, até que seus lábios tocaram os meus iniciando um beijo intenso e feroz assim que cedi passagem para sua língua quente. Suas mãos apertavam minhas coxas por cima do tecido da calça jeans que eu usava. Seus lábios foram descendo em direção aos meus s***s e um gemido arrastado escapou, fechei os olhos e logo os abri outra vez. Aron voltou seu rosto para perto do meu e me olhou nos olhos. Minhas mãos continuavam congeladas próximas ao meu corpo.
- O gosto dos seus lábios são melhores, do que imaginei – ele disse baixinho acariciando minha bochecha com uma das mãos. – Você é muito mais bonita olhando assim mais de perto, sorte do meu querido pai, que descanse em paz – ele continuou falando baixo, apertando seu outro braço em volta de minha cintura, prendi a respiração quando o vi se aproximar de novo. – Eu quero você, Hannah. – Aron disse firme. Franzi a testa confusa e surpresa. Por mais que eu o quisesse também, eu não podia deixar-me levar assim tão facilmente.
- Não – finalmente consegui recuperar minha voz assim como os movimentos do meu corpo e o empurrei. – Saia do meu quarto Aron – pedi abrindo a porta. Ele mordeu o lábio tentando conter o riso e deu passos lentos e firmes em minha direção parando em minha frente.
- Sabe... Eu não tenho pressa de esperar pelo o que eu quero e muito menos desisto tão fácil assim – ele sorriu sacana tocando meu queixo com os dedos, saindo logo em seguida.
Fechei a porta – lê-se bati – e escorreguei até chegar ao chão.
- Oh. Meu. Deus – eu sussurrei totalmente atônita com tudo o que aconteceu. Toquei meus lábios com as pontas dos dedos trêmulos. Se eu disser que foi r**m estarei mentindo descaradamente, porque foi bom demais. Suspirei.
Agora sim estava tudo perdido, eu estava apaixonada acreditem ou não. Eu não poderia cumprir a promessa que fiz a Billy, eu não poderia cuidar de Aron estando apaixonada por ele. Eu precisava sair daquela casa o mais rápido possível, antes que tudo se complicasse ainda mais. Arrastei-me até a cama e não demorou muito até que eu pegasse no sono.
Acordei no dia seguinte com uma preguiça enorme, espreguicei-me e me sentei na cama e quase tive ataque cárdia quando vi Aron sentando na beirada com uma bandeja de café linda próxima a ele.
- Bom dia – ele disse com um sorriso enorme, e lindo diga-se de passagem, nos lábios. – Dormiu bem? Espero que sim. Porque eu dormi muito bem, com o gosto dos seus lábios nos meus.
- Aron, vamos esclarecer algumas coisas aqui, certo? – eu disse firme e seca e o vi assentir ainda sorrindo. – Eu sou sua madrasta e isso não irá mudar – eu olhava fixamente em seus olhos para que ele entendesse. – E eu não quero que o que aconteceu ontem volte a se repetir, prometi a seu pai que cuidaria de você, mas pude ver que não precisa de mim para isso. E a única coisa que eu peço é que nunca mais volte a me beijar – finalizei com a expressão mais seria do que antes.
Aron riu balançando a cabeça negativamente, levantou-se com os olhos fixos nos meus.
- Que fique bem claro que não vou desistir até que você seja minha – ele disse com aquele maldito sorriso nos lábios. E antes que eu pudesse responder ele já havia saído do quarto deixando a bandeja de café da manhã, o que eu resolvi ignorar. Por todo o dia não vi Aron, o que foi bom. Claro que as provocações, as insinuações e as palavras de duplo sentido continuaram e eu honestamente não aguentava mais aquilo tudo, tinha que dar um jeito antes que algo pior acontecesse. Por exemplo, eu acabar cedendo a tentação que era Aron Jones.